sábado, 31 de dezembro de 2005
O fogo e a infâmia
quarta-feira, 28 de dezembro de 2005
A quem interessa a discussão estéril?
quarta-feira, 14 de dezembro de 2005
Revolta
«…A palavra que ordene a confusão Que neste remoinho se teceu?»
engano, Criminal, equivoco, Crianças, dor,
terça-feira, 13 de dezembro de 2005
O assassino não perdoou!
Stanley demonstrou um profundo arrependimento por se ter envolvido nas actividades de gangs, mas reiterou sempre a sua inocência nas mortes por que foi acusado. No seu julgamento constatou-se que contribuiram para a condenação os testemunhos de indivíduos cadastrados, ou com acusações pendentes, o que motivou o próprio Tribunal de Recursos a declarar, em 2002, que estes poderiam ser facilmente incentivados a mentir, em busca de um qualquer perdão ou atenuante para os seus casos.
No entanto, o Supremo Tribunal recusou o apelo de Tookie para que se investigassem eventuais motivações racistas e discriminação no seu caso. Por exemplo, o Acusador do Ministério Público retirou três jurados Afro-Americanos do júri. Nas alegações finais, comparou Stanley durante o julgamento a um tigre de Bengala e declarou que a comunidade negra de South Central Los Angeles era o equivalente ao habitat natural de um Tigre de Bengala. Este acusador já foi censurado duas vezes pelo Supremo Tribunal da Califórnia por comportamento semelhante.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2005
Cruzada de Revelações
segunda-feira, 5 de dezembro de 2005
No silêncio dos olhos
José Saramago
Os Poemas PossíveisLisboa, Caminho, 1999
A luta continua!
Mesmo reconhecendo que a produtividade tem sido excepcional, os ditadores, cientes de que se encontram numa república dirigida por bananas, ameaçam com a deslocalização da empresa se os trabalhadores persistirem na luta por melhores salários.
Porquê? Porque para os novos senhores feudais não basta um desempenho laboral excelente. Precisam de fazer sangue, de reduzir a cinzas direitos conquistados ao longo de décadas. Anseiam por domesticar os que trabalham, pagando-lhes cada vez menos. Se existisse um governo honrado e não esta miscelânea de invertebrados, os senhores levariam um pontapé no rabo imundo.
Se existisse uma comunicação social livre, a pedagogia da liberdade, da soberania nacional e da dignidade de quem trabalha, sobrepor-se-ia ao coro panegírico dos empresários que há-de chegar.
Assim, resta a luta. Que seguramente fará reforçar a consciência social de muitos que, trabalhando na Autoeuropa, se deixaram embalar pelo cântico prestidigitador dos que apontavam à dita administração um traço de modernidade.
A luta continua!
quarta-feira, 30 de novembro de 2005
Ao Sérgio e às suas utopias
NO CAMINHO DA UTOPIA
A utopia está lá no horizonte.
Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
Eduardo Galeano
sábado, 26 de novembro de 2005
sexta-feira, 25 de novembro de 2005
OBRIGADO DR. PEDRO!
quinta-feira, 24 de novembro de 2005
terça-feira, 15 de novembro de 2005
A FÁBRICA
Ao meio-dia, homens e mulheres de bata azul, sentavam-se nas pedras gastas, levantando testos de minúsculos tachos reluzentes! Falavam baixo, desconfiados ou talvez tristes! Nos pés, socos de madeira, tornando visíveis as gretas de uma pele dura!
Fabricavam brinquedos. Brinquedos que os filhos dos trabalhadores, nunca puderam ter! Cresci a ver os trabalhadores envelhecer!
Numa véspera de Natal, gritos e gemidos, perturbaram azafama das compras para o sapatinho. Na grande porta verde, um papel vaticinando um triste Natal: “FECHADO”! Duzentos trabalhadores parados! Não receberam ordenado!
Horas depois, o som estridente de uma ambulância, levaria um trabalhador já sem vida! O coração parou, quando as máquinas da fábrica desligaram!
Da minha janela, via homens e mulheres de batas azuis, correndo para mais um dia de trabalho! Hoje, metade da Fábrica é um esqueleto de tijolos e pedras gastas, caindo diariamente. A outra metade, um condomínio de luxo! Passaram-se décadas. Soube que os trabalhadores nunca receberam dinheiro, nem subsídios, nem trabalho! Da maior Fábrica de brinquedos do país!
O Patrão, tem cavalos, carros e vivendas! Colecciona arte sacra e relógios do sec. XVIII !
Ao domingo, vai à missa do meio-dia, pedir para que Deus o continue ajudar!
GUIDA RODRIGUES
A consulta
Manhã, sol radioso. Uma brisa quente envolve-nos o corpo!
Entrou na sala de espera onde, dezenas de pessoas com caras aborrecidas e sonolentas, esperavam a consulta. Sentou-se! Um estranho sentimento de raiva, invadiu-a! Calmamente tirou o livro do saco. Abriu o livro, pouco importava em que página o fazia! Com um olhar distante, avistou longos corredores, enfermeiras sorridentes, médicos cumprimentando colegas, um rouco altifalante, trouxe-a novamente à leitura.
Atrás de si, uma mulher contava o seu infortúnio; “…sim, foi logo após ter tirado o peito… pobre, do meu marido! Não aguentou o desgosto e separou-se…” Pouco ou nada ouvira da história, mas irritara-a! Complacência em demasia, fere! Mulheres contrapunham a tese da senhora. Pouco importava! Abriu novamente o livro. Na única cadeira vaga, uma jovem grávida senta-se. Alta, tez morena, despreocupada e alegre. Uma futura mãe, muito jovem! “É só uma consulta de rotina. Consideram-me de risco, por causa da mama. Qual mama (rindo) essa há muito que me arrancaram! Mas agora estou grávida e tudo está bem. Eu estou feliz”!
Levantou-se. Estes apartes começavam a enervá-la! Tardava a nefasta consulta!
O altifalante quase imperceptível, balbuciou o seu nome. Entrou na sala da consulta de grupo.
Numa mesa redonda, muitos papéis. Cartas, radiografias. Reconhece-os, eram seus!
Cinco, talvez seis médicos calmos e sorridentes solicitam que se sente. Falam, gesticulam! Deixa de os ouvir! Sente que está a ser puxada para dentro da pequena cadeira! Não consegue ver a sala! O seu olhar percorre rapidamente o nada! O chão mexe! Não consegue destrinçar as vozes! O seu corpo está preso! Uma surdez impede-a de reflectir! Está confusa! A pressão sentida no interior da sua cabeça, é insuportável!
Levanta-se! Corre até ao táxi mais próximo! “Por favor vá, não pare, vá em frente” O taxista, segue a sua marcha, espreitando com um triste olhar, pelo retrovisor! Um choro compulsivo e silencioso, quase a sufoca! Chorou! Chorou de raiva, medo, desgosto, chorou por não ter ouvido o diagnóstico! Sem que nada tenha dito, o taxista ao fim de uma hora, deixa-a novamente à porta do Instituto! Esboça-lhe um sorriso, quase solidário!
Entra, lava a cara, decidida, bate levemente na porta da consulta de grupo!
Senta-se calmamente com um sorriso nos lábios, ouve o diagnóstico dos médicos!
O cancro mata, anualmente 1 500 mulheres em Portugal. Todos os anos surgem mais de 5000 novos casos de cancro da mama no nosso país. Mais de 90% são tratáveis quando o diagnóstico é feito atempadamente.
Guida Rodrigues
sexta-feira, 11 de novembro de 2005
Vale a pena lutar!
Dos quatro até aos doze anos, foi violada pelo pai!
Aos dezassete anos, no decorrer do processo Casa Pia,
Conheci-a há dias! Tem 20 anos, um filho de dois anos!
Valeu a pena ter acreditado, nas vítimas da Casa Pia.
VALE A PENA LUTAR!
GR 10/11/05 23:59
quinta-feira, 10 de novembro de 2005
Recordando Anna C. Salter
"Nunca encontraremos um abusador de menores que não seja um mentiroso experiente, mesmo que a sua arte não seja nata.
“(...) o silêncio é a alma das agressões sexuais. (...) os criminosos sexuais conseguem agir impunemente durante décadas, talvez mesmo durante toda a vida; (...) conseguem enganar todo o tipo de pessoas, em todo o tipo de lugares; "
"As investigações têm relatado prontamente a frequência com que os crimes de natureza sexual ocorrem nos Estados Unidos. Nós é que não lhe temos prestado a atenção devida. Investigações realizadas desde 1929 documentam taxas de abuso sexual de crianças do sexo feminino situadas entre os 24 e 37 por cento. Os estudos relativos ao sexo masculino são mais raros, mas os poucos que existem apresentam taxas alarmantes, alguns entre os 27 e 30 por cento."
"Aquilo que parece mais espantoso é que estes estudos apresentavam provas daquilo que à época era considerado abuso sexual e ninguém lhes prestou atenção."
"O Dr. Gene Abel, juntamente com um grupo de colegas, conduziram uma série de estudos sobre delitos sexuais em finais da década de 80, em que era pedido aos criminosos que, de forma voluntária, dissessem quantos crimes sexuais tinham praticado no total. Os resultados deixaram os profissionais da comunidade estupefactos. Duzentos e trinta e dois molestadores de menores admitiram terem tentado praticar mais de 55 mil actos de abuso sexual; alegaram terem sido bem sucedidos em 38 mil destes incidentes que abrangiam um total de 17 mil vítimas. Tudo isto vindo de apenas 232 indivíduos. Os molestadores de crianças de sexo feminino que não viviam com eles contavam uma média de vinte vítimas cada. Embora fossem em número mais reduzido, aqueles que abusavam de crianças do sexo masculino que não habitavam na mesma casa eram ainda mais activos, com cerca de 150 vítimas cada."
"Não obstante estes números impressionantes, a maioria destes criminosos nunca foi denunciada. Na verdade, Abel calculou que as possibilidades de um criminoso sexual ser apanhado era de três por cento. Ao que parece, o crime compensa, e o crime sexual parece compensar particularmente bem. O que me parece verdadeiramente assustador é que os criminosos já tinham sido anteriormente denunciados por crianças, e as denúncias haviam sido ignoradas."
"Ignorar uma revelação válida pode ter consequências desastrosas. No mínimo, aumenta a confiança do criminoso na sua capacidade de passar impune. Frequentemente, constitui uma permissão para voltar a atacar a mesma criança."
"Estou nesta área há demasiado tempo para acreditar que, só porque o indivíduo é culpado e só porque alguém descobriu a verdade, isto automaticamente significa que ele vai ser responsabilizado."
"Quer se trate de mulheres ou de homens, os criminosos sexuais são difíceis de detectar. O seu interesse pelas crianças pode ser obsessivo, todavia está quase sempre bem oculto."
"Apenas cerca de 5 por cento dos violadores chegam a ser detidos e ainda menos cumprem uma pena significativa. Em 1991, ocorreram aproximadamente cerca de 700 000 violações de mulheres adultas nos USA, segundo um inquérito dirigido à população em geral acerca da sua experiência em ataques de cariz sexual. As violações de adultos constituem somente cerca de um terço das violações perpetradas todos os anos nos EUA. Ainda que o violador seja apanhado, leva tempo até que estes casos sejam julgados – tempo para que os crimes sejam investigados e para que o processo seja enviado a tribunal. Consequentemente, podemos verificar o seguimento destes casos olhando para o ano de 1992 e não para o de 1991, quando os crimes foram perpetrados. Em 1992, um total de 120 000 crimes de natureza sexual foram comunicados à policia. Dentre estes, o número de criminosos que foram efectivamente acusados, julgados e condenados e que depois passaram pelo menos um ano detidos foi de 7 500, ou seja, menos de 0,5 por cento do número real de casos de mulheres violadas comunicados aos investigadores."
quarta-feira, 9 de novembro de 2005
A alegada TSF
terça-feira, 8 de novembro de 2005
Bem prega Frei Sócrates...
Da caixa de correio:
Antes de impor os generalizados sacrifícios e cortes à função pública, José Sócrates anunciou e garantiu que, como exemplo, os políticos seriam os primeiros a prescindir dos seus regimes de privilégios injustificados. Para isso, e porque «os sacrifícios teriam de ser distribuídos por todos» como assegurou, iria ser revista a lei das subvenções dos políticos. Uma lei que, há mais de duas décadas, permite que seja contado a dobrar o tempo em funções dos políticos para efeitos de reforma, que lhes seja atribuído um invejável subsídio de reintegração ou que se reformem antecipadamente muito antes dos 65, dos 60 ou até dos 50 anos. O fim destes privilégios iria abranger, de imediato, mais de um milhar de autarcas (presidentes de câmara e vereadores executivos) e algumas dezenas de deputados, entre outros políticos.
Quando o Parlamento reabriu, a 15 de Setembro, Sócrates fez questão que a aprovação final da nova lei fosse votada de imediato, para afastar dúvidas e suspeições. E foi. Só que, em vez de seguir para promulgação em Belém, ficou a aboborar nos gabinetes do Parlamento e na secretária do socialista Osvaldo Castro. Só foi enviada a Jorge Sampaio a 4 de Outubro e contendo uma disposição que estipula que «a presente lei entra em vigor no primeiro dia do mês seguinte ao da sua publicação». Ou seja, estava garantido que os autarcas reeleitos a 9 de Outubro podiam dormir descansados. A nova lei só teria efeitos a partir de 1 de Novembro. Os vinte dias que o Parlamento e o PS retiveram a lei, antes de a enviar para a Presidência, tinham sido cirurgicamente providenciais.
Sampaio promulgou a lei com rapidez, em dois dias, e enviou-a para publicação em «Diário da República», onde viu a luz do dia na manhã seguinte às eleições autárquicas. Mas já era tarde para ter efeitos imediatos. Ainda assim e porque as leis entram em vigor cinco dias após a sua publicação (não fosse a disposição que, neste caso, remete para 1 de Novembro), muitos autarcas recearam que ela passasse a vigorar logo no dia 15 de Outubro. E, à cautela, num movimento inédito logo na primeira semana pós-eleições, muitos foram os concelhos e os autarcas que se apressaram a antecipar as tomadas de posse. Não fosse o diabo tecê-las.
Em conclusão:
No momento em que restringem direitos a vários sectores da Função Pública, em que extinguem subsistemas de saúde mais favoráveis, em que aumentam a idade para efeito de reforma, em que congelam salários e progressões nas carreiras - nesse mesmo momento, José Sócrates e o PS permitem que as regalias e regimes especiais da classe política se prolonguem até 2009 e abranjam mais umas larguíssimas centenas de políticos no activo.
Com que cara e com que moralidade pode o primeiro-ministro, o PS e os deputados ( que foram cúmplices nesta artimanha processual em proveito próprio) encarar os funcionários públicos em greve? Ou exigir que a generalidade dos funcionários públicos compreenda as dificuldades e aceite os sacrifícios? Não sobrará, no meio de tudo isto, um mínimo de vergonha?”
quinta-feira, 3 de novembro de 2005
OLIVÉRIO UM HOMEM SOLIDÁRIO!
Em 1997, Olivério vai viver para o Brasil, dedicando-se a divulgar a situação do seu país e a luta das FARC –EP. Em 2001, organiza o “I Encontro Internacional para a Paz na Colômbia” realizado em El Salvador.
No dia 24 de Agosto 2005, foi preso pela Polícia Federal brasileira, apoiados por agentes colombianos e a Interpol. A prisão foi decretada pelo Supremo Tribunal Federal em resposta a um pedido de extradição do governo colombiano para adoptar medidas de investigação, a um suposto crime cometido em 1991. Trata-se de tribunais especiais, baseados num decreto que define como terrorismo, entre outras coisas, a greve em sectores estratégicos, sujeita a vários anos de prisão.
A justiça colombiana faz parte da estrutura do terrorismo de Estado. São inúmeros os massacres de camponeses pelo exército ou pelos paramilitares. Mais de 3 milhões de camponeses foram despojados violentamente de suas terras. Quatro mil líderes sindicais foram assassinados entre 1982 e 2004. Repetem, agora, outras acções anteriores, com o mesmo objectivo: capturar num país estrangeiro um quadro destacado das FARC-EP, levá-lo para a Colômbia e entrega-lo depois aos EUA.
Nunca o padre Olivério violou as leis brasileiras; tem visto de residência permanente no Brasil e é pai de uma criança brasileira. A entrega de Olivério ao governo colombiano será um risco para sua integridade física e para sua própria vida, e colocaria o Brasil numa posição contra os direitos humanos.
URBANO TAVARES RODRIGUES, escreveu uma carta ao seu amigo e camarada Olivério Medina! Uma belíssima prova de solidariedade, amizade e confiança!
http://www.resistir.info/mur/oliverio_medina.html
Que mais se pode dizer? Lula da Silva, tenha vergonha!
Guida Rodrigues
3/11/05 00:19
quarta-feira, 2 de novembro de 2005
TODO APOIO A OLIVERIO MEDINA
terça-feira, 1 de novembro de 2005
segunda-feira, 31 de outubro de 2005
Sobre a Luta no Sector da Justiça
Nota do Gabinete de Imprensa do PCP 27 de Outubro de 2005
1. A dimensão da luta nestes dias travada pelos profissionais do sector da Justiça, em defesa dos seus direitos, pela dignificação do seu estatuto, constitui o mais cabal desmentido à campanha demagógica, populista e mistificatória do Governo contra os magistrados e outros profissionais que trabalham nesta área.
2. Tratou-se efectivamente de uma intensa campanha destinada a esconder dos trabalhadores e dos cidadãos em geral uma verdade que o tempo e os factos se encarregarão de confirmar: para lá da defesa de direitos próprios, subjacente à luta dos magistrados e dos profissionais deste sector esteve e está o objectivo e a exigência da concretização, que já tarda, de efectivas melhorias do funcionamento do sistema judicial, de uma melhor justiça para os portugueses.
3. Ao invés de atacar os problemas de fundo que afectam a Justiça, o Governo aposta claramente no debilitamento e na divisão do movimento associativo do sector, para também dessa forma mais facilmente controlar o poder judicial.
4. O profundo descontentamento existente, fruto da constante degradação e precariedade das condições de trabalho e da administração da Justiça aos cidadãos, está bem patente na resposta maciça e na unidade verificada, inédita, por parte de sectores profissionais muito diferenciados e das suas organizações representativas.
5. A unidade e determinação demonstradas nestes dias constituem um sério aviso ao Governo Sócrates e ao seu ministro da Justiça, de que a arrogância e a imposição de soluções, ao contrário da via do diálogo e da negociação, não são o caminho para a resolução dos problemas e muito menos para a estabilidade dos Tribunais e do poder judicial, pilar do regime democrático que deve a todo o custo ser preservado.
6. O PCP reafirma a sua total solidariedade com todos os sectores da Justiça em luta pelos justos e superiores objectivos da defesa da independência do poder judicial contra a continuada estratégia de ingerência e governamentalização de que é alvo.Manifesta igualmente a sua determinação em contribuir, como sempre tem feito, para que a administração da Justiça se realize em condições de maior dignidade e igualdade para quem a serve e para o povo, a quem se destina.
quinta-feira, 27 de outubro de 2005
Obrigado!
Duro rosto, claro olhar,
Que cerra os dentes e a boca
Como quem não quer falar?
- Esse é o Jaime Rebelo,
Pescador, homem do mar,
Se quisesse abrir a boca,
Tinha muito que contar
Ora ouvireis, camaradas,
Uma história de pasmar.
Passava já de ano e dia
E outro vinha de passar,
E o Rebelo não cansava
De dar guerra ao Salazar.
De dia tinha o mar alto,
De noite, luta bravia,
Pois só ama a Liberdade,
Quem dá guerra à tirania.
Passava já de ano e dia...
Mas um dia, por traição,
Caiu nas mãos dos esbirros
E foi levado à prisão.
Algemas de aço nos pulsos,
Vá de insultos ao entrar,
Palavra puxa palavra,
Começaram de falar
- Quanto sabes, seja a bem,
Seja a mal, hás de contá-lo,
- Não sou traidor, nem perjuro;
Sou homem de fé: não falo!
- Fala: ou terás o degredo,
Ou morte a fio de espada.
- Mais vale morrer com honra,
Do que vida deshonrada!
- A ver se falas ou não,
Quando posto na tortura.
- Que importam duros tormentos,
Quando a vontade é mais dura?!
Geme o peso atado ao potro
Já tinha o corpo a sangrar,
Já tinha os membros torcidos
E os tormentos a apertar,
Então o Jaime Rebelo,
Louco de dor, a arquejar,
Juntou as últimas forças
Para não ter que falar.
- Antes que fale emudeça!
- Pôs-se a gritar com voz rouca,
E, cerce, duma dentada,
Cortou a língua na boca.
A turba vil dos esbirros
Ficou na frente, assombrada,
Já da boca não saia
Mais que espuma ensanguentada!
Salazar, cuidas que o Povo
Te suporta, quando cala?
Ninguém te condena mais
Que aquela boca sem fala!
Fantasma da sua dor,
Ainda hoje custa a vê-lo;
A angústia daquelas horas
Não deixa o Jaime Rebelo.
Pescador que se fez homem
Ao vento livre do Mar,
Traz sempre aquela visão
Na sombra dura do olhar,
Sempre de boca apertada,
Como quem não quer falar."
Jaime Cortesão - Romance do Homem da Boca Fechada
Retirado do blogue http://thita.blogspot.com/ .
Por mim, militante do PCP há 22 anos, muito obrigado.
terça-feira, 25 de outubro de 2005
Quando vieres
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala...
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o seu cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.
Quando vieres
Só não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.
Quando vieres
Nenhum de nós dirá nada
Mas a mãe largará o bordado
O pai largará o jornal
As crianças os brinquedos
E abriremos para ti os nossos corações.
Pois quando vieres,
Não és só tu que vens
É todo um mundo novo que despontará lá fora
Quando vieres.
segunda-feira, 24 de outubro de 2005
Com comentários
domingo, 23 de outubro de 2005
Fascismo nunca mais!
Um dos traços mais repulsivos da empreitada que alguns desenvolvem para reescrever a História, consiste na destruição de tudo quanto possa questionar as mentiras que apregoam. Até agora, quem fosse a Peniche desarmado do conhecimento do que foi aquele antro de tortura e sofrimento para quantos ousaram combater o fascismo, podia convencer-se de que nada de grave por lá havia acontecido, tal o desprezo a que tem estado votado o espaço.
segunda-feira, 17 de outubro de 2005
A pantomina
sexta-feira, 14 de outubro de 2005
O MUNDO DE HOJE
- Na evolução da sociedade, a revolução russa de 1917, sob a direcção de Lénine e do partido dos bolcheviques, fica marcada, em milénios de história, como a primeira e única a estabelecer o poder político das classes anteriormente exploradas e a empreender com êxito a gigantesca tarefa de construir uma sociedade sem exploradores nem explorados.
- A construção do socialismo na União Soviética teve profundas repercussões em toda a situação mundial. Vencendo bloqueios, intervenções, agressões militares e a invasão, a guerra e os monstruosos crimes dos exércitos hitlerianos, a revolução russa de 1917 repercutiu-se em todo o planeta. Outras revoluções socialistas vitoriosas tiveram lugar. Numerosos povos secularmente subjugados conquistaram a independência. Ruiu o sistema colonial. Criaram-se influentes partidos comunistas em todo o mundo. E, inspirados pelo exemplo da revolução russa, os trabalhadores em países capitalistas conquistaram importantes direitos.
- Com o seu poderio, alcançado pela construção do socialismo, a União Soviética alterou a correlação das forças mundiais, manteve em respeito durante décadas o imperialismo, tornando a competição entre os dois sistemas um elemento dominante na situação mundial.
- Uma falsa avaliação da situação criou porém nas forças revolucionárias uma ilusão: que era irreversível o avanço revolucionário e o processo em curso de libertação da humanidade. Para essa ilusão não se tiveram em conta três realidades. A primeira: a capacidade mostrada pelo capitalismo, mais que os países socialistas, de não só desenvolver as forças produtivas, como de descobrir, desenvolver e aplicar novas e revolucionárias tecnologias. A segunda: a utilização pelo imperialismo, designadamente pelos Estados Unidos, de colossais meios materiais e ideológicos, a repressão brutal contra os trabalhadores e os povos em luta, colossais meios financeiros, económicos, políticos e militares contra as revoluções, bloqueios, sabotagens, atentados, conspirações, acções terroristas e guerras declaradas e não declaradas. A terceira: as tendências crescentes nos países socialistas, nomeadamente na União Soviética, para a centralização e burocratização do poder e para a estagnação, pondo em perigo o futuro da sociedade socialista em construção. Todos estes elementos em conjunto conduziram, na segunda metade do século XX, à vitória do capitalismo na competição com o socialismo.
- Chegamos assim ao final do século defrontando a ofensiva global do capitalismo para se impor em todo o mundo como sistema único e final. É este o sentido da «globalização». Pelo seu superior poderio económico, tecnológico e militar, os Estados Unidos lideram, comandam e impõem tal processo. As guerras por eles impostas e que proclamam ser seu direito próprio e discricionário, não respeitando quaisquer instâncias internacionais, com o cortejo de destruições, atrocidades e genocídios, tornaram-se a arma mais importante da ofensiva.
- À acção terrorista de 11 de Setembro, os Estados Unidos responderam fomentando organizações e acções terroristas, desencadeando agressões e guerras que vitimam igualmente milhares de civis. Proclamando serem os campeões da luta contra o terrorismo, os Estados Unidos tornaram-se a principal força do terrorismo mundial. Na actual situação mundial, o terrorismo, que prolifera pelo mundo, só pode ser combatido com êxito com orientações, políticas e medidas que façam respeitar, pelos agressores imperialistas, a liberdade, os direitos e a independência dos povos e países agredidos.
- A questão que se coloca aos trabalhadores, aos povos e às nações é se tal ofensiva é irresistível e os trabalhadores, os povos e as nações estão condenados a submeter-se, ou se há no mundo forças capazes de se lhe oporem. Os trabalhadores, os povos e as nações não podem aceitar que tal ofensiva global seja irreversível. E, se assim é, importa considerar se há e, havendo, quais são as forças capazes de impedir que o imperialismo alcance o seu supremo objectivo. A nosso ver, são fundamentalmente: Primeiro: Os países nos quais os comunistas no poder (China, Cuba, Vietname, Laos, Coreia do Norte) insistem em que o seu objectivo é a construção de uma sociedade socialista. Apesar de ser por caminhos diferenciados, complexos e sujeitos a extremas dificuldades, é essencial para a humanidade que alcancem com êxito tal objectivo. Segundo: os movimentos e organizações sindicais de classe, lutando corajosamente em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores. Terceiro: partidos comunistas e outros partidos revolucionários, firmes, corajosos e confiantes. Quarto: movimentos patrióticos, com as mais variadas composições políticas, actuando em defesa dos interesses nacionais e da independência nacional. Quinto: movimentos pacifistas, ecologistas e outros movimentos progressistas de massas. É no conjunto destas forças que pode residir e que reside a esperança de impedir a vitória final da ofensiva do capitalismo visando impor em todo o mundo o seu domínio universal e final.
- O domínio mundial do capitalismo como sistema único e final teria como resultado e componente, segundo os seus teóricos, o «fim das ideologias» e o «pensamento único». Trata-se de uma utopia da ofensiva global do capitalismo. O ser humano continua pensando. E o pensamento e a ideologia dos trabalhadores e dos povos oprimidos serão sempre inevitavelmente opostos à das potências e classes exploradoras e opressoras. Princípios fundamentais do marxismo (filosofia, economia, socialismo), respondendo criativamente às mudanças no mundo, mantêm inteira validade.
Apresentamos ao Encontro Internacional esta nossa reflexão sobre «O mundo de hoje» como sendo também uma proposta de reflexão.
Contribuição de Álvaro Cunhal para o Encontro Internacional "América Latina: su potencialidad transformadora en el mundo de hoy" (Novembro de 2003)
Plano Milagre
"Disse-me um amigo enquanto circulávamos de carro pelas ruas de Havana faz uns dias: «Vêm da Venezuela cada semana em avião. São uns cem ou cento e cinquenta, cada um acompanhado por um familiar. Vêm para curar-se, e vão‑se embora no mesmo avião, já curados, os que chegaram nas semanas anteriores». «Para curar‑se de quê?», perguntei‑lhe. «São cegos. Operam‑nos, e recuperam a vista».
Não podia acreditar. «Mas, como é que nunca ouvi falar disso?». «Bem, já sabes – disse‑me –, daqui só se comentam as más notícias». O amigo que me falava não tinha nada de oficial mas podia estar equivocado. Decidi indagar por minha conta. Parecia‑me estranho que uma informação tão espectacular não circulasse mais. Comecei a interrogar as pessoas bem informadas, e também a alguns amigos venezuelanos. Todos o confirmaram.
«Até agora – disse‑me um profissional que estava a participar no projecto – preferíamos que não se desse demasiada publicidade. Havia um processo eleitoral na Venezuela, o referendo revogatório, e não queríamos que se pudesse pensar que isto se fazia com intenções eleitorais. Teriam acusado Cuba de se intrometer, de maneira indirecta, naquele processo. Por isso, sem que fosse um segredo, também não se anunciou com bombos e pratos. Mas já não, desde o dia 15 de Agosto e depois da vitória indiscutível de Chávez, a informação circula sobre o que chamamos o Plano Milagre. Publicaram-se reportagens e até se realizou um documentário».
Pouco a pouco obtive quase todos os detalhes desta admirável operação. No âmbito dos acordos entre Caracas e Havana, Cuba enviou à Venezuela vários milhares de médicos que se instalaram nas zonas mais humildes, essas favelas em que vivem pessoas até agora marginalizadas e que careciam dos serviços públicos mais elementares. Aí, bairro adentro, onde quase nenhum médico venezuelano queria ir, instalaram pequenos dispensários providos do necessário para dar os primeiros socorros e cuidar das doenças mais correntes. Estes galenos missionários cobram o mesmo salário (modesto) que cobrariam em Cuba, e vivem no mesmo bairro com os seus pacientes. Com frequência detectam doenças graves da pobreza que eles, com os seus poucos recursos, não podem tratar, e enviam o paciente para algum hospital.
Entre estes enfermos, muitos padecem doenças dos olhos e ficaram cegos. Mas são cegos por pobres, porque na maioria dos casos a sua cegueira cura‑se com facilidade. Por exemplo, quando padecem de cataratas. E como em Cuba há equipas muito especializadas que operam em dez minutos essa afecção, decidiu-se enviar os pacientes, acompanhados de um familiar, a Havana, para ser operados. Tudo gratuito.
Já são mais de cinco mil as pessoas que, deste modo, viveram um milagre e recuperaram enquanto o diabo esfrega um olho a vista depois de decénios de escuridão. A lista dos casos que mais chamam a atenção faz saltar as lágrimas, como a história desse homem que levava mais de trinta anos cego e que, quando lhe retiraram as vendas, viu a sua esposa, com a qual tinha cinco filhos, pela primeira vez. Ou essa senhora, cega durante vinte e oito anos, que por fim pôde ver os seus filhos e os seus netos. Ou esse menino, Samuel, operado de catarata congénita, que pôde por fim ver a sua mãe. Os episódios são milhares, emocionantes e milagrosos como um relato neo‑realista. Ou como todo o trajecto que vai da cega escuridão à luz."
Ignacio Ramonet
La Voz de Galicia, 13/10/2004
terça-feira, 11 de outubro de 2005
Maria Eugénia Cunhal
Bastou aquele gesto
Da tua mão tocar tão docemente a minha
Pra nascerem raízes
Que me prendem à terra e me alimentam
Nas horas mais vazias
Bastou aquele olhar
- O teu olhar tão brando, prolongando-se um pouco sobre o meu –
Para iluminar as noites em que a lua se esconde
E a escuridão envolve um mundo sem sentido.
Bastou esse teu jeito de sorrir,
Um sorriso em que vejo despontar a confiança
Na vida não vivida, nas emoções ainda não sentidas,
Nos passos que ressoam noutros passos
Bastaste tu.
Maria Eugénia Cunhal, in Silêncio de Vidro, Editorial Escritor
sexta-feira, 7 de outubro de 2005
A luta continua!
Por outro lado, a diferença de meios de que dispõem as diversas candidaturas, impede qualquer discussão de ideias e agrava as desigualdades. O Ministério Público deveria investigar a que título, com que intenções e contrapartidas, milionários financiaram campanhas eleitorais, com dinheiro, carros e lojas.
Porque não são instituições de caridade, muitos destes “beneméritos” vão apresentar as facturas já no dia 10 de Outubro e todos seremos chamados a pagá-las, nomeadamente, sofrendo as consequências da especulação imobiliária e do crescimento desordenado do betão.
É pois neste contexto, antidemocrático, que a CDU luta para divulgar a obra que realiza com trabalho, honestidade e competência. Fossem outras as condições e mais gente poderia beneficiar da reconhecida capacidade que os eleitos comunistas colocam ao serviço das populações. Assim, resta a luta e a convicção de que as eleições são importantes, mas não são tudo.
Boa noite!
"A Internacional"
De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, oh produtores!
Refrão
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Duma Terra sem amos }bis
A Internacional.
Messias, Deus, chefes supremos,
Nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A Terra-Mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair deste antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos,
Tudo o que a nós diz respeito!
Refrão
terça-feira, 4 de outubro de 2005
Aquela Noite de Natal
Querias falar dos livros que saíram e já leste. Quando o sonho começou, tu eras pouco mais do que um sorriso radioso. Mas nos olhos tinhas o brilho dos que respeitam ideais. Soube logo que eras tu que me interpelavas. Depois, estranhamente, do riso nada mais vi. A não ser quando os teus dedos fizeram na porta da rua o sinal habitual e eu corri por te saber ali, fortaleza de ternura e amizade.
Olá camarada, o tempo é nosso. Quero falar-te da Eurídice e do Joel, do Miguel e da Joana, invenção de amor numa noite de Natal. Abril existiu mesmo. Já sabíamos, mas agora é tão diferente. Eles, os que sofreram e resistiram, estão a contar. Não deixam que a mentira domine e possa mais.
Sabes camarada, quando absorvo as histórias que os heróis nos oferecem, fico feliz porque os nossos filhos vão ter memória. Saber onde crescemos e o que fizemos para os criar. Abril foi mesmo, camarada, e não esta pasmaceira de gente castrada. Abril foi mesmo, e não este tempo frio em que nos querem calados, derrotados, sem do sol termos o desejo e o alento.
Porque me corre nas veias esta agitação, este orgulho de partilhar com eles a mesma heróica bandeira. De ter herdado deles, de tantos como eles, o mesmo gosto à luta, o mesmo lema.
Sabes camarada, Abril foi mesmo e o que me falta é saber o nome destes heróis todos, para aprender mais sinónimos de Coragem, Honra, Dignidade, Dedicação, Coerência, Ternura, Dor, Resistência, Confiança, Futuro, Convicção e Amizade,
Obrigado camaradas, por nos terem legado Futuro!
Hasta siempre comandante!!!
“...para que o Mundo não esqueça!!!”
Completam-se no próximo dia 9 de Outubro, 38 anos sobre o assassínio de Che Guevara. Apesar de há muito serem conhecidos os pormenores deste crime, nunca é demais repetir a pergunta: Quem matou o CHE?
Diz quem o viu, no seu pobre leito de morte, que parecia Cristo!!! Talvez por isso, ainda hoje, os camponeses bolivianos lhe chamam Santo Ernesto de La Higuera!!!
Talvez por isso, o retrato de Che foi e é, aos olhos de milhões de pessoas, “ o retrato da dignidade suprema do ser humano”!!!
Um dia, em resposta a uma pergunta sobre um possível parentesco, afirmou: “ se és capaz de tremer de indignação cada vez que se comete uma injustiça no Mundo, somos companheiros e isso, é o mais importante”.
Foi há 38 anos!!! Para que o Mundo não esqueça!!!
Até sempre companheiro!!!
João de Almeida
sexta-feira, 30 de setembro de 2005
Carlos Paredes
Carlos Paredes
"Tive o privilégio de ter privado por poucas horas que fosse, com o grande Génio! Estávamos no começo da Revolução de Abril! Oferecia-se ao Povo, tudo aquilo que ele nunca sonhara usufruir, sobretudo Cultura!
Carlos Paredes, tinha sido convidado para dar um concerto (gratuitamente), na zona mais pobre da cidade. Zona piscatória. Onde os homens têm a frieza do mar e as mulheres a dureza da fome! A Lota, foi o local escolhido! Grande, muito grande! Impossível falar-se de acústica! Os pescadores gostam de música! Então encheram por completo o grande armazém!
Mais de quinhentas pessoas. Falavam alto, os gritos das crianças correndo, era ensurdecedor! As vareiras (mulher do pescador), não habituadas a saírem à noite, riam de alegria! A algazarra era tanta que nós, os da organização, pensámos duas vezes! Fazemos o concerto e ninguém ouve, ou desculpamo-nos e o Carlos Paredes vai embora! Depois de discutido, falámos com ele. Ficou indignado perante a segunda proposta: “Se não conseguirem ouvir, a culpa é minha!”.
Foi para o palco e começou a tocar, a aparelhagem de som de 3ª categoria, não se portou mal! O público, não habituado a concertos, gritava, ria, aplaudia, tudo o que fizesse barulho, era audível naquele grande armazém! Carlos Paredes, parou! Observou o público com o seu ar sereno, humilde, sorriu timidamente!
Fez-se silêncio na Lota! Ouviu-se os primeiros acordes dos Verdes Anos! O emudecimento inesperado, arrepiou-nos! O irreverente público, tinha-se rendido ao som harmonioso da guitarra! Tocou, tocou muito! Quando terminou, as palmas, os gritos de alegria, entoaram na grande Lota! Deram-lhe cravos! Cravos vermelhos!
Enquanto guardava a guitarra, com o seu ar humilde e tímido, disse:”Espero que tenham gostado, alguém se queixou da acústica?” Ele era um Génio!
GUIDA RODRIGUES
Obrigado Guida Rodrigues por este texto belíssimo, escrito na azáfama da luta eleitoral. E se puderes, transmite aos camaradas e amigos afectados pela prepotência do fascistóide Ludgero, a minha solidariedade. A luta continua!
quarta-feira, 28 de setembro de 2005
3000 crianças morrem por dia
3 mil crianças africanas morrem por dia de Malária, afirma a OMS
Este texto de Cassiano Sampaio foi colocado como comentário a um post de Sérgio Ribeiro, por Pedro Gonçalves, no blogue anónimo séc xxi. Referindo-se à foto, escreveu Pedro Gonçalves:
terça-feira, 27 de setembro de 2005
A não perder!
Aquela Noite de Natal é o mais recente livro de José Casanova. Depois de ter sido publicamente apresentado na recente edição da Festa do Avante, coube a Urbano Tavares Rodrigues falar hoje do livro na Casa do Alentejo, em Lisboa. A sala foi pequena para acolher tantos leitores, amigos e admiradores do Zé. Que escutaram, orgulhosos, Urbano Tavares rodrigues afirmar que o autor de O Caminho das Aves é já um grande escritor.
segunda-feira, 26 de setembro de 2005
A vossa vontade será feita
A vossa vontade será feita
Eu vou tentar, prometo, que destes versos
Não saia uma canção mal comportada
Eu vou tentar não falar do que acontece
Eu vou tentar falar sem dizer nada.
Não vou, por isso, falar da exploração
Nem sequer do amor à Liberdade;
Da luta pela terra e pelo pão
E do apego à Paz da humanidade.
Vou tentar não falar do que acontece
Vou tentar falar sem dizer nada
Vocês preferem que eu vos fale
De grilos a cantar e gambuzinos?
A vossa vontade será feita
Eu calarei a fome dos meninos.
Vocês preferem que eu vos cante
Sem vos lembrar os tiros e as facas?
A vossa vontade será feita
Eu calarei o frio das barracas.
Vou tentar não falar do que acontece
Vou tentar falar sem dizer nada
Vocês preferem que eu vos fale
Com um sorriso a iluminar-me as trombas?
A vossa vontade será feita
Eu calarei o estilhaçar das bombas.
Vocês vão gostar que eu não cante
A luta de nós todos todo o ano
A vossa vontade será feita
Não falarei do povo alentejano
Vou tentar não falar do que acontece
Vou tentar falar sem dizer nada
Não falarei do luxo e da miséria
Não falarei do luxo e da canseira
Não falarei das damas, das mulheres
De tudo o que se passa à nossa beira
Não falarei do Amor, nem da Verdade
Nem do suor deixado no trigal;
Eu não ofenderei vossas excelências
Nem a civilização ocidental!
(Alfredo Vieira de Sousa, 1976)
sábado, 24 de setembro de 2005
URGENTE!
Obrigada Luísa Biscaya
POR FAVOR, ENVIEM ESTE PEDIDO A OUTRAS PESSOAS PARA QUE SE SALVE ESTA CRIANÇA.
23/9/05 19:46 "
sexta-feira, 23 de setembro de 2005
Antes que seja tarde!
Manuel da Fonseca
Antes que seja tarde
Amigo
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel Fonseca, "Poemas completos", Cancioneiro da Esperança
Almeida Garrett
Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra'
quinta-feira, 22 de setembro de 2005
Comportamento abjecto!
quarta-feira, 21 de setembro de 2005
A luta continua!
Queridos irmãos,
Se, como espero, persistirem na infâmia de não escutarem a dor que vos inferniza a existência, todos os segundos de todos os dias;
Se recusarem o que aceitaram para outros, só porque estes podem mais e têm dos cordéis que tudo determinam melhor conhecimento;
Se como espero, vierem apressados clamar que agora tudo acabou e no andor colocarem os bandalhos;
Se as trombetas ecoarem triunfantes calcinando-vos com a desonra da mentira;
Se os que tudo vendem ou alugam, fingirem agora ter consciência;
Quero dizer-vos, queridos irmãos de condição, que nem por um segundo duvidei dos vossos testemunhos. Sei dos que cometeram o massacre. E acima de tudo vi os vossos olhos pejados de sofrimento, de revolta, de abandono.
Nós sabemos que a verdade é outra: eles são compadres de outros como eles. E de outros ainda piores. Têm muito poder, tesouros e mundos para ofertar.
Nós somos apenas os filhos da desdita mil vezes humilhados.
Mas, se como espero, decidirem fingir que afinal não foi como sabem ter sido, nem por isso vamos desistir. A desonra é deles! Será deles a vergonha!
Nós continuaremos convictos de que valeu e vale a pena lutar!
Podem encomendar decisões, mas a vossa dignidade não compraram.
Eles são os carrascos. Vocês os heróis que o povo admira e respeita profundamente.
segunda-feira, 19 de setembro de 2005
Queixa e imprecações dum condenado à morte
Por existir me cegam,
Me estrangulam,
Me julgam,
Me condenam,
Me esfacelam.
Por me sonhar em vez de ser me insultam,
Por não dormir me culpam
E me dão o silêncio por carrasco
E a solidão por cela.
Por lhes falar, proíbem-me as palavras,
Por lhes doer, censuram-me o desejo
E marcam-me o destino a vergastadas
Pois não ousam morder o meu corpo de beijos.
Passo a passo os encontro no caminho
Que os deuses e o sangue me traçaram.
E negando-me, bebem do meu vinho
E roubam um lugar na minha cama
E comem deste pão que as minhas mãos infames amassaram.
Com angústia e com lama.
Passo a passo os encontro no caminho.
Mas eu sigo sozinho!
Dono dos ventos que me arremessaram,
Senhor dos tempos que me destruíram,
Herói dos homens que me derrubaram,
Macho das coisas que me possuíram.
Andando entre eles invento as passadas
Que hão-de em triunfo conduzir-me à morte
E as horas que sei que me estão contadas,
Deslumbram-me e correm, sem que isso me importe.
Sou eu que me chamo nas vozes que oiço,
Sou eu quem se ri nos dentes que ranjo,
Sou eu quem me corto a mim mesmo o pescoço,
Sou eu que sou doido, sou eu que sou anjo.
Sou eu que passeio as correntes e as asas
Por sobre as cidades que vou destruindo,
Sou eu o incêndio que lhes devora as casas,
O ladrão que entra quando estão dormindo.
Sou eu quem de noite lhes perturba o sono,
Lhes frustra o amor, lhes aperta a garganta.
Sou eu que os enforco numa corda de sonho
Que apodrece e cai mal o sol se levanta.
Sou eu quem de dia lhes cicia o tédio,
O tédio que pensam, que bebem e comem,
O tédio de serem sem nenhum remédio
A perfeita imagem do que for um homem.
Sou eu que partindo aos poucos lhes deixo
Uma herança de pragas e animais nocivos.
Sou eu que morrendo lhes segredo o horror
de serem inúteis e ficarem vivos.
Ary dos Santos
sexta-feira, 16 de setembro de 2005
Fascismo nunca mais!
16/9/05 02:55
quinta-feira, 15 de setembro de 2005
“SAUDADES... NÃO TÊM CONTO!”
«Relembrar o passado, em toda a sua amplitude
Dezenas de milhares de homens e mulheres, muitos deles jovens, perfilaram heroicamente, a luta contra a ditadura. Muitos foram presos, violentamente torturados, alguns barbaramente assassinados.
Em 1962, no Forte de Peniche (uma das prisões de alta segurança da PIDE), encontrava-se detido para além de centenas de outros lutadores pela Liberdade, um homem que tinha três filhos, António o mais novo.
«Meu querido Toinito,
Desejo que estejas bonzinho de saúde. Tenho cá estado a pensar que já muito tempo não recebo uma carta escrita por ti......... Afectuosos abraços para os Padrinhos e mil e três beijinhos para ti do, Pai.».
Durante longos anos, este pai brutalmente torturado pela PIDE, escrevia histórias, ilustrando-as com um desenho. A ternura, o amor, a saudade, ajudavam a colorir a ilustração dos postais. António, fica doente, muito doente! Apesar de ter assistência médica e o auxílio solidário de todos os camaradas, a doença dita-lhe os dias. Tudo fazem para que o menino vá fazer uma visita ao pai e conseguem. É-lhe concedido uma visita de cinco minutos, dentro da cela! Cinco minutos, cinco curtos minutos, para abraçar, beijar, falar, recordar uma vida, tão breve e sofrida, pela doença e pelas garras do fascismo!
É chegado o dia! O pai com o coração destroçado, recebe-o alegremente! O menino timidamente, conta-lhe o que tem feito. O pai beija-o, abraça-o! Não tinha terminado o tempo, um pide avisa com toda a agressividade que a visita expirou! “Ainda não passou o tempo”, diz o pai amargurado! E logo o pide o cala com um desumano estalo! O menino aflige-se, está débil, assustado! O pai acalma-o, dizendo que ele (pide), é um brincalhão! A serenidade volta, o pai olha para o filho Toinito, beija-o, abraça-o, despede-se.... António/Toinito o Tonoc, viria a falecer poucas semanas depois, vitima de leucemia!
Esse pai chama-se, António Dias Lourenço. Tem hoje 91 anos de idade, continua a lutar com toda a sua força. Esteve preso por duas vezes, num total de 17 anos. Em memória do seu filho tão amado, presta-lhe uma homenagem, partilhando-a com todos nós! Junta todos os postais (graças à dedicação do casal, que tomou conta do Toinito), e faz um livro!
“SAUDADES... NÃO TÊM CONTO!”
É um belo livro! É um livro de afectos, de amor e muita cor! Mas é também um livro de dor!
quarta-feira, 14 de setembro de 2005
Poema de Che
Vieja Maria
Vieja Maria, vas a morir,
Quiero hablarte en serio.
Tu vida fue un rosario completo de agonías,
No hubo hombre amado, ni salud, ni dinero,
apenas el hambre para ser compartida;
quiero hablar de tu esperanza,
de las tres distintas esperanzas
que tu hija fabricó sin saber cómo.
Toma esta mano de hombre que parece de niño
en las tuyas pulidas por el jabón amarillo.
Restriega tus callos duros y los nudillos puros
en la suave verguenza de mis manos de médico.
Escucha, abuela proletaria;
cree en el hombre que llega,
cree en el futuro que nunca verás...
Independente?
segunda-feira, 12 de setembro de 2005
11 de Setembro
Cumpriram-se, no passado dia 11, 30 anos. Chove em Santiago. Com o apoio declarado dos Estados Unidos da América, Pinochet e seus sequazes, transformam estádios de football em campos de concentração. A caravana da morte está em marcha, levando centenas de homens, mulheres e crianças, para longe, para sítio de onde não há regresso. No escuro da noite, corpos de inocentes são atirados ao mar, aos rios, aos lagos, desaparecendo, para sempre,vítimas do terror sanguinário desse facínora e... seus amigos americanos.
Há silêncios ensurdecedores nestes dias de Setembro. Onde estais vós, oh ditas democracias ocidentais?; provavelmente bebendo Coca-Cola; prostituindo os valores, que em tempos dissestes defender, de certeza. E tu, Igreja Católica, por onde andas? Porque te calas enquanto o martirizado Povo chileno sobe o seu calvário? Que ajudaste a erguer, não esqueças. Guardarás o protesto...para 28 anos mais tarde? Sim...talvez...como sempre. Dois mil anos depois, o galo continua a cantar três vezes.
Cumpriram-se, no passado dia 11, 30 anos.Por muitos 11 de Setembro que haja, nunca esqueceremos o dia em que "chovia em Santiago". Neste dia, todos nós, Homens solidários, democratas, amantes da liberdade, morremos um pouco. E...só porque queríamos ter, como Jara, "O Direito de viver em paz".
Foi há 30 anos!!! Para que o Mundo não esqueça!!!
Ílhavo - Setembro de 2003
João de Almeida