sábado, 31 de julho de 2010

Nem sempre adiar significa errar

O adiamento da leitura do acórdão no processo Casa Pia tem suscitado os mais díspares comentários e permitido iguais interpretações. A voz geral é de desânimo, descrédito, revolta.
Se alguém pode legitimamente queixar-se, sobretudo por agravada a dor da espera, são as vítimas. Como se sabe, os arguidos tudo fizeram para que o processo decorresse durante séculos, o que é aliás um ponto de contacto com iguais processos em todo o mundo. É bem diferente o sentimento do colectivo de juízes ante uma vítima de 12 ou já adulta. O decurso do prazo favorece os arguidos.
Mas eu entendo perfeitamente a situação da magistrada. Em primeiro lugar, tem em mãos um processo que se der lugar a um acórdão condenatório suscitará a imediata reacção da equipa de advogados de defesa, que inusualmente, se comportaram como se fossem testemunhas de defesa dos arguidos.
É pois necessário proferir uma sentença reforçadamente inatacável.
Milhares de páginas, meses de depoimentos, toneladas de prova produzida, dezenas de requerimentos, de recursos e, acredito, um sofrimento inerente a qualquer ser humano que exercesse funções idênticas, não permitem que as coisas se resolvam apenas para cumprir um prazo anunciado.

Depois, há um pormenor que tem muita relevância: esta juíza tem quatro filhos e por muito que possa o seu sentido profissional e entrega ao trabalho, não pode decretar (felizmente ninguém pode) que desapareçam enquanto trabalha. Acresce que como juiz presidente, a actividade que desenvolve é, por definição, muito solitária. Só quem nunca impugnou ou decisão ou apresentou uma acção pode achar fácil o trabalho da juíza.
Repito: a responsabilidade por todo o atraso é dos arguidos e dos expedientes dilatórios que o Código de Processo Penal confere aos arguidos.
E é preciso não esquecer o meticuloso trabalho, contra a investigação, de Mário Soares e Manuel Alegre, entre outros, que para sempre os manchará como autores de comportamento iníquo e desumano e responsáveis, por acção directa ou intermediação, por tamanho atraso.
Se, como defendo, a prisão preventiva fosse obrigatória para os acusados por este tipo de crimes, o julgamento há muito estaria concluído. O que vale também para os recursos. Se os arguidos forem condenados, defendo que sejam imediatamente detidos e colocados em prisão preventiva.
Desde logo, porque é impensável manter em liberdade predadores compulsivos. E seguramente jamais existirá prescrição de procedimento criminal.
Aos meus irmãos casapianos vítimas de bandalhos sem escrúpulos peço um pouco mais de insuportável paciência. Desta vez, por uma causa justa!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Forma e Conteúdo


O belo não existe sem os olhos que o vislumbram. O belo faz-nos bem, aquece-nos, motiva-nos. Mas quando entre a forma que o belo reveste e o respectivo conteúdo existe uma discrepância, quem o observa pode ser induzido em erro grave.
Assim no caso da poesia, da pintura ou de um simples texto publicado na Net. Os lobos não se escondem apenas sob a pele de cordeiros imprevidentes. Usam variadíssimas vezes as palavras e enganam mais. O cavilador pode mostrar-se afectado pela dor, brincar com expressões que motivam solidariedades alheias e rejubilar com o resultado.

domingo, 18 de julho de 2010

Obrigado, PCP!


Eu sei:

Não há um só espaço sem dor. Por todo o lado abutres patrocinam a derrocada do ser humano, definitiva aquisição do capital. Olhos e vozes convergem no temor, convocam o silêncio e o conformismo, premeiam a desistência, o imobilismo. Os braços já não se querem alavancas e fenecem olvidados das mãos que em outros tempos aliavam aos dedos outros dedos parceiros de sonhos, fonte de beijos que selavam o feliz destino comum.

Agora, o odor da noite perpétua caustica os que prevaricam dizendo não. O nauseabundo conformismo vigia, por todas as pides, os que persistem na crença de que não há limites para a História. Os bufos renasceram e são profusamente premiados por apontarem qualquer laivo de resistência, qualquer aspiração de Liberdade.

O que pretendem é recuar no tempo e fazer de conta: nunca existiu Neruda, Ary ou Catarina! Anseiam pelo ruído das botas de Pinochet cunhando de sangue as estradas da esperança. Julgam-se sábios, omnipotentes.

Mas, na verdade:

Sei que não podem tudo, porque tu existes. A tua força é a soma das vontades que agregadas, recusam render-se. O teu semblante resulta do orgulho de todas as faces que lutaram honrada e corajosamente desde 1921. A rubra cor do teu ideal reproduz o oceano de esperança e determinação que sempre te caracterizaram, mesmo nos tempos mais negros.
Sem ti, meu Partido Comunista Português, a Idade Média seria a próxima paragem e restar-nos-ia a longa espera de séculos para reverter a situação.





domingo, 4 de julho de 2010

Cambada de filhos de puta

Hoje estou profundamente magoado: oito anos após a denúncia da barbárie na Casa Pia de Lisboa, a generalidade das forças políticas está-se cagando para a sorte das crianças pobres deste país. Por isso o Ps de sócrates e paulo pedroso pode conduzir à vontade o processo de destruição da Casa Pia de Lisboa.

Como eu vos entendo: afinal de contas, os meninos e meninas orfãs não votam, não têm familia, não contam. Nem sequer merecem um pouco do vosso tempo, da vossa atenção. Na verdade, como não podeis gritar "que se fodam os miseráveis", ocupais-vos em tarefas outras. Se vos fosse possível saber como dói o abandono, o desprezo, o abuso, os maus-tratos, talvez dedicásseis um pouco do vosso talento a evitar mais um crime de sócrates e companhia. Assim, resta-nos vomitar perante tamanha nojeira.
Recordo o grande pedagogo russo, Makarenko: para eles as instituições não deformam o ser humano, antes o robustecem e lhe garantem futuro. Mas Makarenko, por cá, já foi. agora o que vale é o interesse repugnante de diversas instituições que lucram milhares de euros fingindo remediar o sofrimento dos órfãos e crianças pobres deste país.


Neste campo, são todos a mesmíssima merda: quando foi revelado o escândalo fingiram-se condoídos e prometeram futuros radiosos às crianças desprotegidas. E agora nem piam ante o anunciado roubo do futuro, perpetrado pelo sócrates javardo-mor do reino, às crianças dependentes da Casa Pia de Lisboa.
A maior secção da Casa Pia, Pina Manique, está à venda: Há já mesmo, num moderno atelier de arquitectura, maquetes com o futuro condomínio privado e jardins a construir nas traseiras dos Jerónimos.



Hoje, a senhora que sócrates e Vieira da Silva designaram para destruir a Casa Pia, alegou fazê-lo em nome da Convenção que consagra o direito das crianças. Sempre os princípios tonitruantes a justificar as maiores pulhices. Grandes filhos de puta: pudesse eu e aderia de imediato a uma organização que vos despejasse nos cornos corruptos o conteúdo de uma metralhadora. Ou apenas o escarro tamanho do desprezo que as vossas poses formais me causam.

Vou por Lisboa e as crianças abundam na miséria mais dura. em Santa apolónia, meninos e meninas de dois e três anos , descalços, esfomeados, doentes, transidos de frio, são a marca dolorosa dos merdas que nos desgovernam. Pudesse eu e oferecia-lhes uma Casa PIa de Lisboa renovada. Uma casa-mãe onde a fome e os maus-tratos não entrariam nunca, uma escola de referência que os tornaria seres humanos como os demais.

Assim, resta-me vociferar, enojado, revoltado e farto destes merdas que em nosso nome destroem Portugal.