segunda-feira, 30 de maio de 2005

Lagoa das Sete Cidades


A paisagem é deslumbrante: por todo o lado a beleza natural, ainda preservada, interpela-nos os sentidos, impele-nos a ficar. Se algo destoa na ilha de São Miguel, Açores, é a impunidade de que continuam a beneficiar os pedófilos e as ratazanas que os defendem. De Ponta Delgada à Ribeira Grande, das Furnas a Rabo de Peixe; de Lagoa ao Nordeste todos repetem o mesmo sentimento de revolta: prenderam o Farfalha, mas os "graúdos" continuam por aí, destruindo a vida de meninos pobres, sem perspectivas de vida e com famílias que, tantas vezes e a troco de dinheiro, acolhem os abusadores sexuais.
Neste processo imundo, também foi condenado um médico. Que ao contrário do Farfalha, está em liberdade. E até já dá consultas sem qualquer entrave. Agora, terminado o julgamento, o silêncio mediático repôs a impunidade dos canalhas. E eles não tardaram nos ataques.
Alguém pode ajudar as crianças dos Açores?

terça-feira, 24 de maio de 2005

O catastrofista

Onde é que já vi este cenário catastrofista?


Tudo está a ser feito para que o povo aceite sem oposição o conjunto de medidas destinadas a resolver o problema do défice orçamental. Apregoa-se o inaceitável discurso dos “sacrifícios para todos”, como se a responsabilidade pela situação em que nos encontramos não fosse sempre dos mesmos e da mesma política neoliberal.
Se os que peroram de bolsos cheios sobre sacrifícios a impor, parassem um minuto para reflectir, constatavam que afinal a crise não é generalizada: a banca e as grandes empresas auferem lucros assombrosos, que contrastam com as dificuldades das pequenas e médias empresas, com as miseráveis reformas e pensões atribuídas a seres humanos que toda a vida trabalharam. E com os baixíssimos salários de milhares de trabalhadores.
A crise é fruto da impreparação dos que permanecem sucessivamente nos governos, ora pela direita assumida, ora em representação da direita travestida de socialista. E ainda têm o despudor de vir falar-nos em sacrifícios...
As designadas elites têm pés e sentimentos de barro. Não prestam. Para lá da prossecução dos seus interesses pessoais e de grupo, só vêem a submissão aos que adoram de cerviz dobrada . E mantém o País refém da estratégia delineada pelos que lhes pagam para fingir que mandam.
Párias. Repetem o discurso catastrofista. Mas engordam as contas pessoais. Desempenham funções no Estado de forma manifestamente incompetente, mas não hesitam em chutar para os outros a responsabilidade, insistindo no conto do vigário de que “a culpa é dos funcionários públicos”. Ou do Serviço Nacional de Saúde, que almejam igual ao dos EUA, onde os pobres morrem como tordos por falta de assistência médica.
Quem, como Sócrates, repetiu durante a campanha eleitoral, até à exaustão, que não aumentava os impostos, pode agora fazê-lo? Pode. Mas, se o fizer, não espere que o consideremos sério. Isso não.


sexta-feira, 20 de maio de 2005

História da América Latina marcada pelas invasões e conspirações de Washington


A viagem recente da secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice pela América Latina suscitou receio nos povos e governos que são a favor da independência e da soberania nacional. Segundo a opinião geral, o objetivo da viagem foi reforçar o papel de quintal que o poderoso vizinho do Norte atribui à região. Não é possível uma aproximação entre os EUA e a América Latina se constantemente a região é alvo de imposições e ameaças de agressão contra países independentes que contestam a política de Washington, governo que mantém a mesma atitude dos anos da guerra fria.
Cuba e a Revolução Bolivariana na Venezuela são exemplo disso. A história continua os acusando quando, época por época, se constata o protagonismo imposto por Washington mediante agressões militares, ocupação de territórios e de nações, em conseqüência da diplomacia do destino expresso, da fruta madura, do grande porrete, ou da luta atual contra o terrorismo. O interesse desta nação no subcontinente é procurar aliados que apoiem suas intenções militares, políticas e econômicas no mundo, como fonte de matéria-prima para seu bem-estar e como área de segurança geopolítica. Dentro deste panorama, os povos latino-americanos sentimo-nos peões e instrumentos do país do Norte.

A HISTÓRIA NÃO OS ABSOLVE
Desde a independência das 13 colônias, em 1776, e a posterior união republicana até nossos dias, a história dos Estados Unidos reúne a sucessão paralela do maior expansionismo geopolítico, territorial, econômico e comercial jamais conhecido pela humanidade. Na primeira década do século 19, em 1809, o presidente estadunidense, Thomas Jefferson, realizou uma intentona para se apoderar de Cuba, através da Espanha. Propósito que seria estendido à região toda quando, em 1823, Washington proclamou a Doutrina Monroe, que declara que a América Latina é zona de influência do vizinho do Norte. A intervenção no Equador para garantir seus interesses econômicos foi qualificada pelo professor equatoriano Jorge Núñez, de exercício preliminar para intervenções posteriores no Pacífico sul. Apenas tinha decorrido um ano de sua retirada de Guayaquil quando, em 1835, sob o pretexto de proteger seus interesses em El Callao e Lima, os fuzileiros norte-americanos desembarcaram no Peru, aproveitando a guerra civil naquele país e a constituição da Confederação Peruano-Boliviana, em 1836.

Desde então, a intervenção do poderoso vizinho do norte tem estado presente no Panamá, Haiti, Porto Rico, Nicarágua, República Dominicana, Uruguai, Cuba, Chile, Honduras, Colômbia, Costa Rica, México, Equador e Peru, e em outros países. Além de realizar campanhas de extermínio dos índios, as 13 colônias originais multiplicaram por dez sua extensão territorial em menos de um século, mediante um processo de despojo, chantagem e terrorismo de Estado, particularmente com a agressão ao México.

Com sua estratégia expansionista, os Estados Unidos arrebataram a seu vizinho do sul 51% de seu território. Isto é, mais de dois milhões de quilômetros quadrados. Os primeiros passos foram dados em 1819 quando o banqueiro Moses Austin foi autorizado pelo governo do México para se estabelecer no país, com 300 famílias. Em 1835, os colonos norte-americanos domiciliados no rico território texano ultrapassavam a cifra de 60 mil. A fruta estava madura e alentados por Washington proclamaram a independência do Texas, pretexto para que os voluntários norte-americanos interviessem. Em 1846, o Congresso dos EUA aprovou a anexação e ao mesmo tempo as tropas atacaram, atravessaram o rio Grande, ocuparam Veracruz e posteriormente a Cidade do México. Lá morreram heroicamente, em combate, os cadetes da Escola Militar do castelo de Chapultepec. A agressão, qualificada por José Martí como guerra humilhante, terminou com o tratado Guadalupe-Hidalgo, em virtude do qual o México foi despojado, definitivamente, dos territórios que hoje compreendem os estados do Texas, Califórnia (os mais extensos dos EUA) Arizona, Novo México, Utah, Nevada e partes de Colorado e Wyoming. Mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, eqüivalentes à superfície conjunta da Inglaterra, França, Itália, Espanha, Portugal, Holanda, Dinamarca e Suécia.

As perdas econômicas do México foram inestimáveis se observamos que somente a Califórnia produziu muito mais ouro do que o produzido pelos Estados Unidos nas seis décadas anteriores.
Mais uma vez, em 1914, Washington interveio no território mexicano. Foi quando vários tripulantes do cruzeiro ianque Dolphin foram presos no porto de Veracruz, incidente que supostamente tinha sido resolvido quando o presidente Woodrow Wilson foi autorizado pelo Congresso para ocupar, sem declarar guerra, o porto de Veracruz. Esta operação foi realizada com 6 mil fuzileiros. A arrogância ianque veio à tona novamente quando a marinha desse país bombardeou o porto nicaragüense de San Juan del Norte, depois que as autoridades desse país tentassem fazer pagar imposto ao iate do milionário estadunidense Cornelius Vanderbilt. Este incidente serviu de antecedente ao aventureiro William Walker, que operando a favor dos interesses dos banqueiros Morgan e Garrison, invadiu a Nicarágua e proclamou-se presidente, em 1855. Durante os dois anos de dominação atacou a El Salvador e Honduras, onde também se proclamou chefe de Estado.

O vizinho do Norte também interveio na guerra dos cubanos por sua independência do colonialismo espanhol e em 1902 proclamou na Ilha um protectorado, sob controle de Washington. O século 20 foi a época do Grande Porrete: escindiram o Panamá da Colômbia para se apoderarem do canal interoceânico, invadiram militarmente Cuba durante o levante provocado pela reeleição do presidente Tomás Estrada Palma, desembarcam fuzileiros na República Dominicana, intervieram em quatro ocasiões no Panamá, ocuparam o México para apoiar o regime de Adolfo Díaz, invadiram e usurparam o poder por mais de 20 anos na Nicarágua, onde pela resistência das forças, lideradas por Augusto César Sandino, deixaram o controle do país à tirania de Anastasio Somoza, que ordenou o assassinato do líder nicaragüense. Ainda, tornaram o Haiti num protectorado até 1934 e invadiram Honduras para garantir o domínio da banana por parte da United Fruit Company.

Com algumas exceções, reitera-se o apoio de Washington às ditaduras em diferentes países da região: Colômbia, Equador, Venezuela, Cuba, Haiti, República Dominicana, Peru, Uruguai, Argentina, Chile, El Salvador, Guatemala, Honduras, onde foram estabelecidos regimes militares que mataram milhares de pessoas. Esta repressão tentava tolher a ação dos movimentos revolucionários. Não ocultavam a teoria de quintal dos EUA quando armaram um exército de mercenários para derrubar o governo democrático de Jacobo Arbenz, na Guatemala, onde a guerra civil e a desapiedada repressão deixaram mais de cem mil vítimas. Por outro lado, o golpe militar que matou o presidente constitucional do Chile e impôs a tirania fascista de Augusto Pinochet foi o início do Plano Condor, em que as ditaduras militares da Argentina, Uruguai, Chile e Brasil, juntaram métodos e ações repressivas para assassinar mais de 50 mil revolucionários, em 20 anos.

O triunfo da Revolução cubana abriu uma nova etapa no processo revolucionário da América Latina. Mais de 45 anos de bloqueio econômico, atentados terroristas e planos para assassinar o presidente Fidel Castro, organizados pela CIA, não impediram que as ânsias de independência frutificassem em movimentos importantes que tinham como objetivo uma integração latino-americana. Eis a Alternativa Bolivariana para as Américas, assinada recentemente pelos presidentes Fidel Castro e Hugo Chávez.

quarta-feira, 18 de maio de 2005

Abusadores sexuais


"As pesquisas mais recentes vieram confirmar aquilo que os primeiros investigadores descobriram. O Dr. Gene Abel, juntamente com um grupo de colegas, conduziram uma série de estudos sobre delitos sexuais em finais da década de 80, em que era pedido aos criminosos que, de forma voluntária, dissessem quantos crimes sexuais tinham praticado no total. Os resultados deixaram os profissionais da comunidade estupefactos. Duzentos e trinta e dois molestadores de menores admitiram terem tentado praticar mais de 55 mil actos de abuso sexual; alegaram terem sido bem sucedidos em 38 mil destes incidentes que abrangiam um total de 17 mil vítimas. Tudo isto vindo de apenas 232 indivíduos. Os molestadores de crianças de sexo feminino que não viviam com eles contavam uma média de vinte vítimas cada. Embora fossem em número mais reduzido, aqueles que abusavam de crianças do sexo masculino que não habitavam na mesma casa eram ainda mais activos, com cerca de 150 vítimas cada.

Não obstante estes números impressionantes, a maioria destes criminosos nunca foi denunciada. Na verdade, Abel calculou que as possibilidades de um criminoso sexual ser apanhado era de três por cento. Ao que parece, o crime compensa, e o crime sexual parece compensar particularmente bem.

Mas como ter a certeza de que estes indivíduos não estão a mentir? Infelizmente a investigação relativa às vitimas confirma as suas declarações. Num estudo clássico relativo às mulheres adultas da população em geral, a Dra. Diana Russel descobriu – e a pesquisa do Dr. Gail Wyatt veio confirmar – que as taxas de abuso sexual de menores são extraordinariamente elevadas. Vinte e oito por cento das mulheres que constituíam a amostra de Russel tinham sido molestadas na infância aos catorze anos, 38% se incluirmos a faixa entre os 14 e os 17 anos de idade. Tratava-se apenas de abusos com contacto físico – o exibicionismo não foi incluído – e foi também deixado de fora o contacto sexual não violento entre pares. Não obstante, apenas 5% dos abusos sexuais contra crianças reveladas a estes investigadores tinham sido denunciados às autoridades. Os números relativos aos casos masculinos mostram-nos taxas mais baixas mas ainda assim alarmantes. Embora os pedófilos que se inclinam para o sexo masculino sejam extremamente activos, são mais raros que os que molestam meninas. Não obstante, é provável que entre 9 e 16 por cento dos rapazes nos Estados Unidos sejam molestados antes de atingirem a idade adulta."
Anna C. Salter

António Sanches condenado


"O antigo funcionário da Casa Pia António Sanches foi condenado a nove anos de prisão. O Tribunal da Boa Hora deu como provado um crime de abuso sexual de menores e dois de violação. O tribunal sentenciou Sanches a sete anos de prisão por cada um dos crimes de violação e a um ano de prisão por abuso sexual de crianças. Em cúmulo jurídico, aplicou uma pena unitária de nove anos de cadeia. O ex-funcionário foi ainda condenado a pagar uma indemnização de quatro mil euros a um dos menores e 75 mil euros à outra vítima. Este é um dos processos autónomos retirado do mega-processo da Casa Pia. Os crimes foram cometidos entre 2002 e 2003 contra duas crianças de 10 e 11 anos, quando o arguido, agora com 46 anos, desempenhava as funções de fiel do armazém do colégio Nuno Álvares." (SIC online)
Confesso que tenho muita dificuldade em entender como é que um arguido condenado por crimes bárbaros desta natureza, pode aguardar em liberdade o resultado do recurso, sabendo-se que os pedófilos são predadores incansáveis.

Incontornável

Sem comentários

1974

CANÇÃO Nº 5, TÍTULO: E DEPOIS DO ADEUS; INTÉRPRETE: PAULO DE CARVALHO; MÚSICA: JOSÉ CALVÁRIO; LETRA: JOSÉ NIZA; ORQUESTRAÇÃO: JOSÉ CALVÁRIO; DIRECÇÃO DE ORQUESTRA: JOSÉ CALVÁRIO


QUIS SABER QUEM SOU
O QUE FAÇO AQUI
QUEM ME ABANDONOU
DE QUEM ME ESQUECI
PERGUNTEI POR MIM
QUIS SABER DE NÓS
MAS O MAR
NÃO ME TRAZ
TUA VOZ.
EM SILÊNCIO, AMOR
EM TRISTEZA E FIM
EU TE SINTO, EM FLOR
EU TE SOFRO, EM MIM
EU TE LEMBRO, ASSIM
PARTIR É MORRER
COMO AMAR
É GANHAR
E PERDER.
TU VISTE EM FLOR
EU TE DESFOLHEI
TU TE DESTE EM AMOR
EU NADA TE DEI
EM TEU CORPO, AMOR
EU ADORMECI
MORRI NELE
E AO MORRER
RENASCI.
E DEPOIS DO AMOR
E DEPOIS DE NÓS
O DIZER ADEUS
O FICARMOS SÓS
TEU LUGAR A MAIS
TUA AUSÊNCIA EM MIM
TUA PAZ
QUE PERDI
MINHA DOR
QUE APRENDI.
DE NOVO VIESTE EM FLOR
TE DESFOLHEI...
E DEPOIS DO AMOR
E DEPOIS DE NÓS
O ADEUS
O FICARMOS SÓS.

terça-feira, 17 de maio de 2005

11 de Setembro


.

Apelo de Che Guevara em Maio de 1967


"Em quase todo continente americano os capitais dos Estados Unidos mantêm uma primazia absoluta. Os governos fantoches, ou fracos e medrosos, não podem opor-se ao mestre Yankee.
Não há outro caminho: ou Revolução socialista ou caricatura de Revolução.
Isto quer dizer uma guerra longa. Toda nossa acção é um grito de guerra contra imperialismo e um apelo veemente à unidade dos povos contra o inimigo da humanidade: os Estados Unidos. Pouco importa onde a morte nos surpreenderá: que ela seja bem vinda, contanto que nosso grito de guerra seja ouvido, que outras mãos peguem em armas e que outros homens se levantem para entoar cantos fúnebres no meio do barulho das metralhadoras e de novos gritos de guerra e vitória."

segunda-feira, 16 de maio de 2005

Os «coordenadores»

«No Bloco de Esquerda», asseverou Francisco Louçã no encerramento da IV Convenção que o entronizou como «coordenador» da nova «comissão política», «não existe consensos autoritários» como ocorre no PCP. A ilustrar tão retumbante novidade, garantiu de seguida que o BE «é o único partido da democracia do século XXI».Para quem não pratica «consensos autoritários», não está mal esta autoproclamação do BE dono exclusivo da democracia. O que, aliás, só confirma a irreprimível tendência de Louçã para soterrar adversários sob o aluvião das suas singularidades, como ainda há poucos meses o fez com Paulo Portas, quando procurou retirar-lhe o direito à opinião sobre o aborto porque ele, Portas, nunca fizera um filho – prodígio de que Louçã, pelos vistos, se acha peculiar autor.Embalados pela recente subida eleitoral das legislativas de 20 de Fevereiro último, os «bloquistas» lançaram-se a mãos ambas ao projecto político de «crescer». Para isso, deliberaram em moção disputar futuramente o eleitorado... do PS e do PCP.Quanto ao «outro» eleitorado, o que geralmente dá as vitórias à direita, o esquerdíssimo Bloco de Esquerda despreza-o simplesmente, embora Louçã se haja entretanto gabado, algo enigmaticamente, de que a subida do Bloco nas últimas legislativas foi o resultado «da luta contra a direita» reconhecida nas urnas pelos «», suspeitando-se na decorrência de que, para Louçã, quem não vota «Bloco» será mais ou menos aristocrático. Seja como for, o crescimento eleitoral foi a grande obsessão do ajuntamento bloquista, resumido na «conquista da maioria social através de uma profunda modernização e recomposição no campo popular da esquerda», ou seja, que toda a gente deve passar a votar «Bloco», não porque este traga algo de novo ao País, mas porque constitui a «modernização» e a «recomposição» no «campo popular da esquerda».Mais «popular» que isto só a música pimba, na sua insondável popularidade.Mas o Bloco de Esquerda também tomou decisões internas, adequadas à sua repentina «crise de crescimento»: instituiu sanções disciplinares, que podem chegar à expulsão, e criou um novo órgão partidário – a tal comissão política «coordenada» por Francisco Louçã. Como são muito democráticos, as futuras sanções – com ou sem expulsões – não podem castigar «delitos de opinião».Devia ser por isso – para defender, já nesta Convenção, o tal «direito à opinião» – que dirigentes de vulto do BE disseram que os opositores à lista liderada por Louçã «não eram sérios nas suas acusações de falta de transparência da direcção» (Fernando Rosas), que «as críticas de que no BE há os influentes e os que colam cartazes» são «as mesmas críticas que Santana Lopes atirava ao BE» (Miguel Portas) ou que havia quem tivesse «a mania terrível de catalogar pessoas e ideias» (Miguel Portas).A sorte de quem cometeu tais críticas é que as ditas sanções disciplinares ainda não estavam em vigor, o que não impediu, obviamente, que a nova «comissão política», de coordenador à frente, não brindasse com uma severa sisudez os protestos da lista derrotada contra «o divórcio crescente entre a direcção executiva e o resto da organização», a falta de voto secreto na eleição de Louçã, etc. etc.Para rematar, apresentaram como «novidade» a candidatura pelo «Bloco» do advogado José Sá Fernandes à Câmara Municipal de Lisboa, um «independente» que, segundo o Público, andava a «negociar» há um ano com o BE esta candidatura, ao mesmo tempo que se insinuava ser o PCP que se «opunha» a uma coligação por Lisboa com o BE, quando afinal andavam era todos a «marcar terreno» com as ««providências cautelares» contra a gestão Santana Lopes.Enfim, uns verdadeiros «coordenadores»...

Terrorista Posada Carriles trabalhava para a CIA

Segundo o insuspeito PÚBLICO, de 12 de Maio, documentos do FBI, os serviços de investigação norte-americanos, confirmam que o assassino Luis Posada Carriles esteve de facto por detrás do atentado contra um avião cubano em 1976, e isso já enquanto agente da CIA, a espionagem americana. Perante esta confirmação, Vital Moreira permite-se brincar no blogue que edita, escrevendo: "A CIA ajuda Castro "; "Fidel Castro deve rejubilar: vêem, vêem, como sempre dissemos, não passam de agentes a soldo do imperialismo...".
Vital Moreira se pudesse repreendia Carriles e a CIA. Não pelos atentados, mas por se terem deixado apanhar...

domingo, 15 de maio de 2005

Glorioso SLB!


Não há muitos momentos assim. Mas são dias como o de ontem que contribuem para diferenciar, para tornar única no panorama nacional, a realidade benfiquista. Que emoção: 65 mil vozes em coro, "SLB, SLB, Glorioso SLB." E no final a alegria da vitória merecida, a coroar mais de 17 jornadas na liderança do campeonato. À noite, algumas horas depois do jogo, pude cumprimentar Eusébio - simplicidade do tamanho do mundo - e foi bom verificar como a perspectiva de sermos campeões lhe faz bem. Viva o glorioso SLB!

quinta-feira, 12 de maio de 2005

X CIMEIRA IBERO-AMERICANA DE CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO. REPÚBLICA DO PANAMÁ. A 17 DE NOVEMBRO DE 2000.


(Excertos da intervenção de Fidel Castro)

"Vossa Excelência, Senhora Mireya Moscoso;
Majestade;
Excelências;
Distintos convidados,

A situação da Infância não é igual em cada um dos nossos países. A pesar dos avanços atingidos nas últimas décadas, graças em parte às iniciativas promovidas sobre o tema e aos tenazes esforços da UNICEF, a OMS e outras instituições das Nações Unidas com maior ou menor receptividade e apoio dos governos nacionais e sem esquecer o desigual desenvolvimento e os recursos de cada nação, é evidentemente dramática a realidade que no seu conjunto estão a viver as crianças da América Latina. O número de pobres na América Latina e o Caribe já atinge 45% da população total, somam 224 milhões de pessoas, e destas 90 milhões são indigentes. Mais da metade do total de pobres e indigentes são crianças e adolescentes.

Como afirma o Fundo das Nações Unidas para a Infância: "As crianças são as mais batidas pela pobreza. Nenhum outro grupo etário é tão vulnerável. Causa nelas prejuízos físicos e psicológicos que duram a vida toda." Segundo dados da Organização Pan-americana da Saúde, as infecções respiratórias agudas, as doenças diarreicas e as deficiências nutricionais permanecem como três das primeiras causas de morte nos menores de 5 anos. A taxa média de mortalidade em menores dos 5 anos na América Latina e o Caribe no ano de 1998 foi de 39 por cada mil nascidos vivos, com uma cifra de falecidos próxima ao meio milhão de crianças.

As infecções respiratórias agudas, tais como a influenza e a pneumonia, produzem na região um terço de todas as mortes de meninos e meninas menores dos 5 anos; cerca de 60% das consultas pediátricas estão relacionadas com elas, e a maior parte das mortes, que são resultado dessas infecções são evitáveis com um diagnóstico oportuno e tratamento adequado. Entre 20 e 50% das populações urbanas da região vivem em condições desastrosas de aglomeração maciça, extrema pobreza, violência e marginalidade; não têm acesso aos serviços básicos de atendimento primário de saúde nem de saneamento; nas áreas rurais mais de 60% não dispõe deles e 50% não tem água potável. A ausência de sistemas adequados de serviços de saneamento, água potável e assistência médica eleva a mais de 40% os riscos de morte por diarreia, cólera, febre tifóide e outras doenças transmissíveis por diversas vias.

As deficiências alimentares e nutricionais deprimem os mecanismos de defesa das crianças, fazendo-as muito vulneráveis a doenças crónicas não transmissíveis. A CEPAL estima que neste ano 2000 aproximadamente 36% do total das crianças menores de dois anos está em situação de alto risco alimentar. Nas zonas rurais esta ameaça afectaria uma proporção ainda maior, por volta de 46%, devido à generalizada precariedade das condições sanitárias e às maiores dificuldades da população para ter acesso aos serviços públicos de saúde. Estão presentes em sectores pobres da população doenças carenciais; algumas, como a falta de vitamina A, que é uma das principais causas da cegueira, afecta na região 14 milhões de crianças menores de 5 anos.

O custo directo das vacinas para imunizar uma criança menor de um ano contra seis doenças da Infância que se podem prevenir, tais como difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, tuberculose, e tétano não ultrapassa os 80 centavos de dólar. Apesar disso, a Organização Mundial da saúde certifica que em toda a área das Américas, incluindo os Estados Unidos e o Canadá, a cobertura de imunização de crianças menores de um ano contra essas doenças varia entre 85 e 90%, por tal pode-se calcular que mais de 15 milhões de crianças de 0 a 5 anos não são imunizadas em todo o hemisfério contra essas seis doenças.
A média de mortalidade materna na América Latina e o Caribe está próxima às 200 mortes por cada 100 mil nascimentos. Nos países desenvolvidos as cifras variam por volta de 15. Como resultado de todo isto, na nossa região não menos de 50 mil crianças são órfãs de mãe por esta causa. Adicionalmente, por cada mãe que morre, centenas daquelas que sobrevivem sofrem problemas crónicos como consequência da desnutrição e da assistência inadequada durante a gravidez e o parto. Portanto, milhões de mães sofrem de algum problema crónico de saúde motivado pela falta de assistência adequada durante a gravidez e o parto.

Em dois indicadores fundamentais, mortalidade infantil e mortalidade materna, nos países da América Latina e o Caribe morrem cada ano 6,5 vezes mais crianças e 12,6 vezes mais mães que nos países desenvolvidos por cada mil nascidos vivos. Adicionalmente, dos 12 milhões de crianças que nascem cada ano, quase dois milhões são de mães adolescentes. O VIH/AIDS cresce a ritmos perigosos na região e já atinge, segundo dados da ONUSIDA, a cifra de um milhão 700 mil pessoas infectadas. Segundo UNICEF, 65 mil crianças são infectadas cada ano, 90% transmitido pelas suas mães. Os órfãos por esta única causa atingem os 195 mil. As mortes por AIDS na América Latina e o Caribe foram mais de 78 mil.

No que diz respeito à educação, estima-se que um 20% das crianças se matriculam tarde no sistema escolar, 42% repete a primeira classe e 30% repete a segunda classe. Apenas 80% das crianças da região chegam à quarta classe e só 73% à quinta. Oito de cada dez alunos permanecem sete anos na escola, mas a média de escolaridade é aproximadamente de quatro níveis. A cobertura em educação pré-escolar na região, apenas atinge como média, 17%.
Prolifera como uma verdadeira praga o trabalho infantil. Cerca de 20 milhões de crianças menores de 15 anos estão trabalhando. Mais da metade desses trabalhadores infantis são meninas, e a grande maioria realiza trabalhos que nem sequer são reconhecidos nem são recolhidos nas estatísticas oficiais.
Segundo a Organização Pan-americana da Saúde, a violência é uma das principais causas de morte entre as crianças de 5 a 14 anos. Embora não existem cifras exactas do maltrato, diversos estudos da UNICEF colocam que não menos de 6 milhões de crianças adolescentes sofrem agressões severas e que, destes, cerca de 80 mil morrem cada ano vítimas da violência exercida nos seus próprios lares.

Um estudo realizado em 1996 pela Conferência Mundial contra a Exploração Sexual revelou que no ano anterior 47% das meninas que foram exploradas sexualmente em sete países da região foram vítimas do abuso e a violação no seus lares; quase a metade delas tinham começado a actividade sexual comercial entre os 9 e os 13 anos de idade, e entre 50 e 80% delas usavam drogas. São centenas de milhares de meninos e meninas que vivem nas ruas e nalgumas capitais 46% das mulheres dedicadas a prostituição são menores de 16 anos.

Não desejo incluir nestas palavras as causas políticas e económicas, bem conhecidas pelos senhores, que originam esta tragédia. Para concluir, apenas desejo acrescentar —e tenho o dever de fazê-lo— que se a taxa de mortalidade infantil da América Latina e o Caribe fosse semelhante a 6,4% por cada mil nascidos vivos no primeiro ano de vida e a 8,3 de 0 a 5 anos, atingida pela Cuba isolada, fustigada e submetida a uma implacável guerra económica durante mais de 40 anos, quase 400 mil crianças haveriam sobrevivido cada ano; 99,2% teria cobertura de educação pré-escolar; 99,9% estaria matriculado nas escolas aos seis anos de idade; a retenção escolar de primeira a sexta classe seria de 99,7%; ter-se-ia graduado 98,9% do total que começou a primeira classe; deles teriam matriculado o nível secundário 99%; no nível médio superior 99,5% dos graduados do ensino secundário; teriam obtido primeiros prêmios nas Olimpíadas de conhecimentos; não haveria alunos que precisarem de ensino especializado sem escolas; não existiriam analfabetos; a média do nível educacional da população estaria por cima de nove graus escolares; não se veria uma criança menor de 16 anos trabalhando para sobreviver.
A nossa dura experiência tem demonstrado que com pouco se pode fazer muito. Por último desejo exprimir o meu agradecimento a todos os Chefes de Estado e Governo aqui presentes, que salvo dois, votaram a favor da Resolução contra o bloqueio a Cuba no passado dia 9 de Novembro, na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Obrigado"

O canalha


O canalha instalou-se na fortaleza inexpugnável do alegado jornal de referência. Sabia que só poderia crescer sendo lambe-cús e marchando de avental. O que não obstou a que aceitasse a prestativa incumbência. Agora, impaciente por mostrar trabalho, dispara a torto e a direito, desde que os poderosos lá não estejam, porque o que importa realmente é preencher a folha de serviços.
Rapidamente se percebe, porém, que não passa de um aparvalhado. Diz, ornamentando cada frase alheia como se fosse dele, as maiores vulgaridades e não cora ao proclamar-se defensor dos direitos, liberdades e garantias dos outros. Acérrimo defensor da colectividade que se esconde - consta mesmo, manda a verdade dizê-lo, que escreve apenas paramentado com um avental – cedo deliberou que o dono haveria de apreciar que se achegasse aos que combateram as vítimas da barbárie.
E lá foi pressuroso colocar-se ao lado das consciências de aluguer. Insultou, perseguiu, difamou; mentiu e por fim, boçal e subserviente, pegou nas folhas porcas que escreveu e foi mostrar, vaidoso ao dono. Este, insaciável, não tardou a cometer-lhe nova tarefa: “Volta à carga, o avental precisa do asco que produzes e os que sempre mandaram também.” Não, não lhe impuseram que gritasse “A BEM DA NAÇÃO”, não fosse o diabo tecer-lhe a descoberta de antigas cumplicidades legionárias, e a desonra das bufarias e prisões a que se entregou. Encomendaram-lhe processos ainda mais tortuosos: se queres ser do avental o portador-mor, tens que te aplicar, monte de esterco. Isto lhe foi dito a rosnar, já não pelo chefe, mas pelo respectivo cão.
O menino bem comportado, sacou da caderneta quase gorda, acariciou o avental; beijou o retrato do dono multimédia e lá foi sentar-se aplicado na ingente tarefa de produzir mais esterco.
Apesar de tudo, a luta continua meu cretino! Contra a barbárie e contra os figurões!
Por mais processos que inventem. Por mais ameaças que forjem.

quarta-feira, 11 de maio de 2005

Perigo Digital

"Em 1998, Anderson e Roseane navegavam por uma dessas disputadas salas de bate-papo na internet e foram surpreendidos por uma imagem terrível: uma menina com cerca de oito anos de idade, ainda na fase de trocar os dentes, estava nua, acorrentada pelo pescoço e pelos braços e sendo violentada por um adulto. Impressionado, o casal passou a se empenhar em identificar aquela criança, com o intuito de levar o criminoso para a cadeia. Depois de buscar vários caminhos, Anderson e Roseane descobriram que a menina fazia parte de uma relação de crianças desaparecidas nos Estados Unidos e seu paradeiro jamais foi localizado. O homem que a estuprou não foi identificado até hoje. Desde 1998, porém, o casal corre atrás dos pedófilos virtuais e de responsáveis por páginas de pornografia infantil que se multiplicam na internet na mesma proporção com que cresce o número de usuários da rede mundial de computadores.
“Criamos um site chamado Censura e recebemos denúncias de pedofilia na internet de todo o mundo. Encaminhamos as denúncias para as polícias do Brasil e do Exterior, mas os resultados ainda são muito tímidos e vivemos sofrendo ameaças”, lamenta a advogada Roseane. A cruzada protagonizada pelo casal é admirável. Nesses seis anos de trabalho voluntário, Anderson e Roseane elaboraram três dossiês com 6,8 mil denúncias envolvendo páginas virtuais no Brasil e no Exterior. O levantamento é alarmante e deixa claro que as vítimas dos pedófilos não são apenas crianças em situação de abandono.
Pelo contrário, a barbárie atinge qualquer criança. Imagens como a que impressionou o casal são cada vez mais fáceis de ser encontradas em qualquer computador caseiro. Basta estar conectado à internet para ter acesso a elas ou, o que é pior, para que crianças internautas venham a ser vítimas de um dos crimes que mais proliferam no planeta. Pedófilos de todos os continentes encontram na rede mundial um campo fértil e praticamente impune para atuar – seja para satisfazer seus fetiches, seja para recrutar suas vítimas, principalmente nas salas de bate-papo. Isso significa que uma criança conectada a um chat, por exemplo, pode estar sendo vítima de um aliciamento. E as crianças brasileiras estão bastante vulneráveis a esse crime.
Segundo a Telefono Arcobaleno, associação italiana para a defesa da infância, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial dos sites dedicados à pornografia infantil. A entidade trabalha com informações do FBI (a Polícia Federal dos Estados Unidos), da Interpol e de polícias de vários países. Em seu balanço anual de 2003, catalogou pornografia infantil em 17.016 endereços na internet – desses 1.210 são brasileiros. Número que diminuiu drasticamente nos últimos seis meses, pois a legislação brasileira passou a considerar crime o fato de se publicarem na internet imagens de crianças em situação de abuso sexual. O problema é que a medida não significa uma redução da criminalidade. “Na verdade, a única coisa que mudou foi a hospedagem dos sites. Saíram do Brasil para provedores de outros países”, diz Paulo Quintiliano, perito-chefe do setor de crimes cibernéticos da Polícia Federal, em Brasília.

Problema caseiro – Há dez anos, os pedófilos precisavam recorrer a clubes fechados para trocar informações ou satisfazer seus torpes prazeres. Hoje não. “A internet facilita o contato dos pedófilos com suas vítimas, pois nos chats e blogs eles assumem qualquer personalidade e usam a linguagem que mais cativa o interlocutor virtual”, alerta Sandro D’Amato Nogueira, membro da World Society of Victmology (W.S.V.), nos Estados Unidos, entidade internacional que estuda o comportamento das vítimas de crimes no mundo. Com um terreno tão fértil, os frutos dessa bandidagem são consideráveis. Estudos realizados pela Interpol avaliam que a pornografia infantil virtual movimenta cerca de US$ 5 bilhões anualmente. A psicóloga Dalka Chaves de Almeida Ferrari, coordenadora do Centro de Referência às Vítimas de Violências do Instituto Sedes Sapientiae – CNRV –, na capital paulista, também alerta para os perigos virtuais a que estão expostas as crianças. “Pela via online é mais fácil aliciar os pequenos”, afirma. Foi identificado, segundo Dalka, que o público-alvo desses aliciadores são crianças internautas com oito anos em média. “É que, nessa idade, as crianças têm pouca, ou quase nenhuma, capacidade de evitar o assédio ou resistir a ele”, explica.

Palavras mágicas – Habilidosos, os pedófilos criam mecanismos para atrair crianças utilizando a própria linguagem infantil. A violência cibernética se concretiza, basicamente, em dois níveis: um deles consiste em conquistar a garotada para a prática sexual ou buscar nessa criança o objeto para a exposição de fotografias em situações eróticas. O outro é jogar para as crianças imagens pornográficas sem a menor cerimônia e, a partir delas, estabelecer um vínculo promíscuo. Para isso, é frequente a estratégia de estabelecer um link entre uma palavra comum ao vocabulário das crianças – como, por exemplo: kids, Mickey, ninfetas, chiquititas e outras – e os mecanismos de busca. Os menores, dentro de suas próprias casas ou até nas escolas, digitam qualquer uma dessas palavras numa pesquisa em sites de busca e em poucos segundos estará diante de centenas de imagens com conteúdo de pornografia infantil.

Segundo levantamentos feitos pelo FBI e pela Interpol, não é raro encontrar os aliciadores de menores em seus próprios lares ou nos lares de coleguinhas das vítimas. “Às vezes, a criança envia uma foto para um colega de classe e essa imagem acaba caindo na rede dos pedófilos. Ou porque alguém ligado ao colega que recebeu a foto está numa rede de pedofilia, ou porque a imagem foi colocada em algum blog e, com isso, se tornou pública”, alerta Anderson Batista, fundador do site Censura. No Brasil, pesquisas catalogadas pelo WSV apontam que 80% das crianças que sofreram qualquer tipo de abuso sexual foram agredidas dentro de casa. “Socorro, sou uma fraca e preciso de ajuda. Descobri que meu marido fotografa nossa filha, de sete anos, nua, e troca essas imagens na internet...”. Esse desabafo de uma mãe desesperada compõe uma das 1.650 denúncias encaminhadas, há quatro meses, por Anderson e Roseane à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investigou a exploração sexual de crianças e adolescentes no País. “Este é o terceiro dossiê que entregamos às autoridades desde que começamos o trabalho, mas os resultados têm sido pífios”, garante Anderson. "

terça-feira, 10 de maio de 2005


O filho do homem

O mundo parou
A estrela morreu
No fundo da treva
O infante nasceu.

Nasceu num estábulo
Pequeno e singelo
Com boi e charrua
Com foice e martelo

Ao lado do infante
O homem e a mulher
Uma tal Maria
Um José qualquer.

A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou.

O dia o fez branco
Branco como a luz
À falta de um nome
Chamou-se Jesus.

Jesus pequenino
Filho natural
Ergue-te, menino
É triste o Natal.

Vinicius de Moraes

Liberdade


Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
Transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhoso de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.

Armindo Rodrigues

segunda-feira, 9 de maio de 2005


«Hoje, no dia 8 do mês de Maio de 1945, acabou na Europa a Segunda Guerra Mundial. Até que enfim - zumbiu a meu lado a voz melíflua de um cavalheiro. Até que enfim, concordei eu, confuso de alegria, saltando do eléctrico para me embeber na multidão ruidosa com bandeiras nas mãos, nas tranças das garotas, nos gritos dos cortejos – Vitória! Vitória! – e nos paus de vassoura sem bandeira. Desceu finalmente o pano sobre esse pesadelo com bichos de aço, pilhas de mortos e cidades a arder, onde só faltava também cair a lua minada de explosivos para completar o peso da metralha. Desvaneceram-se as noites suadas de angústias, com as mãos fincadas nos aparelhos de rádio, quando o desespero dos momentos cruciantes acordava nos homens o dom de perceber todos os idiomas do planeta.»

Texto de José Gomes Ferreira, in O Mundo dos Outros

VITÓRIA


"Em 8 de Maio de 1945 a 2.ª Guerra Mundial chegava ao fim e por todo o mundo os povos celebraram a libertação dos horrores a que o nazismo havia submetido grande parte do Planeta. Na vitória, destaque para os sacrifícios consentidos pelo povo soviético - que somaram 20 milhões de vítimas da guerra e do terror nazi - e para a inteligência, coragem e determinação do Exército Vermelho, dirigido pelo Partido Comunista da União Soviética, que esmagou o III Reich e entrou vitorioso em Berlim." Avante

sexta-feira, 6 de maio de 2005


Boa Noite!

Anna C. Salter


Nesta obra Anna Salter proporciona-nos um olhar directo sobre o alarmante problema da pedofilia. Baseado na sua experiência em lidar com vítimas e ofensores, a autora elaborou um livro sem respostas milagrosas mas que ajuda os pais a saberem reconhecer e em última instância a impedir os agressores sexuais de se aproximarem das crianças. Apesar da publicidade que envolve muitos casos mediáticos, Salter acredita que existem ideias erradas relativamente aos invasores. “A maioria dos crimes são premeditados e meticulosamente planeados, e menos de 5% são punidos” avança a autora. Por meio de algumas tácticas de prevenção como controlar o acesso à Internet das crianças, disponibilizar-lhes um telemóvel e utilizar em casa sistemas de segurança apropriados, a estratégia passa por reconhecer potenciais pedófilos, não esquecendo pessoas conhecidas (amigos, vizinhos, colegas ou professores) e personalidades de elevado estatuto social, que por vezes se escudam na sua condição, para enganar na perfeição os pais das crianças indefesas. Uma obra absolutamente indispensável de uma psicóloga doutorada em Harvard, que dedicou os últimos vinte anos da sua carreira ao estudo de criminosos sexuais.
Sinopse elaborada pela Editorial Presença

Guardando Rebanho


António Carvalho de Silva Porto

quinta-feira, 5 de maio de 2005


Na mesa ao lado da minha, já se comentava, a um minuto do fim, que os holandeses estavam na final. Não! Uma equipa unida em torno de um ideal e ciente de que vale sempre a pena lutar, é indestrutível. Que exemplo de dignidade.

Saudade



O BURGUÊS

A gravata de fibra como corda
amarrada à camisa mal suada
um estômago senil que só engorda
arrotando riqueza acumulada.

Uma espécie de polvo com açorda
de comida cem vezes mastigada
cadeira de braços baixa e gorda
de cómoda com perna torneada.

Um baú de tolice. Uma chatice
com sorriso passado a purpurina
e olhos de pargo olhanando de revés.

Para dizer quem é basta o que disse
é uma besta humana que rumina
é um filho da puta é um burguês.

Ary dos Santos

Saudade


Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

NATÁLIA CORREIA, 1982

Poema do Ser Inóspito


Turquia

No cubículo estreito onde a criança
dorme no homem como um ser inóspito,
duplas são as paredes e, na boca,
uva de moscatel, açaime de aço.
Dorme, criança, dorme.
Não deixes ficar mal os que acreditam
no mito da inocência.
Dorme, e espera que os homens se aniquilem
enquanto dormes.
Reduz-te a imaginar como serão as flores,
os insectos, as pedras, as estrelas,
e tudo quanto é belo e se reflecte
nos olhos das crianças.
Imagina um luar que cresce e aquece
e faz da tua carne flor de loiça,
orquídia branca que o calor não cresta.
Imagina, imagina.
Mas, sobretudo, dorme.

António Gedeão

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Alegados jornalistas

Alegadas vítimas, repetem à exaustão. Alegadas? Depois de horas de exames no Instituto de Medicina Legal, realizados por peritos competentes e imparciais, a conclusão foi inequívoca: todos os miúdos observados sofreram abusos sexuais reiterados, que os marcarão física e psicologicamente para toda a vida. Mesmo assim os cronistas do reino persistem na ofensa e colocam em causa o imenso sofrimento de crianças e jovens. Ainda bem que os que escreveram sobre as vítimas do nazismo e dos diversos fascismos, não aprenderam com estes artistas. Mais jornais, rádios e televisões. E cada vez mais a voz do dono.

terça-feira, 3 de maio de 2005


Menina Afegã

TERRA


Podes?

Podes vender-me o ar que passa entre teus dedos
E golpeia teu rosto e desalinha teus cabelos?
Talvez possas vender-me cinco moedas de vento?
Ou mais, talvez uma tormenta?
Acaso me venderias ar fino – não todo –
O ar que percorre teu jardim de flor em flor
E sustenta o voo dos pássaros?
Dez moedas de ar fino, me venderias?
O ar gira e passa na asa da mariposa.
Ninguém o possui. Ninguém!
Podes vender-me céu?
Céu azul por vezes, ou cinza, também às vezes,
Uma parte do teu céu, o que compraste, pensas tu,
Com as árvores do teu sítio, como quem compra o tecto com a casa?
Podes vender-me um dólar de céu?
Dois quilómetros de céu, um pedaço,
O que puderes, do “teu” céu?
O céu está nas nuvens. Altas passam as nuvens.
Ninguém o possui. Ninguém!
Podes vender-me chuva?
A água que forma tuas lágrimas molha tua língua?
Podes vender-me um dólar de água da fonte?
Um nuvem crespa, me venderias?
Ou, quem sabe, água chovida das montanhas?
Ou água dos charcos, abandonada aos cães?
Ou uma légua de mar, talvez um lago?
A água cai e corre. A água corre. Passa.
Ninguém a possui. Ninguém.
Podes vender-me terra?
A profunda noite das raízes, dentes de dinossauros,
A cauda espessa de longínquos esqueletos?
Podes vender-me selvas já sepultadas, aves mortas,
Peixes de pedra, enxofre dos vulcões,
Milhões e milhões de anos em espiral crescendo?
Podes vender-me terra?
Podes vender-me?
Podes?
A tua terra é terra minha, todos os pés se apoiam nela.
Ninguém a possui. NINGUÉM!

Nicolás Guillén

CENSURA


Os amigos ajudam-se uns aos outros: mesmo pública, a televisão é para servir os padrinhos. Antes de sair o livro, marca-se a entrevista, manifesta-se um interesse, porventura exarcebado, em falar dele. Publicada a obra, denunciados os meandros do escândalo, vergastados os padrinhos, o lápis implacável escreve a sentença: omitir é imperioso. Porque aquilo de que não se fala não existe. Sim, nós sabemos quem eles são e de onde vieram. E também o quanto podem. Mas não há tesoura "que corte a raíz ao pensamento". A luta continua!

El niño


El niño aprende lo que vive:
Si vive con tolerancia aprende a ser paciente
Si vive criticado aprende a condenar
Si vive con aprobación aprende a confiar en sí mismo
Si vive engañado aprende a mentir
Si vive en equidad aprende a ser justo
Si vive con vergüenza aprende a sentirse culpable
Si vive con seguridad aprende a tener fe en sí mismo
Si vive hostilizado aprende a pelear
Si vive en la aceptación y la amistad aprende a encontrar el amor en el mundo.

Dr. Pedro Barreda