terça-feira, 26 de setembro de 2006

NO SÉ POR QUÉ PIENSAS TÚ


No sé por qué piensas tú,
soldado, que te odio yo,
si somos la misma cosa
yo,
tú.

Tú eres pobre, lo soy yo;
soy de abajo, lo eres tú;
¿de dónde has sacado tú,
soldado, que te odio yo?

Me duele que a veces tú
te olvides de quién soy yo;
caramba, si yo soy tú,
lo mismo que tú eres yo.

Pero no por eso yo
he de malquererte, tú;
si somos la misma cosa,
yo,
tú,
no sé por qué piensas tú,
soldado, que te odio yo.

Ya nos veremos yo y tú,
juntos en la misma calle,
hombro con hombro, tú y yo,
sin odios ni yo ni tú,
pero sabiendo tú y yo,
a dónde vamos yo y tú…
¡no sé por qué piensas tú,
soldado, que te odio yo!
Nicolás Guillén

Eugénio de Andrade


Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

sábado, 23 de setembro de 2006

A falácia de Oriana

A propósito do falecimento de Oriana Fallaci, os que pretendem reescrever a História deturpando-a, foram ao baú das falsidades recuperar mais uma mentirola para atacar o PCP e Álvaro Cunhal. A pensar nos que, por desconhecimento, embarcaram no logro, aqui fica a reposição da verdade:

“O PCP defendia, antes do 25 de Abril, e defendeu logo no dia 25, “a constituição de um governo provisório com a representação de todas as forças e sectores políticos democráticos e liberais” tendo como um dos objectivos fundamentais “assegurar a realização de eleições verdadeiramente livres para a Assembleia Constituinte” (discurso de Álvaro cunhal no aeroporto de Lisboa, à chegada de regresso ao país, 30-5-1974, in Discursos Políticos (1), Edições “Avante!”, Lisboa 1975, p. 12”.

In “A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (A contra-revolução confessa-se)

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

À minha filha Rita, que fez recentemente três anos, o poema de um amigo e camarada

Tu ainda não sabes as cores. Não sabes essa
coisa tão linda que é a profunda descoberta
do arco a que chamam íris. As nossas
viagens solitárias nos combóios do país, levavam
nos teus olhos a dolorosa interrogação das
cores que as coisas têm, o loiro dos teus cabelos
no loiro das searas àquele tempo, a fértil e
sadia comunidade das paisagens. As ruas
são as ruas para ti, porque tu não conheces
ainda esse mistério enorme que é a cor do
asfalto, a cor da casa, do grito, do gesto azul
do homem isolado no meio da cidade,
à procura no cinzento do céu daquela chuva,
as heróicas razões da existência. Porque tu
ainda não sabes as cores, ainda não sabes o
rigoroso vermelho com que pretendemos construir
este país, o vermelho das nossas bandeiras
nas concentrações operárias, a vermelha bóina que
o irmão ostenta à frente das crianças da
escola camarária. Porque as flores que me ofereces
nos fins de semana têm o perfume que sentes,
a linguagem que os livros lhe atribuem e as cores
que tu ainda não sabes. Porque este país que construímos
para ti, não se resolve com a cor do amor que te
dedico, nem com o verde daqueles que fogem ao
tempo da fábrica, da campina e da difícil linguagem
da fome do povo. Chove a branca chuva do inverno
que passamos e os meninos vão à rua brincar nos
grandes rios das goteiras da cidade. Homens e
mulheres dão quotidianamente ao negro que suportam
a cara lavada e firme, a coragem e o peito aberto
da resistência. Somos nós a construir as cores do
país que vamos oferecer-te. Porque vermelho é o que sei,
é vermelho que te dou. Mas porque não sabes ainda as cores,
as cores te ofereço todas, mas só vermelho encontro
para o encontro das tuas mãos com as mãos
que sou hoje, em lágrimas, voz grande deste pai
que sou para ti, voz alta nas varandas, nas
bancadas, nos largos onde o povo ergue os punhos,
mas terno e vermelho também quando hoje te oferece
um beijo na praça branca desta página.


Poema de Sérgio Bento, meu colega de trabalho e camarada, infelizmente já falecido. Escrito em 14/12/76, o poema foi dedicado à Inês - filha do Sérgio - no dia em que fez cinco anos.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Previsão

O novo procurador-geral da República será considerado o “melhor do mundo” enquanto não incomodar os poderosos e a máfia que controla o Estado.

Os queques-rosa!

Os meninos plagiam Duverger e peroram sobre democracia como se fossem detentores da verdade toda. Depois glosam expressões em inglês, assumem o ar melado típico dos marotos a fingir e a uma só voz vociferam contra o PCP. Telefonam-se depois, eufóricos: "Viste?", "Dei-lhes bem, não foi?". Os que se dizem de esquerda, dessa esquerda rosa a que Carlucci e a CIA determinaram programa e objectivos, são os mais burlescos: por eles, o PCP não passaria das galerias da Assembleia da República.
Vá lá, já não nos querem confinados ao Aljube.

domingo, 17 de setembro de 2006

Catarina Eufémia


O primeiro tema de reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente

Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos

Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro

Porque eras a mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro
[no instante em que morreste
E a busca da justiça continua



Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

A NÃO PERDER!

"O TEMPO DAS GIESTAS", o mais recente romance de José Casanova, está quase a chegar às livrarias.

Contra a segregação

O Ricardo iniciou hoje uma etapa diferente no seu percurso escolar: foi à nova escola, onde vai frequentar o 5.º ano, conhecer os colegas e assistir à recepção magnífica que os professores e alunos mais velhos prepararam para os caloiros. Canto e guitarra, flauta e piano, voz e entusiasmo, incentivo e paixão e muita, muita confiança contribuíram para que nos sentíssemos felizes. Os nossos professores são tão bons como os melhores do mundo. E apesar de mal pagos e tão maltratados, constroem futuro como ninguém.

O Francisco é um dos colegas com que o Ricardo vai partilhar a aventura da aprendizagem. Infelizmente, por ser portador de uma deficiência auditiva não pôde fruir o momento musical que referi. Mas, muito pior do que isso, quando as aulas começarem a sério na próxima segunda-feira, o Francisco, apesar de presente na sala, não vai poder receber nada do muito que os professores têm para ofertar. Tudo porque o governo não colocou como devia se respeitasse a lei, um professor para o acompanhar convenientemente.

Este cenário de segregação dos alunos portadores de deficiência está generalizado a todo o país e desmascara a insensata demagogia governamental, que propaga vivermos no melhor dos mundos. Pode um país assim dizer-se livre? Democrático? Respeitador dos mais elementares Direitos Humanos?

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Vivan las FARC-EP!



"Del río que todo arrastra todos dicen violento,
pero no de las márgenes que lo comprimen" Bertolt Brecht

Como es sabido, una avalancha de blogues de derecha, de otros que se identifican con las políticas de derecha de gobiernos que se dicen de izquierda y hasta de viejos conocidos que resolvieron abandonar su lugar en la lucha y pasarse para la social-democracia (y también aquellos que posiblemente hablan presionados por sus amigos), protestan por la presencia de la Revista Resistencia , portavoz de las FARC-EP en la Fiesta de Adelante!, fiesta del órgano Central del Partico Comunista Portugués (PCP). El Diario de Noticias hace eco de la protesta del embajador colombiano en Portugal y anuncia el embarazo diplom tico causado a José Sócrates, Primer Ministro português.

EL PCP a través de un comunicado confirmó que estuvieron dos organizaciones colombianas, el Partido Comunista Colombiano y la Revista Resistência, una publicación que funciona como portavoz de las FARC, en el ámbito de los invitados por PCP y que se basa exclusivamente en su política de relaciones internacionales y en la solidaridad de los comunistas portugueses con aquellos que en todo el mundo desarrollan procesos de resistencia y lucha contra las políticas antisociales, antidemocráticas y belicistas de las principales potencias imperialistas, o de gobiernos claramente maniatados e instrumentalizados por esas potencias, como es el caso del gobierno colombiano.

EL PCP aprovechó la oportunidad para mostrar su solidaridad con la justa lucha de las FARC-EP y denunció las tentativas de criminalización de la resistencia al gran capital y al imperialismo y reitero su frontal oposición a la clasificación EE.UU. y la Unión Europea de las FARC - una organización popular armada que hace más de 40 años se propone entre otros objetivos, la lucha por la real democracia en Colombia y por una justa y equitativa redistribución de la riqueza, de los recursos naturales de Colombia y la posesión y uso de la tierra - como organización terrorista.

Desde aquí demostramos también nuestra más profunda solidaridad para con todos aquellos que luchan por una Colombia independiente, soberana y socialista. Las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colômbia - Ejército del Pueblo, representan lo que de más genuino hay en el movimiento bolivariano. La liberación del hombre por el hombre y el fin de la pobreza deberían representar para todos los que denuncian a las FARC-P lanzando mentiras sobre la organización, un valor inestimable.
No se leyó en ninguno de estos blogues nada sobre la solidaridad para con el pueblo colombiano, ni su vehemente protesta contra las condiciones en que vive, ni se leyeron tampoco palabras de protesta contra el gobierno Bush que envía miliares, material de guerra y dinero para la guerra contra la insurgencia del pueblo colombiano. Quien hace referencia a las personas detenidas por las FARC esconde a todos aquellos que estan encarcelados por el gobierno colombiano y por los paramilitares que ese gobierno apoya, así como por el gobierno norteamericano. Se pretende esconder quin realmente lucha por la solución del problema de los presos. Son las FARC y no el gobierno colombiano las que han demostrado voluntad de realizar el canje de prisioneros lo más rápidamente. Han sido las FARC las que unilateralmente deciden liberar algunos presos. Fue el gobierno colombiano quien tantas veces intentó frustrar esta voluntad porque a Uribe, presidente colombiano y exnarcotraficante, le interesa la guerra y no la paz, no se preocupa efectivamente con el problema de los presos ni con sus familias.

Viva Colombia libre, independiente y soberana.

Vivan las FARC-EP
Desde Marquetalia, hasta la Victoria!"
(Texto retirado da página das FARC-EP, exército revolucionário cuja luta heróica se saúda.)

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Contra o terrorismo

Os EUA, que tudo podem, decidiram privatizar, à escala mundial, o dia 11 de Setembro: apague-se, pois, da memória colectiva tudo o que não diga respeito à história oficial, mal contada, da destruição terrorista das Torres Gémeas e do Pentágono.
De seguida, glose-se à exaustão a patranha, primária, redutora, da necessidade de se intensificar a luta do bem contra o mal, devidamente açucarada com a disponibilidade dos povos “civilizados” para prescindirem” de alguma liberdade em prol de mais segurança. Difunda-se com vigor este pensamento bom, porque “único” e ofereça-se como prémio, anualmente, o discurso insano do imperador Bush.
Pelo caminho, apague-se a barbárie de um outro 11 de Setembro, no Chile. Omita-se a destruição das almas gémeas, Allende e Neruda, socialista e comunista unidos na esperança comum de ver a pátria livre da barbárie do capitalismo. Cale-se a dor imensa do povo chileno, dos milhares de perseguidos, torturados e mortos às mãos dos esbirros de Pinochet que actuaram a mando dos EUA.
Cale-se esse outro 11 de Setembro, porque fala demais.
Desde logo porque foi perpetrado pelos mesmíssimos assassinos, por mais que roupagens novas digam o contrário. Quem assassinou Allende comandou os aviões que colidiram contra as torres e o objecto (míssil?) que destruiu parte do Pentágono.
Por outro lado, silenciado o 11 de Setembro de 1973, apaga-se, pretende-se apagar, o rol imenso, infindável, de semelhantes agressões desencadeadas pelos EUA contra os povos, de todos os recantos do mundo, que ousaram ensaiar a mais ténue experiência de uma sociedade diferente.
Extinta a memória, difícil se torna enxergar o real: não pode existir política consequente contra o terrorismo sem combate aos seus mentores e executores principais: os EUA e correligionários