segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A corja

Enquanto os jornalistas do sistema se divertem com a morte de um dirigente da Coreia do Norte, que se fosse rei mereceria dos mesmos os melhores encómios, o país vai soçobrando desgovernado por um bando de malfeitores. Aduladores profissionais, sofistas bem pagos e indiferentes à sorte de um povo confrontado com uma corja de vigaristas ressabiados com o 25 de Abril e descendente de fascistas, pides e bufos, competem para ver quem escreve a piada mais boçal sobre um morto.

Entretanto, a direita ultraliberal aplica o programa económico do governo de Pinochet, arrasa direitos, faz recuar o país para os tempos negros do fascismo, mata qualquer réstea de esperança. E não há um só desses lacaios capaz de apontar a evidência: não temos governo, estamos sitiados por um gangue, uma seita de ladrões.

Basta pensar na evidência: se cada um dos membros da organização de Passos Coelho ganhava, antes de desempenhar as ministeriais funções, centenas de milhar de euros por ano - e conhecendo-se a sua gula por dinheiro - a que título aceitariam ir para o governo ganhar o que eles próprios consideram a "módica" retribuição de ministro? 

Patriotas não são, como bem se alcança pela vergonhosa submissão à troika. Logo, só há uma resposta: a módica remuneração esconde, prestativa, a choruda corrupção. E nisto reside a governação capitalista; à vez, ps/psd e cds abocanham a riqueza do povo, servem-se e às respectivas clientelas. quando o roubo alastra e caem podres de ricos, os irmãos gémeos com nomeação diferente, ocupam os lugares e continua a festa.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Obrigado, filha!

A minha filha contou-me que fez, na escola, uma redacção. De manhã foi visitar a praia das Avencas e de tarde foi à grande manifestação da CGTP. “Sabes, pai”, contou-me admirada e orgulhosa, “escrevi que tinha dado um beijinho ao Jerónimo e ao Francisco Lopes e os meus colegas de turma nem sequer sabiam de que Partido eram os pais”.

Quando se deitou, pediu-me, como faz habitualmente, para lhe contar uma história. Só tem uma exigência habitual: que a história seja inventada por mim. Mas hoje à noite, acrescentou um requisito: “Fala-me da camponesa que os pides mataram por lutar contra a miséria”. E eu falei.
Por estas e por outras, quando me dizem que a História chegou ao fim, o desprezo que nutro pelos que sempre claudicam ante as adversidades, faz-me rir. A História avança e mesmo que os poderosos façam “planos para mil anos”, como dizia o poeta, estou certo de que também a minha Rita, milhões de ritas em todo o Mundo, empunhará a bandeira dos que lutam contra a opressão e a iniquidade.
Obrigado, filha!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

SOU COMUNISTA!


Sou comunista há mais de 30 anos. Carregado de defeitos e imperfeições, mas comunista. Como afirma Nicolás Guillen, o grande poeta cubano, sei que não sou perfeito, nem puro, se é que isso existe. Mas comunista sou e quero continuar a ser. O sonho que me anima é tão natural como a mais comezinha necessidade fisiológica. Com o Che e tantos outros que nele represento, partilho a indignação ante qualquer injustiça e procuro combatê-la da melhor forma possível. No Partido Comunista Português aprendi muito do que sou e tornei-me infinitamente melhor.
Aprendi, por exemplo, a expressar livremente a minha opinião, a criticar e criticar-me e sobretudo a trabalhar para responder a uma questão essencial: como tornar melhor a vida aos seres humanos?
 
Amo o PCP e considero que com a sua existência preencheu uma das mais belas páginas da nossa História. No Partido somos todos iguais, em direitos e deveres, e fazemos da luta e das propostas fundamentadas a nossa específica forma de ser. Sem procurar benefícios pessoais, tachos ou mordomias tão comuns entre os outros. O nosso estandarte, a foice e o martelo, sempre acompanhados da estrela que simboliza o Internacionalismo Proletário, tem passado de geração em geração empunhado por um colectivo de homens e mulheres de todas as idades. Ninguém como os comunistas tem lutado tanto em Portugal pela Liberdade e pela Democracia.
 
E no entanto, continuam a investir contra o nosso ideal e projecto de sociedade com os mesmos argumentos que salazar, o assassino cruel, repetia à exaustão.
 
Agora, por todo o lado, pretendem os democratas de pacotilha e bolsos recheados, proibir os comunistas e de novo sujeitá-los à clandestinidade. Pois que venham: hão-de encontrar-nos onde sempre estivemos. Ao lado do povo e com a disposição de jamais o trairmos. Temos sobre nós a difícil responsabilidade de preservar o exemplo de heróis como Dias Lourenço, Álvaro Cunhal, Carlos Costa,Joaquim Gomes; Militão Ribeiro e tantos outros. E não há aprendizes de feiticeiro que nos intimidem.
 
Viva o PCP!
Viva Portugal!







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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O triunfo dos porcos

O Tribunal de Justiça da União Europeia proibiu o uso do brasão da antiga União Soviética como marca registada na União Europeia.
A questão foi desencadeada em 2006 por um estilista russo, que pretendeu registar o brasão da URSS como marca, no espaço comunitário. As autoridades comunitárias rejeitaram de imediato a pretensão, argumentando que se tratava de um «simbolo de despotismo» em alguns Estados membros, nomeadamente os da antiga «Cortina de Ferro».

E o douto Tribunal foi chamado a pronunciar-se – o que fez agora, passados cinco anos, sentenciando que «Deve ser recusado o registo de uma marca, se esta for contrária à ordem pública e aos bons costumes numa parte da União», chegando ao cúmulo de invocar uma «lei húngara».
Anotemos como o acórdão não fugiu, nem numa vírgula, ao decidido cinco anos antes pelos patrões da UE, o que diz o suficiente sobre este Tribunal.

E chegou a hora de perguntar aos doutos juízes «da Europa»: de que «defesa da ordem e dos bons costumes» é que falam? A «defesa» que mantém «na ordem» os actuais 30 milhões de desempregados na zona euro? Os «bons costumes» que estão a desalojar milhões de famílias das suas casas pela cupidez da finança e da especulação que, concomitantemente, acumulam fortunas colossais fazendo alastrar a miséria em mancha de azeite pela outrora «Europa dos ricos»?

Em contrapartida, de que acusam a URSS? A de ter sido o primeiro país do mundo a pôr em prática, e para todos os cidadãos, valores universais como o direito ao trabalho, à habitação, à saúde, à educação, à reforma, às férias, aos tempos livres – e tudo isto sempre constante ao longo dos seus 74 anos de existência - e assim obrigando a «Europa dos ricos» a fazer o seu «Estado social»? Por ter sido o país que acabou com o racismo e a xenefobia num território que é o sexto da terra emersa do planeta, dando aos seus mais de 100 povos e necionalidades todos os direitos atrás enunciados, mais línguas escritas para todos e, em cada uma delas, vertidas todas as obras publicadas no país?

Ou, externamente, por ter sido o país que libertou a «Europa dos ricos» da besta nazi, à custa de 20 milhões de mortos soviéticos e furando os planos aos «ricos da Europa», que almejavam a destruição da URSS? Ou será por a URSS ter admitido a criação do Estado de Israel - agora tão incensado, pela deriva cripto-fascista que o sionismo lhe imprimiu – e que nunca teria existido sem o consentimento da URSS?

Em 1945, George Orwell escreveu uma fábula chamada «O triunfo dos porcos», procurando demonstrar que «os ideiais comunistas» desembocavam sempre numa ditadura. Vinte anos depois da queda da URSS, o capitalismo tomou o freio nos dentes espalhou, como mancha de azeite, a miséria, a injustiça e a retirada de direitos sociais adquiridos. E falam de poleiro, como se apenas o sistema capitalista fosse a solução.

Este acórdão dos doutos «juízes europeus», afinal, faz ricochete no livro de Orwell: perante a «obra» de miséria realizada, «O triunfo dos porcos» instalou-se foi na «Europa dos euros».

Henrique Custódio, in AVANTE! de 22/09/2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A cambada

Não há, por parte da política de direita, uma estratégia que vise a preservação de Portugal livre e soberano. Quem nos tem governado acha, aliás, o tema fora de moda e perora, prolixamente, sobre a modernidade ajustada às mordomias e prebendas de que desfruta.
Acredito que Portugal tem futuro longe de ser a lixeira da Europa ou uma espécie de Canárias onde os tarados sexuais afluem para se satisfazer.
Se lermos o programa do actual governo, nada se encontra que preveja a retoma do país o que só poderá passar pelo incremento e diversificação da produção nacional. Neste sentido, Passos Coelho e Portas são ainda mais mesquinhos que os monarcas medievais que, apesar de tudo, desenharam medidas tendentes a desenvolver o país.
Pessoalmente, considero que só a luta determinada, corajosa e coerente pode derrotar estas alimárias babadas na ânsia de enriquecer a qualquer custo. Para eleas, o país não conta. Por isso, como grasna agora Seguro, querem mais federalismo. Do que se trata é de conseguirem que algo mude para que os privilégios de que desfrutam permaneçam imutáveis. Cambada de bandidos.

domingo, 11 de setembro de 2011

O 11 de Setembro

Eis alguns 11 de Setembro (que cada setembrista adoptará como Setembros amigos e Setembros inimigos): 

·  11 de Setembro de 2001 – Ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque, reivindicado pela organização de Bin Laden, ex-agente dos USA. O crime saldou-se em 3.000 mortos. 

·  11 de Setembro de 1973 – Golpe militar encabeçado por Pinochet no Chile contra o Governo Democraticamente Eleito. O crime saldou-se em 10.000 mortos e desaparecidos , milhares de prisioneiros, milhares de expulsos dos empregos e das escolas e milhares de exilados. Pinochet foi acidentalmente preso em Londres e, meses depois, libertado pelas maquinações do Eixo do Bem. Ao contrário do intocável Pinochet, Milosevic, que desobedeceu às directivas imperiais, ficou sujeito ao Tribunal da NATO, também conhecido por TPI/Tribunal Penal Internacional, em Haia. 

·  11 de Setembro de 1973 – Governo israelense toma a liberdade de expulsar Arafat da Palestina, medida suspensa por pressão internacional. 

·  11 de Setembro de 1973 – Primeira reunião clandestina dos militares do MFA/Movimento das Forças Armadas, no Alentejo, preparando o derrube da ditadura terrorista portuguesa, apoiada ou tolerada pelas democracias ocidentais , com os USA à cabeça, pela NATO e por outras instituições definidoras e reguladoras do Eixo do Bem e do Eixo do Mal. 

·  11 de Setembro de 1965 – Chegada ao Vietname da 1.ª Divisão de Infantaria dos Estados Unidos, prenunciando a escalada de um conflito com mais de dois milhões de mortos vietnamitas e 58.000 filhos dos USA, a estes últimos se adicionando 2.800 desaparecidos . 

·  11 de Setembro de 1917 –Data de nascimento de Ferdinando Marcos, ditador das Filipinas (governava por decreto), sanguinário e intocável, besta sagrada da Grande Corrupção e fantoche do Eixo do Bem. Após se tornar insustentável a manutenção do friend Ferdinando, os USA hospedaram-no no Hawai, em 1986, onde gozou da fortuna até que o Além decidiu abatê-lo ao efectivo terrestre no ano de 1989 da Era Cristã. 

·  11 de Setembro de 1902 – Data de nascimento de Bento Gonçalves, operário e revolucionário, secretário-geral do Partido Comunista Português, assassinado, em 1942, no Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde. 

·  11 de Setembro de 1840 – Bombardeamento de Beirute pela Grã-Bretanha, já na altura apostada na guerra preventiva contra o poder árabe e islâmico. Não dispomos do balanço letal das canhoeiras de Sua Majestade. De resto, em meados do séc. XIX, a vida de um libanês não merecia tratamento estatístico: ainda valia menos do que hoje a vida de um libanês, de um palestiniano, de um afegão, de um iraquiano ou de qualquer opositor, resistente, terrorista nouvelle vague ou terrorista amigo descartável. 

·  11 de Setembro de 1217 - Arremetida cristã contra a praça de Alcácer do Sal, a Porta do Algarve . Os bispos de Lisboa e Évora, coadjuvados pelo abade de Alcobaça e pelas Ordens dos Templários e dos Hospitalários e negociada uma coligação (já há oito séculos se promoviam coligações) com os expedicionários do Norte da Europa que se dirigiam para a Terra Santa , lançaram uma ofensiva da cruz e da espada. A empresa foi, mais uma vez, contra os mouros e, desta vez, contra a vontade do rei D. Afonso II, ausente no Norte (e de resto, excomungado pelo Sumo Pontífice Romano, devido a disputas de poder e de propriedades). Não há registos fiáveis de baixas, embora os cristãos houvessem asseverado que mandaram para os anjinhos milhares de infiéis, graças a uma arma de destruição maciça então proliferante: uma cruz que irrompeu nos céus. 

Pelo exposto, não teremos de aceitar o 11 de Setembro de 2001 como novo marcador/divisor da História, o Antes e o Depois de Cristo de Nova Iorque. É certo que foi um acto de terrorismo contra um sistema terrorista, sendo o seu maior delito haver alvejado seres humanos apenas teoricamente responsáveis por sufragarem com o seu voto e a sua passividade o sistema em vigor. É certo que se tratou de um acto hediondo, de contornos ainda por descodificar em toda a extensão da trama. É certo que tem sido um providencial pretexto para a militarização e a policiação do mundo pelo Reich anglo-saxónico. É certo que o Império organizou exéquias universais, obrigando os governos-satélites, a comunicação social dominada e dominante e os escribas dos faraós do Far-West a demonstrar luto, repetidas condolências, lágrimas convulsas. Mas o pesar pelas vítimas de Bin Laden não deverá fazer olvidar as vítimas dos Estados Unidos e demais potências imperiais, coloniais, invasoras e espezinhadoras de todos os tempos e lugares. Temos muitos 11 de Setembro para reflectir. 


Excerto de um texto de César Princípe

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais uma grande Festa do Avante!


Quem foi à Festa, descobriu um país diferente. Construída com a abnegação dos militantes comunistas e de muitos amigos do PCP, a Festa é um espaço de amizade alegria, determinação, fraternidade e luta como não há igual. Durante três dias é possível sentir que o projecto do PCP para Portugal é, além de profundamente humanista, a comprovação de que outro caminho é possível.
Um caminho soberano, digno, independente. Um percurso que recusa o fatalismo a que os colaboracionistas da troika, ps/psd e cds nos querem condenar. Um projecto que mostra, a quem quiser ver sem preconceitos, que Portugal tem futuro e tem gente capaz de o transformar no país livre que Abril anunciou.
Da Cultura ao Desporto, da Política ao Lazer, da Resistência à Luta, não há área sobre a qual os comunista portugueses não possuam reflexão e propostas inovadoras. Visita-se a Atalaia e é impossível não ficar enojado com as patranhas que nos impingem sobre os comunistas. Gente da melhor, digna e corajosa, profundamente solidária, com memória, os comunistas portugueses são hoje a melhor garantia de que Portugal pode contar com milhares de seres humanos dispostos a garantir a sua independência e a construir o seu futuro como pátria livre e igual a outras nações.
Por isso são tão difamados. A burguesia lusitana é hoje a herdeira da nobreza fundiária que em diversos momentos da nossa História se dispôs a vender a pátria para conservar mordomias e benesses.
Saí da Atalaia revigorado.  A luta continua. Com o PCP cada vez mais prestigiado.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Voto CDU!


Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!
Ary dos Santos
Lisboa, Julho-Agosto de 1975

terça-feira, 3 de maio de 2011

O sistema

Proponho um exercício simples: reuna-se numa sala um grupo de pessoas, trezentas por exemplo, e coloque-se a debate a situação do país e as posições dos respectivos partidos. Não tenho a menor dúvida que o PCP congregaria um apoio quase unânime. Porque as pessoas gostam de verdade, coerência, honestidade e trabalho. Durante os cerca de 14 anos em que realizei plenários de trabalhadores foi sempre isso que sucedeu.
Ora, se eleitoralmente isso não acontece, onde estará o problema?
É assim tão complicado entender o resultado do trabalho sujo desenvolvido pela comunicação social dominante, propriedade da classe que só o PCP combate?
O sistema e regime em que vivemos são antidemocráticos e as eleições uma farsa. Ganha quem o capital determina, o resto são meros frutos conjunturais traduzidos em décimas acima ou abaixo das expectativas. Concordo, por isso, com a posição do PCP, para quem as eleições são apenas uma frente de luta e nem sequer a mais importante. As eleições são disputadas num quadro profundamente desigual para as forças concorrentes, com o exacerbar da bipolarização e a lavagem de corruptos e ladrões, que se apresentam asssim de roupa lavada.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Eleições a 5 de Junho



Eu vou votar na CDU, porque tendo sempre confiado o meu voto a essa força política nunca me desiludiu e sempre falou verdade aos portugueses. Exactamente por isso, hoje apagam a posição do PCP sobre questões que denunciou há anos. 

Foi assim aquando da adesão à CEE. Foi assim quando os burocratas decidiram o rumo do federalismo. Assim quando deliberaram privar o povo português de um instrumento fundamental de soberania, a moeda.

Só o PCP denunciou - e na altura chamaram-lhe catastrofista - que a destruição do nosso sector produtivo nos levaria a ser o caixote de lixo da europa rica. 

Mário Soares foi o malfeitor inicial, o mestre da banha da cobra servida com promessas de futuros radiosos. Com ele e depois com outros como ele, nomeadamente com Cavaco Silva, destruiram as pescas, a agricultura, a metalurgia, a construção naval, a esperança.

Ao contrário do que apregoam, as eleições não são para o Governo, mas sim para a Assembleia da república. E aí é fundamental reforçar a posição do PCP. Mais votos e mais deputados, para uma verdadeira alternativa de esquerda, que rompa com o neoliberalismo e os políticos vigaristas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

As consciências de aluguer

Com raríssimas excepções, os media estão pejados de consciências de aluguer que reproduzem, em coro síncrono, a voz dos donos. Omniscientes, peroram sobre tudo e convergem na defesa do pensamento único. A proliferação de jornais, rádios e televisões, ao contrário do que apregoaram os cultores de princípios grandiloquentes, significou uma redução do pluralismo informativo e por essa via, uma diminuição brutal da democracia.

O papel dessas prostituídas consciências na derrocada que nos atingiu ainda está para ser devidamente estudado. Viu-se agora, a propósito do discurso de Cavaco Silva na tomada de posse, como se esforçaram. Cavaco diagnosticou a situação, mas escondeu as causas e o papel determinante que teve na destruição, nomeadamente, da nossa capacidade produtiva. Apelou aos jovens com frases lindas que esconderam ter sido autor, depois de Mário Soares, dos maiores ataques à estabilidade no emprego e ao papel social do Estado. Basta ver, por exemplo, quem legalizou, em 1989, a moderna escravatura laboral pomposamente designada de subcontratação.

O paradigma de sucesso de Cavaco Silva chama-se Dias Loureiro e afins. Mas os loroteiros de serviço esconderam tudo e apregoam a requentada receita de Cavaco como o melhor dos elixires. Pelo caminho silenciaram o óbvio: Cavaco é cúmplice do actual governo e não tem legitimidade para criticar.

Razão teve ontem Agostinho Lopes ao contrariar o loroteiro de serviço na SIC: Não é verdade que ninguém tenha alertado contra as políticas que nos trouxeram o descalabro. Só que, quando o PCP as denunciou, foi apelidado de catastrofista.
Se existisse jornalismo político sério nos media do sistema, a pergunta formulada ontem por Agostinho Lopes seria inevitável: para onde foi o dinheiro das privatizações? Estou certo de que a resposta implicaria centenas de participações ao Ministério Público para procedimento criminal contra a corja de vigaristas. E, já agora: quem ficou com os milhões de fundos comunitários?







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sexta-feira, 4 de março de 2011

Mais depressa se apanha um mentiroso...

Já aqui havíamos referido a desvergonha e desonestidade intelectual de certos historiadores. Nem a propósito: a deambulação pela net mostrou-nos com limpidez a estatura de um desses artistas. Fernando Rosas, agastado com a oposição da FER de Gil Garcia ao apoio que o prestativo bloco que se diz de esquerda concedeu ao spinolista Manuel Alegre, e com a eventualidade que essa facção preconizou de apoiar Francisco Lopes, sacou da pistola e, no seu modo de ser historiador, mentiu.

Nem vale a pena comentar a adjectivação do candidato comunista como o “inefável Francisco Lopes”. Apaixonado pela candidatura de Alegre, é natural que Rosas, no seu modo histórico de ser, caustique com adjectivação prolixa os que fazem da vida um exercício coerente. Mas Rosas quis mais e mentiu deliberadamente.

De arma empunhada, decretou verificar a proximidade da FER em relação ao PCP em questões de fundo programáticas, como a defesa de um regime socialista de partido único e de censura politica.

Rosas sabe bem que o PCP sempre defendeu o pluripartidarismo. Rosas sabe bem que o PCP jamais defendeu o que a sua raiva anticomunista afirma. A História do PCP tem sido uma constante de luta pela Liberdade e pela Democracia. Rosas, sabe bem, mas prefere a mentira reiterada, que o PCP no seu VI Congresso, realizado em 1965, definiu, os oito objectivos da revolução democrática e nacional que foram consagrados no novo Programa aprovado : 1º - Destruir o Estado fascista e instaurar um regime democrático; 2º- Liquidar o poder dos monopólios e promover o desenvolvimento económico geral; 3º - Realizar a reforma agrária entregando a terra a quem a trabalha; 4º - Elevar o nível de vida das classe trabalhadoras e do povo em geral; 5º - Democratizar a instrução e a cultura; 6º - Libertar Portugal do imperialismo ; 7º- Reconhecer aos povos das colónias o direito à imediata independência; 8º - Seguir uma política de paz e amizade com todos os povos.

Entre isto e o que Rosas afirma vai a imensa distância que separa a verdade da mentira mais soez. Afinal de contas, o alimento preferido dos Rosas deste mundo. Ora sendo este o rosto desta esquerda, convenhamos que a fealdade abunda.





UM PARTIDO DIFERENTE


Comemoramos o 90.º aniversário do PCP. Em luta, como é próprio de um partido que fez das suas nove décadas de existência um tempo de luta constante, travada em todas as circunstâncias e enfrentando todos os obstáculos – assim se afirmando como um caso ímpar no quadro partidário nacional.

Na verdade, com a fundação, em 6 de Março de 1921, do Partido Comunista Português – correspondendo a uma necessidade histórica da sociedade portuguesa – nascia um partido de novo tipo, com características específicas, diferente de todos os existentes à altura.

Diferente, desde logo, pelo seu objectivo supremo – a construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados, a sociedade socialista e comunista – e, por isso mesmo, diferente no assumir das exigências que tão ambicioso objectivo comporta.

Diferente, sempre, na prática e na postura em todos os momentos e situações – e de forma inequívoca quando, face à ordem salazarista de dissolução de todos os partidos políticos, foi o único a dizer «não» e a optar pela resistência ao fascismo, vindo a sagrar-se como o grande partido da resistência e da unidade antifascistas.

Diferente quando, no tempo novo de Abril, foi força motriz do processo revolucionário que, com as suas grandes conquistas, viria a transformar profunda e positivamente a realidade nacional.
Diferente – nestes 35 anos de contra-revolução – na sua postura face à política de direita: no seu empenho na mobilização para a luta pela ruptura e por um novo rumo para Portugal; na apresentação de propostas visando combater as consequências dessa política de desastre nacional nas condições de trabalho e de vida da imensa maioria dos portugueses; na sua intervenção em defesa da soberania e da independência nacionais; na luta por uma democracia avançada inspirada nos valores e nos ideais de Abril.

E se sublinhar esta diferença é sempre importante – mais ainda o é quando, como acontece actualmente, se desenvolve uma intensa operação visando a aceitação da ideia de que «os partidos são todos iguais», com isso se pretendendo ocultar a singularidade do PCP, o facto por demais evidente de ele ser, como os seus 90 anos de vida e de luta mostram, um partido diferente dos que são todos iguais.
Comemoramos o 90.º aniversário do PCP num tempo em que aos militantes comunistas se coloca um conjunto de importantes e incontornáveis tarefas, respeitantes quer à necessidade de dar resposta firme à política de direita e aos danos que provoca aos trabalhadores, ao povo e ao País; quer no que respeita à necessidade de reforço do Partido da classe operária e de todos os trabalhadores.

Num tempo, também, em que, como a experiência tem vindo a demonstrar, a luta organizada dos trabalhadores se apresenta como o único caminho para dar a volta a isto e para construir a mudança.
Às importantes e poderosas lutas dos últimos meses – das quais emerge como momento maior a histórica Greve Geral de 24 de Novembro, erguida por mais de três milhões de trabalhadores – há que dar a continuidade necessária, prosseguindo-as, intensificando-as e atraindo a elas novos segmentos das massas trabalhadoras, de modo a torná-las mais eficazes com vista à concretização dos objectivos desejados.

Nesse sentido, é fundamental fazer da jornada de luta de 19 de Março uma muito grande manifestação, fazendo desse dia o dia da indignação e do protesto, da convergência de todos os descontentamentos e insatisfações, da exigência de mudança e de um novo rumo para Portugal – uma muito grande manifestação que será possível com um intenso e amplo trabalho preparatório, esclarecendo e mobilizando os trabalhadores e as populações, demonstrando-lhes que, ao contrário do que dizem os propagandistas do grande capital, a luta não só vale a pena como é indispensável para travar o declínio e o afundamento do País.

E hoje, como ao longo dos últimos noventa anos, os militantes comunistas ocupam a primeira fila da luta – com isso marcando a diferença em relação a todos os outros partidos.

Comemoramos o 90.º aniversário do PCP no momento em que o nosso grande colectivo partidário leva por diante a importante acção «Avante! Por um PCP mais forte!», visando o reforço orgânico, interventivo e ideológico do Partido. Com a consciência de que quanto mais forte for o Partido, mais forte será a luta – da mesma forma que o reforço da luta conduz ao reforço do Partido.

E o Partido reforça-se juntando mais e mais militantes ao nosso grande colectivo partidário – designadamente jovens militantes; ampliando e tornando mais estreita a sua ligação às massas – reforçando as células já existentes nas empresas e locais de trabalho e criando-as ali onde elas não existem; assegurando a actividade dos organismos partidários, no quadro do seu funcionamento democrático e do trabalho colectivo; elevando a consciência política e ideológica dos militantes e dos quadros; dando continuidade à luta levada a cabo por sucessivas gerações de comunistas ao longo das últimas nove décadas e que, no momento actual, tem como objectivo primeiro pôr fim à política de direita e construir a alternativa, sempre tendo no horizonte o socialismo e o comunismo – enfim, afirmando e defendendo a identidade comunista do Partido, sua fonte de força essencial e sua marca distintiva.

Muitas são as razões para nos sentirmos orgulhosos por estes noventa anos de vida e de luta que agora comemoramos – e para assumirmos o compromisso de, honrando o exemplo das gerações de comunistas que nos antecederam, sermos seus dignos continuadores.

José Casanova, in Avante! de 3 de Março de 2011



quarta-feira, 2 de março de 2011

Historiadores?

Estado Novo foi o rótulo que o fascismo escolheu para esconder as suas actividades criminosas. Que, em democracia, tal expressão mentirosa e laudatória da ditadura fascista seja empregue pela generalidade dos historiadores, diz bem do estado a que chegou a bicharada que tanto gosta de se declarar imparcial.

Há-de ser essa imparcialidade que leva os historiadores que escrevem sobre o fascismo – que piamente perdoarão a minha incapacidade de chamar novo ao Estado velho do terror Salazarista – a constantemente escamotear e deturpar o papel do PCP durante esses anos.

Tarrafal? Chamem aí a Irene Pimentel que tratará do assunto e de forma versátil: fidedigno só o Edmundo Pedro e os arquivos da Fundação Soares, pois então. Mais o Fernando Rosas. E se alguma dúvida for levantada sobre algo, a Pimentel não hesitará em recorrer a um qualquer enfermeiro informador da pide para garantir que não, o PCP não tem razão.

Militão Ribeiro, assassinado no EPL? A Pimentel convocada não deixará de assegurar que no PCP isso foi polémico, porque se falou em suicídio. Mesmo que o Avante! da época a desminta, Irene persistirá na sua. Porque a anima um ódio visceral ao PCP, familiar de ódio similar de Pacheco Pereira e Fernando Rosas e tantos outros.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mártires caídos na luta

Como se assinala no magnífico livro das edições Avante! que comemora o 60º aniversário do PCP:

"Dezenas de militantes comunistas, homens e mulheres filhos do povo trabalhador, intelectuais e artistas, caíram na luta assassinados pela ditadura fascista. Lutaram pela defesa dos interesses da classe operária e de todo o povo. Lutaram contra a opressão e o terror e pela liberdade de todos os portugueses. Mártires antifascistas. Legaram-nos sementes de liberdade. O seu exemplo e o seu sacríficio jamais serão esquecidos."

Destaco hoje Militão Ribeiro, através de um texto de José Dias Coelho, também assassinado pela pide:

"Militão Bessa Ribeiro, preso juntamente com Álvaro Cunhal em 25 de Março de 1949 (a sua quarta prisão) já se encontrava então com a saúde muito abalada por longos anos de prisão e duas deportações no Campo de Concentração do Tarrafal. O rigoroso regime prisional, a alimentação imprópria e a falta de tratamento começaram por agravar-lhe os padecimentos. Esteve semanas inteiras sem evacuar, sendo-lhe inclusivamente recusado um clister. Cada vez mais abatido, acabou por adoecer gravemente e resolveu fazer a greve da fome como protesto contra a falta de assistência médica e de uma dieta adequada.
Foi mudado para uma cela da enfermaria da penitenciária, mas a situação manteve-se praticamente a mesma, no mais rigoroso isolamento, sem visitas da família nem mesmo correspondência. Um doloroso calvário de padecimentos físicos e grandes perturbações nervosas fazia-lhe por vezes soçobrar a razão, mas não lhe roubou nunca o entranhado amor ao Partido e ao Povo, nem a confiança num futuro melhor, que já não partilharia.

Durante a greve de fome passava as noites a cantar uma canção revolucionária que então inventou: "Avante! Avante!/Não podemos parar/Nem recuar na luta..."
A voz quebrada e rouca ressoava estranhamente lúgubre no silêncio sepulcral das alas da Penitenciária. Na escuridão apenas os postigos iluminados das quatro celas afastadas ao longo do interminável corredor, quatro vigílias e aquela voz esgotada, numa mensagem de angústia.
Até às vésperas da morte, Militão manteve a preocupação de comunicar ao Partido a sua fidelidade e confiança. Escreveu várias cartas à Direcção do Partido, que foram interceptadas pelos carcereiros, só tendo chegado duas ao seu destino, uma das quais escrita com o seu próprio sangue.
A PIDE assassinou-o cruelmente, um crime lento, dos que não deixam vestígios. Militão morreu de inanição em 2 de Fevereiro de 1950."
                                            José Dias Coelho, A Resistência em Portugal.

domingo, 23 de janeiro de 2011

EU VOTO FRANCISCO LOPES


Amanhã, o nosso candidato vai submeter-se a sufrágio. Julgo que das pessoas sérias nenhuma contestará a verdade elementar: Francisco Lopes fez uma campanha fenomenal. Falou verdade, como é timbre do PCP, e com a legitimidade dos que sempre lutaram contra os ladrões que nos desgovernam e têm desgovernado, apontou os responsáveis pelo estábulo em que nos encerraram. E a solução para mudar este estado de coisas.

Pessoalmente, sinto-me honrado e orgulhoso pelo desempenho do Francisco Lopes e de todo o colectivo partidário. Mais orgulhoso ainda por constatar que esta campanha, feita por homens e mulheres – apetece-me evocar uma parte de O Caminho das Aves em que se descreve a chegada de pessoas para dizer os nomes todos – chegou a muita gente honrada que, com filiação partidária diferente decidiu apoiar o nosso candidato. Obrigado, por todos, à Isabel e ao pai…

Mas, queridos amigos e sobretudo, camaradas, não nos iludamos: estas eleições não são livres, nem democráticas. Formalmente, concerteza. Mas na substância, o tratamento que a comunicação social deu às diferentes candidaturas apenas reiterou o que têm sido as antecedentes disputas eleitorais. Todo o tempo de antena para favorecer e consolidar a bipolarização. Toda a discriminação, ódio e perseguição à candidatura comunista.

Para mim, a disputa eleitoral é apenas mais uma frente de luta e nem sequer a mais importante. O eleitorado está envenenado por anos de políticas executadas por ladrões diplomados e tende a considerar todos iguais. Embora de forma boçal e masoquista continue a votar sempre nos mesmos.

Não tenho dúvidas quanto à impossibilidade de eleições justas e democráticas em Portugal. Se não fosse a magnífica campanha que desenvolvemos, em que cada voto conquistado custa imensamente mais do que aos outros, talvez obtivéssemos um resultado eleitoral desagradável. Por isso considero tão importantes termos a noção do terreno em que nos movemos: movediço, liderado por ladrões e mafiosos do pior, que usam a política para mascarar os seus propósitos criminosos. Ladrões, traficantes de droga, pedófilos, eis o grosso da manada, habilitada sem dúvida a perorar longamente sobre os excelsos princípios democráticos.

Mas no fundo, se pudessem, o que não nos fariam. Considero que já ganhámos: o nosso Francisco Lopes, que conheço como honrado combatente há mais de trinta anos, foi um mensageiro excelente das nossas propostas e da crítica frontal que fazemos aos vendilhões da pátria.

Por isso, independentemente de percentagens redutoras, ou talvez por elas, deixo aqui a minha saudação:
Viva o candidato Francisco Lopes!
Viva o Partido Comunista Português!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Obrigado, CUBA!



O Dr. Marcus Dutra, médico brasileiro licenciado na Escuela Latinoamericana de Medicina (ELAM), a prestar serviço numa comunidade indígena chamada Nabasanuka, na Venezuela, escreveu o seguinte comentário, que é importante partilhar porque ilumina a dimensão humanista da Revolução Cubana

Arleen querida,
No había visto el texto que escribiste por Cubadebate, gracias por las palabras que me dedicas. Seguro que si no fuera por la Revolución cubana y la Revolución bolivariana jamás sería posible nada de eso. Y qué casualidad que me hayas enviado el correo hoy; ayer por la noche, a las 4 de la mañana en punto, yo había realizado un parto a una señora con eclampsia, convulsionó, le apliqué todo el tratamiento y las medidas en lo posible, pues yo no cuento aquí con todos los recursos de un hospital, ni tenía tiempo para trasladarla a otro centro porque era de madrugada.

La lancha del ambulatorio no tenía una sola gota de gasolina, y ya ella había empezado a parir. El hecho es que después de todo el estrés de la situación, donde era posible que ella no viviera, bueno, al final nació bien el niño, un varón, gordito. La madre comenzó a mejorar, estuve toda la noche a su lado, pendiente de cualquier cosa. Ella se mejoró, no convulsionó, la presión se normalizó, ya no tenía dolor, estaba tranquila, el medicamento iba bajando lentamente junto al suero… Todo se calmó.

Cuando ella se durmió y yo pude salir afuera a tomar aire, eran como dije las 4 de la mañana. Caminé por el pequeño muelle que hay frente al ambulatorio, hecho de tablas semipodridas, un silencio tomaba cuenta de la comunidad, algunas casitas con las luces prendidas brillando solo lo suficiente que permiten las velas, un perro acostado sobre las tablas, y el silencio profundo de todo ese pueblo. No podia dejar de sentirme feliz por haber ayudado a la madre y a su hijo. Un orgullo sano tomó cuenta de mi alma, y al sentir eso no podia dejar de preguntar:
 
coño, ¿sabrá Fidel la exacta dimensión del bien que ha hecho a la humanidad? ¿Acaso imaginará que en una pequeñísima comunidad del estado más pobre de Venezuela frente al Orinoco, a las 4 de la mañana hay un médico hijo de la ELAM salvando a la gente que había sido olvidada por todos? ¿Podrá él comprender cuánto lo necesitan, cuánto se necesitan hombres como él para hacer la felicidad de los seres humanos? ¿Entenderá que no hay palabras suficientes para calificarlo? Y acaso, ¿sabrá el niño algún día que si no fuera por Fidel Castro él mismo no tendría vida?

Es decir, sin Revolución no habría ELAM, sin ELAM yo no habría sido medico, y si yo no estuviera acá, en el momento que convulsionó la madre y hubiera actuado a tiempo el niño probablemente iba a morir, o quizás la madre. Fue entonces, Arleen, que sentí más que nunca el orgullo de todos los internacionalistas cubanos, los que partieron a Argelia en el 60, los que fueron al Congo, los que estuvieron con el Che en Bolivia, los que pelearon en Angola, y sentí un frío en la barriga, Arleen, cuando me enteré de que ahora yo soy un internacionalista cubano también… un soldado, un revolucionario, a la orden de la Revolución cubana, y de este increíble gigante, Fidel Castro.

Si algo no se entiende de esto que escribo de manera apurada, es que el deseo de compartir eso contigo es muy fuerte, y no puedo dejar para después. Además ya tocan a la puerta, llamando por el médico, parece que viene un niño con deshidratación. Tengo que ir. Cuídate mucho por allá, gracias por las palabras tan bellas,  y sí, claro que puedes compartir mi correo, no hay problema, un beso grande.
 
Marcus

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mário Castrim - Poemas do Avante!



Ser comunista, hoje

Esperança:
é a maneira
como o futuro fala
ao nosso ouvido.
Depois
há que saber
organiza-lo.
Então
os comunistas entram em acção.


Versos muito pessoais

III

És livre?
Isto é:
quem amas?

IV

Realizo-me no acto de pagar
as quotas do Partido.
Não tem nada de heróico.
Nada mais natural
como beijar o filho
na hora de deitar.

V

Leio
o AVANTE!
devagar
e com toda a atenção
como se o escrevesse.

domingo, 16 de janeiro de 2011

DESAFIO


Não afianço que a solução
ideal
para a Humanidade
fosse aquela da URSS
(aliás nunca pensei
que fosse o ideal
embora não andasse
longe de o pensar
e paguei caro
pela avaliação
que depois fiz de mim)

Portanto, não digo.
Mas digo que
com todos os erros
e todos os desvios
(e até se quiserem
alguns crimes)
jamais houve na História
sistema que estivesse
mais perto da justiça.
Achas que não?
Então diz-me qual foi.
Mas diz.
Não abanes apenas a cabeça.

Mário Castrim, in Poemas do Avante!

A SEITA GUINCHA!


Prometi que não escrevia sobre isto. Prometi, mas apesar de fazer um esforço para me conter, não consigo cumprir. O assassinato de Castro – que em vida sempre considerei um ser desprezível - forneceu à seita pedófila a oportunidade para, de forma repugnante, esgrimir os mesmos argumentos que usara contra as vítimas do designado Processo Casa Pia.
Ratazanas abjectas, guinchando impropérios contra o homicida, cada um deles exigindo a punição mais severa do que o antecedente e esforçando-se por demonstrar que o jovem é o único responsável pelo que sucedeu.
Assim se entende a posição que durante anos assumiram em defesa dos arguidos condenados por abuso sexual de crianças. No fundo, nem se suportam, mas estão amarrados, uns aos outros, pelo conhecimento recíproco dos abusos que cometeram e continuam a perpetrar e pela detenção de meios de prova que usam como elemento de obtenção de preeminências e mordomias.   
E muitos deles estarão certamente aliviados: afinal, vivências idênticas, muitas consubstanciando crimes de abuso sexual de crianças, poderiam ter tido o mesmo desfecho. Talvez os portugueses percebam que o mundo cor-de-rosa que lhes é servido se funda em excrementos perfumados, bem vestidos e idolatrados, mas sem pinga de dignidade ou princípios. 

sábado, 15 de janeiro de 2011

As mãos do cartaz

Pedindo desculpa pelo asco que a mera visão do símbolo abaixo por certo provocará em quantos, como eu, considerem a respectiva agremiação um pérfido clube de traidores, gostaria de saber de quem é a autoria do poema que encontrei no blogue Aldeia Olímpica.




As mãos do cartaz


São mãos apertadas
Cruzadas
Tratadas
Gravadas
Na grelha.
São mãos bajulantes
Pedantes
Tratantes
São mãos de Gonelha.
São mãos de verniz
De gente feliz
Que pousa pra telas.
São mãos de água e sal
São mãos de cristal
São mãos amarelas.
São mãos de pecebe
De quem nunca teve
Canseiras nem lidas.
São mãos indolentes
São mãos repelentes
São mãos corrompidas.
São mãos que recebem
Que esmolam
Que pedem
Favores do patrão.
São mãos ordinárias
De chulos de párias
Do povo é que não.
São mãos de labregos
São mãos de carrego
De jóias brilhantes.
São mãos de vadio
De gente sem brio
São mãos de moinantes.
São mãos de perfume
São lepra são estrume
Do pão da intriga.
São mãos de arrivistas
Tartufos golpistas
De faca na liga.
São mãos desenhadas
Limpinhas peladas
Limadas sem dor.
São mãos ascorosas
Cheirosas vaidosas
São mãos de estupor.
São mãos de melaço
De por ao regaço
Na hora do chá.
São mãos de canalha
São mãos de navalha
Como outras não há.
São mãos de algodão
Veludo aldrabão
Tecido incapaz.
São mãos da traição
E da corrupção
As mãos do cartaz.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Não surpreende



É um facto que o comício da candidatura de Francisco Lopes, no Porto, foi a maior iniciativa de massas até agora realizada por qualquer das candidaturas, no âmbito da pré-campanha e da campanha das presidenciais.
Que esse facto, incontestável, não tenha sido assinalado em nenhum jornal diário, não surpreende, antes confirma a prática dos média dominantes em relação a tudo o que se relaciona com esta candidatura: foi assim na pré-campanha, assim será na campanha – e na noite das eleições e nos dias que se lhe seguirão…

E no entanto, se quisessem cumprir o seu papel de órgãos de informação, eles tinham muito que informar acerca desta candidatura e do que a distingue de todas as outras.
Por exemplo: que outro candidato, além de Francisco Lopes, pode dizer – dizendo a verdade – que a sua candidatura nasceu da luta das massas trabalhadoras contra a política de direita e que nela não há lugar para qualquer comprometimento com a política de direita?; que outro candidato, além de Francisco Lopes, pode dizer – dizendo a verdade – que a sua candidatura é patriótica e de esquerda e tem nos valores e nos ideais de Abril uma referência fundamental?; que outro candidato, além de Francisco Lopes, pode dizer – dizendo a verdade – que a sua candidatura tomou «a posição necessária e corajosa» de dizer «não» ao OE de flagelação dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País?; que outro candidato, além de Francisco Lopes, pode dizer – dizendo a verdade – que assume um compromisso claro quanto ao futuro: ruptura e mudança de política e afirmação de uma alternativa e de um novo rumo para Portugal?

Trata-se, como se vê, de diferenças que espelham as singularidades desta candidatura, os seus traços distintivos em relação a qualquer das outras – enfim, diferenças que, em princípio, seriam notícia...

Mas não. O que não surpreende, sendo os jornais de quem são...
E já agora acrescento uma outra característica única nesta candidatura: no dia 24 de Janeiro e seguintes, seja qual for o resultado eleitoral que tiver obtido, ela vai continuar na luta ao lado dos trabalhadores.
Porque a luta continua – o que também não surpreende...

José Casanova, in Avante! de 13 de Janeiro de 2011