segunda-feira, 25 de julho de 2005

Prenda do Carlucci

Carlucci a mandatário, já!



Andava o país preocupado com o aumento dos impostos e do desemprego, revoltado contra a inépcia que todos os anos permite que o fogo nos roube riqueza e vida; indignado por agora pretenderem privatizar até a água, quando sua eminência decidiu que era chegado o momento. Primeiro decretou-se a inadmissibilidade de inexistência de candidatos presidenciais, como se fosse peste a erradicar. Depois apresentou-se Cavaco como antecipado vencedor, a não ser...
Telefonaram a D. Sebastião, insistiram por telegrama, mas este reunido com D. Duarte e farto do conto do vigário mandou-os bugiar.
"Só ganhamos à direita se Soares decidir prestar esse serviço à pátria", repetiram dia e noite os amigos e achegados, habituados a invocar as diferenças quando lhes dá jeito. A Soares coube então fazer-se desentendido, difícil, de molde a dar à nação a ideia de que se avançasse seria motivado pelo sacríficio em prol da pátria. Sócrates não tardou a estender-lhe o tapete, em mais uma demonstração sublime de quem manda em Portugal.
Por mim, aproveito para, de borla, ofertar uma sugestão aos promotores da candidatura: atento o percurso político de Soares, convidem para mandatário nacional o seu "bon ami" Frank Carlucci. Não há discurso ou biografia política que melhor definam o homem e a obra.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

A luta continua!


A organização fez questão de anunciar a decisão que adoptou e a vozinha, cobardemente disfarçada, telefonou anonimamente: "Todos quantos ousaram pronunciar-se em defesa das vítimas sofrerão o castigo!". Não a condenação definitiva que a mana italiana adopta frequentemente. Não querem gastar balas, nem simular acidentes. Como possuem tempo e dinheiro; como se babam de raiva ante a dignidade e o heroísmo das vítimas; como possuem canalhas ao serviço e para tudo disponíveis, decidiram instaurar processos judiciais.
Os próximos anos serão de luta. Por cada processo, a resposta terá que ser a denúncia reforçada; a determinação em prosseguir o combate. E a exigência de uma verdadeira operação "Mãos Limpas". A luta continua!

terça-feira, 19 de julho de 2005

Sonho Impossível


Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vencer
Sofrer a tortura implacável, romper a incabível prisão, voar no limite improvável,
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão, virar este mundo, cravar esse chão
Não me importa saber, se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que beijei, for meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for, vai ter fim, a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.

(Joe Quest/Mitch Leigh, versão Chico Buarque e Ruy Guerra, cantada por Maria Bethânia)

segunda-feira, 18 de julho de 2005

OS VENCEDORES E OS VENCIDOS

Nada como a morte de um grande homem para possibilitar à minúscula gentinha do costume, urubus profissionais que se alimentam, com a sua comprovada indigência moral, cultural, social e política, das ferroadas nas canelas (não podem almejar a mais...) daqueles que, pela sua enorme envergadura, lhes são de outra forma inacessíveis.Não fosse a ocasião de grande respeito e recolhimento e a sonora gargalhada seria a melhor resposta a tão ridículas criaturas. Nem vale a pena, sequer, fazer qualquer referência aos doutores Alberto João Jardim, Jaime Nogueira Pinto e quejandos. Esses não pertencem a este filme, estão fora do prazo desde o dia 25 de Abril de 1974, nada de perder tempo com tais coisas porque o espaço é curto e a paciência não abunda.O que eu quero mesmo é comentar aquela obsessão que assaltou alguns jornalistas da nossa praça que, a cada passo, perguntam aos seus painéis de entrevistados (todos tão cuidadosamente escolhidos, graças a Deus e à economia de mercado, que até enternece...) se Álvaro Cunhal foi (é) um vencedor ou um derrotado.É claro que a resposta é quase unânime. Álvaro Cunhal perdeu todos os combates, foi derrotado em toda a linha e o grande vencedor foi Mário Soares. Esta tese foi defendida com grande veemência, aliás, pelo doutor Jorge Coelho naquele programa da Sic – Notícias que dá pelo nome de Quadratura do Círculo, exemplo do pluralismo e da decência que é apanágio da nossa comunicação social, onde têm acento permanente apenas representantes do PS, do PSD e do CDS. Ora bem. Com o obrigatório e protocolar respeito pela opinião do doutor Jorge Coelho, (a cobardia dos constantes ataques dirigidos ao PCP neste programa por todos os seus intervenientes, sem que este se possa defender, é uma outra questão), eu discordo em parte dela.De facto, para a resposta ser séria e baseada em factos sustentados, é necessário primeiro saber-se qual foi e para que foi a luta de um e de outro. E é por isso que eu penso que ambos foram vencedores.Não tenho problema nenhum em considerar Mário Soares um vencedor, porque alcançou quase todos os objectivos que nortearam a sua actividade política. Foi primeiro ministro, presidente da república e deputado europeu, só tendo falhado uma presidência lá nas europas por razões que ele não entendeu e o deixaram despeitado, como teve oportunidade de o demonstrar na altura.São vitórias de “pirro” que a história não vai perder tempo a lembrar, dir-se-á. Pois são... mas foi para isso que o homem lutou, foi para isso que se especializou na venda da banha da cobra, não se lhe pode exigir mais...O caso de Álvaro Cunhal é bem mais complexo e não sei bem se o doutor Jorge Coelho e os outros que defendem a sua tese estarão em condições de o compreender.Toda a vida de Álvaro Cunhal foi dedicada, sem nada pedir em troca para si, à luta persistente pela libertação e emancipação do povo português, pelo fim da exploração do homem pelo homem, por uma sociedade mais justa onde o rico não seja cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre. Em suma, por uma sociedade socialista.Uma luta destas, toda a gente sabe, pode atravessar, e atravessará seguramente, várias gerações. Álvaro Cunhal deu, no seu tempo, um contributo incomparável a essa luta. Que teve avanços significativos, graças à acção corajosa e determinada de um grande colectivo que Álvaro Cunhal dirigiu. E que vai prosseguir. E que acabará vencedora, por muito que os defensores da barbárie capitalista pensem ter chegado ao fim da história. Por isso, a luta de Álvaro Cunhal, que não acabou ainda, sairá vitoriosa, porque ele continuará ao lado daqueles que a prosseguem. E nessa altura, dos autoproclamados “vitoriosos” de hoje já ninguém se lembrará.PS: (nem de propósito...) Estive há dias a rever o debate televisivo de 1975, entre Álvaro Cunhal e Mário Soares. A determinada altura, M. S. acusou o seu opositor de que este queria impor um socialismo ditatorial, ao contrário de si próprio, cuja luta era a da construção do socialismo, sim, mas com liberdade.Não perdendo mais tempo com a calúnia, mil vezes repetida, da primeira parte desta afirmação, detenhamo-nos na segunda. M. S. queria construir, também ele, o socialismo. E, segundo os Jorges Coelhos que tenho vindo a referir, Mário Soares é um vencedor e Álvaro Cunhal um vencido. O que vem comprovar a minha tese de que a luta de M. S. era outra e aqueles senhores sabem-no bem. A não ser que se considere que o “socialismo em liberdade” de M.S. é esta vil miséria que se vê hoje em Portugal...
Adventino Amaro
(Esta “carta” foi enviada para a secção “Cartas ao Director” do jornal Público, cujo ele – Director- não a fez publicar. Naturalmente...) 13/7/05 11:36

O embuste!


O discurso da crise é uma vigarice política com um objectivo predeterminado: obter a aquiescência popular para medidas criminosas, similares às adoptadas em todos os locais onde o neoliberalismo destruiu as economias, os direitos adquiridos por gerações sucessivas e a vida de milhões de seres humanos. Tudo exaltado no sacrossanto altar do lucro a qualquer preço.
Os responsáveis pelo desenvolvimento de tal política miserável e desumana são convenientemente escondidos, - quando não glorificados - de forma disciplinada e concertada, pelos escribas ao serviço da velha ordem. Por isso, eleição após eleição, acobertados na comunicação social dita de referência, regressam para aprofundarem os danos que causa ao país. E os cronistas? Dizem todos as mesmíssimas coisas, lidas antecipadamente nos jornais estrangeiros de referência. São eles que, bem remunerados, preparam o terreno que os donos delinearam. Se os trabalhadores protestam contra o pensamento único, os escribas ao serviço fingem indignações que nunca sentiram, porque são de plástico; moldáveis a todas as formas de servilismo, porque dependentes das mordomias que lhes proporcionam. Quem os ler, ou escutar, percebe que se julgam únicos, predestinados, superiores ao comum dos mortais. Falam de tudo como se especialistas fossem.
A aldrabice é possível porque falam de um lugar reservado, deles em exclusivo enquanto reproduzirem a voz do dono. Liberdade de imprensa? Pluralismo informativo? Só se de novo se fizer um 25 de Abril.

quarta-feira, 6 de julho de 2005

A ratazana engorda mentindo!


A ratazana andava desocupada. Diariamente exercitava as patas repelentes nos charcos habituais, fiel aos roedores poderosos, sobretudo, aos mais endinheirados. Mestre na arte da dissimulação, conseguiu que no reino a considerassem cronista; submissa e pronta a tudo, mas cronista.
Um dia, os ratos poderosos tiveram problemas sérios e a rata porca, ufana perante a possibilidade de amealhar mais uns milhões - desta vez nem seria necessário ratar os cofres do FSE -, disponibilizou-se para o trabalho sujo. "É preciso desdizer, desdizer e difamar", solicitaram os ratos aflitos. "Aqui estou, para todo o serviço!", respondeu pressurosa a rata. E tratou de arregimentar outras ratas como ela, travestidas, umas de cronistas sociais, outras de cronistas de jornais; umas e outras sorvendo gulosas o dinheiro dos ratos com poder. A uma voz, mas com ruídos diferentes, decretaram falsas as imputações aos ratos sob suspeita e condenaram sem remição os que ousaram enfrentá-los. Pobre ratazana cobarde e mentirosa: por mais que guinches ninguém te considera digna de credibilidade. Já conhecem o teu modus operandi: colar pedaços de verdade, mentiras e insinuações alarves, ou seja, tudo quanto caracteriza o comum burlão. Lança confusão e lama que a seu tempo serás chamada. Por mais que te escondas e fujas. Por mais que guinches ameaças.