terça-feira, 29 de maio de 2007

Começou a greve geral

A Greve Geral iniciou-se hoje às 24.00. Antes, contudo, centenas de piquetes de Greve já se encontravam mobilizados e activos. A DORL do PCP assume a responsabilidade de aqui , no seu Jornal Electrónico, informar da verdade da luta dos trabalhadores no Distrito de Lisboa. Com actualizações permanentes durante toda a noite e dia. Com os trabalhadores, mudar de rumo!
A luta continua!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

O TEMPO DAS GIESTAS

INFORMAÇÃO/CONVITE

No dia 2 de Junho (às 16.30),no espaço Som da Tinta,como diz o meu querido amigo e camarada Sérgio Ribeiro, será tempo de giestas. Terei a honra de apresentar o livro, que já li e reli com muito prazer, dor, orgulho, raiva, alegria, confiança no futuro e cada vez mais admiração pelo escritor.

Explicações necessárias (*)

A ideia de escrever este livro surgiu-me quando, há cerca de dois anos, uma senhora se dirigiu à sede do PCP, em Lisboa, procurando saber notícias de um rapaz que conhecera e pelo qual se apaixonara, em 1936, e que, a dada altura, desapareceu misteriosa e definitivamente.
(…) o desaparecimento do jovem - na realidade, militante comunista - decorrera do facto de ter sido preso e deportado para o Campo de Concen-tração do Tarrafal, onde viria a ser assassinado.
(…) Tratando-se de uma obra de ficção, quer os personagens quer a trama desta história são fruto da imaginação do autor.
_________
(*) - do autor, no final do livro

Com os anteriores livros de José Casanova – O Caminho das Aves e Aquela Noite de Natal – O Tempo das Giestas conta, sob a forma de romance, a nossa História recente. Que tem de se lembrar, que não pode ser esquecida, não se pode deixar que seja adulterada. (sérgio Ribeiro)

Os Costas do costume


O lançamento da candidatura de António Costa à presidência da Câmara de Lisboa é bem elucidativo do estado de putrefacção em que se encontra a nossa democracia: apresentado como uma solução providencial a rasar o divino, Costa tem merecido o desvelo dos patrões da comunicação social com tanta intensidade que chega a parecer natural o que fabricado foi até ao mais ínfimo pormenor.

Absolutamente irrelevante – para o efeito da promoção e branqueamento do que foi o seu péssimo desempenho como ministro – é o total inexistência de obra ou sequer experiência no trabalho autárquico, além da que lhe adveio de se andar a pavonear com um burro e um Ferrari.

O que releva, na verdade, é que Costa interessa ao sistema e este avança-lhe em géneros o que no futuro há-de solicitar-lhe de volta, com os respectivos juros. A compor o ramalhete surgem as marquetestes e afins, sondagens tão credíveis quanto previsíveis na sequência do martelar constante “O Costa é que está a dar!”. À fraude presta assessoria também a disparidade de meios com que conta cada candidato.

A verdade, simples, é que não existem eleições livres em Portugal. Embuste após embuste, fraude eleitoral após fraude eleitoral, vamos elegendo sucessiva e irresponsavelmente, os sócrates, fátimas e costas do burgo, conduzidos ao sufrágio viciado pela canga da comunicação social e dos grandes grupos económicos .

Tivesse o povo memória e em Lisboa votaria na CDU, única força que combateu as negociatas e esquemas em que se enredaram todos os restantes partidos.

domingo, 27 de maio de 2007

A luta continua

Estando a decorrer o julgamento em que sou arguido e queixoso Luís Martins Rebelo, ex-provedor da Casa Pia de Lisboa, tenho recebido inúmeras mensagens de apoio e também de preocupação. Aos meus amigos e a todos quantos me têm manifestado solidariedade, quero, em primeiro lugar, transmitir o meu profundo agradecimento. Sem a vossa solidariedade, ter-me-ia sido bem mais difícil resistir.

Neste julgamento, com a solidária e qualificada ajuda do meu querido amigo e advogado Eduardo Allen, adoptei a única estratégia possível: passei de arguido a acusador. O ex-provedor da Casa Pia de Lisboa esteve na instituição 34 anos, desde 1968 até Novembro de 2002, quando foi demitido pelo ministro Bagão Félix. Em 24 de Novembro desse mesmo ano, na televisão, depois de escutar atónito e revoltado os disparates de Luís Rebelo, que considerou sinal de segurança a existência na instituição de apenas um pedófilo, pronunciei-me pela sua exoneração.

No dia seguinte, tendo escutado as mesmíssimas alarvidades, Bagão Félix demitiu-o, fazendo cessar um reinado que durava desde 1986. Apelei então ao ministro que afastasse também da Casa Pia de Lisboa os que, fazendo parte da equipa de Luís Rebelo, nada tinham feito para deter o predador sexual de menores. Apesar de conhecerem os crimes do pedófilo desde, pelo menos, a década de 70 do séc. passado.

O senhor decidiu processar-me por se considerar atingido na sua honra e consideração. Tivesse usado contra os pedófilos uma ínfima parte do zelo persecutório que me destinou, ao mestre Américo e a Catalina Pestana, e centenas de meninos viveriam hoje sem o imenso sofrimento que os atormenta.

Com uma única e honrosa excepção, as testemunhas de acusação têm mentido sem vergonha ao tribunal. Sentado no banco dos arguidos – nunca imaginei sentir-me tão honrado com tal estatuto – tenho assistido ao desmontar das suas intrujices. Dir-se-ia terem lido todas as mesmíssimas instruções mas, padecendo da mesma fragilidade que a mentira confere, capitulam fácil e vergonhosamente ante a interpelação acutilante do meu defensor.

Falta ainda ouvir testemunhas de defesa, mas estou profundamente confiante. Aliás, suceda o que suceder, nada apagará a alegria que senti ao constatar que com Catalina Pestana a Casa Pia de Lisboa foi reconduzida ao seu papel na sociedade portuguesa e os milhares de alunos tornaram a poder sentir-se protegidos.

A luta continuará sem desfalecimentos. Obrigado pelo vosso apoio.

sábado, 26 de maio de 2007

Do poeta José Manangão



Eu tive a honra de conhecer
Um lutador vertical
Orgulho-me de aqui dizer
Seu nome Álvaro Cunhal

I
Um profundo conhecedor
De tudo que o rodeava
A vida que ele sonhava
Era para todos melhor
Vivida com mais amor
E também com mais prazer
Sempre o ouvi defender
Da vida cada momento
Para mim foi um exemplo
Eu tive a honra de conhecer

II

De muito novo começou
Eu ainda não era nascido
Já ele era destemido
Contra a ditadura iniciou
A luta que muitos animou
Todos com o mesmo ideal
Como tribuno era genial
Sempre de coração aberto
Homem muito correcto
Um lutador vertical

III

Por isso sofreu as agruras
Pela causa que abraçou
A ditadura não gostou
Condenou-o a penas duras
Anos de prisão torturas
Clandestino teve de ser
Mas já habituado a sofrer
A nossa luta continuou
Esforços nunca regateou
Orgulho-me de aqui dizer

IV

Quando a todos nos deixou
Teve na última partida
A homenagem merecida
Que muitos emocionou
E como eu também chorou
À passagem do seu funeral
De norte a sul de Portugal
De cravo vermelho na mão
Demonstrando gratidão
Seu nome Álvaro Cunhal.


José Manangão

segunda-feira, 21 de maio de 2007

O candidato e o mandatário trabalharam bem


Quando deflagrou o pesadelo da Casa Pia e o arguido Carlos Silvino foi detido, o País reagiu em uníssono, exigindo a punição exemplar, não apenas do arguido, mas de todos os envolvidos, por se tratar de “uma vergonha, um escândalo sem precedentes”. Nos diversos meios de comunicação social, os comentadores denunciavam a cumplicidade com a pedofilia, “através do silêncio” e da “vista grossa dos poderes diversos”, e garantiam que as respectivas consciências não consentiriam, “num caso onde as vítimas são crianças indefesas”, que os culpados deixassem de ser punidos.

António Costa surgiu como guardião indómito do templo que antes tutelara: declarando confiar no “funcionamento normal das instituições”, defendeu que se deve “confiar” na acção da Justiça, “independentemente de quem está em causa” e verberou os que antes se queixavam da inacção da Justiça e agora se queixam “quando as instituições estão a actuar.”

Contudo, depois da detenção de Pedroso, o PS tudo fez para conferir ao caso um cariz político. Os seus principais dirigentes rasgaram subitamente os princípios que durante décadas juraram defender, manifestaram-se incrédulos, impuseram a inocência do correligionário político e iniciaram um vendaval de intrigas, estratagemas e mistificações que os há-de tingir de vergonha para toda a vida.

Relembremos: no dia 21 de Maio de 2003, Ferro Rodrigues e António Costa, líder do grupo parlamentar socialista, acompanharam Paulo Pedroso na conferência de imprensa convocada pelo PS e que decorreu nas instalações da Assembleia da República. "Tenho a certeza absoluta da sua inocência", afirmou Ferro e manifestou-se "indignado e totalmente solidário com Paulo Pedroso", informando que o PS iria reunir durante essa tarde o secretariado nacional.

No dia seguinte, António Costa viria a falar de “cabala”, atribuindo-lhe a prisão preventiva de Pedroso, em cuja inocência se afirmou também absolutamente crente. Segundo defendeu, a “cabala” fora criada contra o Partido Socialista e a credibilidade do processo em investigação.

No dia em que Paulo Pedroso foi conduzido ao DIAP, António Costa nem do então bastonário da Ordem dos Advogados e actual mandatário se esqueceu, e apressou-se a comunicar a Ferro que estava a chegar a “casa do Júdice” e, coisa espantosa, transmite ao líder partidário que “uma testemunha da judiciária” não é “fiável”, mostrando assim saber quem são as testemunhas do processo. Como adquiriu este conhecimento?

Mais tarde, pelas 20h30, António Costa confidencia a Ferro Rodrigues que conversou com “o Júdice” sobre um documento, e os dois rejubilam com as “excelentes declarações” que o bastonário transmitiu à SIC, nesse mesmo dia. Considero que as declarações que, ao longo de todo o processo da Casa Pia, Júdice foi proferindo, tomando sempre o partido dos arguidos influentes, devem ser lidas à luz desta visita que Costa oportunamente lhe fez.

domingo, 20 de maio de 2007

25 de Abril Sempre!



Obrigado, por tanta alegria, aos meus camaradas do blogue Cravo de Abril .

Grande e oportuno Júdice

Requerimento de 24 de Junho de 2004

Assunto: Estado já gastou 160 milhões de euros em consultadoria para privatizar a GALP?

Apresentado por : Deputado António Galamba (PS)


"Segundo o jornal Público , “ A Parpública está a pagar ao escritório de advogados de José Miguel Júdice um milhão de euros de honorários por cada duas semanas de serviços prestados à "holding" estatal nesta fase de intermediação da venda de, pelo menos, 33,34 por cento do capital da Galpenergia. Este não é, no entanto, o único custo de consultoria para o erário público para fazer com que a Galpenergia volte para as mãos de accionistas privados. Nos últimos quatro anos, segundo cálculos recolhidos pelo PÚBLICO, o Estado despendeu cerca de 160 milhões de euros para, em primeiro lugar, manter um núcleo privado de referência na Galpenergia, com decisões algumas delas controversas e, agora, para o transferir para outras mãos privadas. O valor contratado com o Estado para a assessoria jurídica pelo escritório liderado pelo actual bastonário da Ordem dos Advogados (cuja designação é A. M. Pereira, Saragga Leal, Oliveira Martins, Júdice e Associados) é um dos últimos a serem conhecidos.

As últimas semanas de negociações com os dois concorrentes que passaram à fase final do concurso, a Petrocer e o grupo Mello, têm incluído a participação activa de uma representante deste escritório nas reuniões que decorrem na Parpública. A "holding" está instalada no novo edifício do Ministério da Economia, em Lisboa. Embora os honorários de um milhão de euros por cada 15 dias sejam os actualmente vigentes, não foi possível confirmar desde quando estão a ser aplicados. O escritório de José Miguel Júdice presta assessoria jurídica ao Governo para este processo de venda da Galpenergia há mais de um ano, embora o tipo de serviço tenha variado ao longo dos meses, havendo agora, por exemplo, uma intervenção activa num momento decisivo do processo - fase final de negociações -, o que não acontecia, por exemplo, há um ano.

Para os especialistas, um cálculo que pecará por defeito e não por excesso será considerar que esta "tabela" de honorários se refere apenas a esta fase negocial e que se prolonga por dois meses, para o que são, assim, contabilizados quatro milhões de euros. A este montante há ainda a adicionar mais 56 milhões de euros de serviços prestados por outras áreas de consultoria associados à entrada da ENI na Galp e à sua saída, desde que o Governo decidiu, no final de 2002, reestruturar o sector da energia em Portugal. O Crédit Suisse foi, há quatro anos, a instituição financeira contratada para assessorar a entrada da ENI na Galpenergia, um trabalho que, a valores de mercado, terá rondado os seis milhões de euros. Por sua vez, o trabalho dos advogados para a entrada dos italianos foi orçada em seis milhões de euros. A McKinsey foi chamada para assessorar a reestruturação do sector energético, enquanto consultor estratégico, trabalho que é calculado em três milhões de euros. Quanto à Goldman Sachs, que o Governo contratou, pelo menos, desde Março passado, como consultor técnico para a área da energia e que coordenou várias fases do processo da Galp, até à sua passagem para o comité de sábios, tem uma prestação de serviços que o mercado avalia em 40 milhões de euros. A este montante há ainda a somar os históricos 100 milhões de euros de mais-valias que o Estado prescindiu de receber, ao isentar do respectivo pagamento os privados reunidos na Petrocontrol que venderam, em 2000, a sua participação à ENI.

Face ao exposto, considerando a conjuntura económica de particular dificuldade para as famílias portuguesas que estamos a atravessar, nos termos regimentais e constitucionais, requere-se ao PRIMEIRO MINISTRO as seguintes informações:1)está o XV Governo Constitucional em condições de confirmar que a Parpública está a pagar ao escritório de advogados de José Miguel Júdice um milhão de euros de honorários por cada duas semanas de serviços prestados à "holding" estatal nesta fase de intermediação da venda de, pelo menos, 33,34 por cento do capital da Galpenergia ?2)em caso afirmativo, desde quando está o Estado a pagar esses honorários ?3)está o Governo em condições de confirmar já ter gasto 160 milhões de euros em consultadoria para privatizar a Galp, conforme noticia a comunicação social?António Galamba- 24.6.2004"

Rigor...



RIGOR 1 – NÚMEROS

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou números devastadores sobre o desemprego em Portugal. No 1º trimestre de 2007 a população desempregada é quase meio milhão, uma taxa de 8,4%. Um dos números mais altos na Europa que está connosco. Imediatamente várias vozes questionaram a realidade. Van Zeller, o patrão dos patrões da CIP, veio a correr em socorro do governo dizendo que tem números que mostram uma tendência contrária, nomeadamente em relação ao fecho das empresas.

O Ministro do Trabalho atira com os números do Instituto do Emprego que divergem substancialmente daqueles. O Ministro da Economia fala para o lado dizendo que a retoma económica vai resolver esse problema. Curiosidades. Os números do Van Zeller não se sabe em que base se sustentam e para azar seu no dia seguinte a Delphi anunciou que vai despedir 500 trabalhadores. O Ministro do Trabalho empenha-se em que os números do INE acabem estatisticamente com o problema do desemprego e o da Economia tantas vezes diz e desdiz que já nem se deve lembrar dos 150 mil empregos que este governo prometeu. Vivem no limbo do crescimento económico e de encenações desacreditadas. A realidade ainda pode ser mais violenta. Os números do INE, certificados e alinhados pelos critérios do Eurostat, o que todos os outros números não são, mostram que este número de desempregados é o maior dos últimos 9 anos. Se os critérios não tivessem sido alterados seriam os piores dos últimos 20 anos. É o desgoverno deste governo.

RIGOR 2 – MAIS NÚMEROS


O Governo despachou obrigando todos os serviços da função pública a preencher uma base de dados electrónica com o número dos aderentes à Greve Geral de 30 de Maio. João Figueiredo, Secretário de Estado da Administração Pública explicou com cínica candura:”podemos saber num concreto serviço quantas pessoas fizeram greve, num Ministério quantas pessoas fizeram greve, no total da administração pública quantas pessoas fizeram greve”. É o rigor, é sempre o rigor o que move esta gente. São uns tarados do rigor. Uns malucos do rigor. A doença ataca-os tão fundamente que o próximo despacho quererá que a cada número corresponda um nome, para que o rigor seja máximo, totalitário. As práticas fascizantes deste governo dito socialista tornam-se mais evidentes, cada dia que passa.


RIGOR 3 – NÚMERO ÚNICO

O IGAE, lutando denodamente contra a contrafacção, fez a sua maior e mais valiosa apreensão de sempre na Feira de Carcavelos. Numa barraca de teatro de fantocheiro, apreendeu o actor solitário que de dez em dez minutos surgia, empunhando um espelho dizendo com voz escura e cenho carregado: “ Diz-me espelho meu há algum Tony Blair mais Margaret Thacther que eu?”. Interrogado pelos inspectores garantiu que era Tony Blair. O pormenor que fez actuar os agentes foi a pronúncia inglesa denunciar ter a sua origem no inglês técnico ministrado nos cursos da UI. Levado o indivíduo foi-lhe imposto termo de identidade e residência em S. Bento até 2009. O facto está a causar enorme indignação. As manifestações de rua sucedem-se. A Greve geral é já no dia 30!

Escrito por Manuel Augusto Araújo

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Incoerência

Se fosse coerente, depois de ter escolhido estes mandatários, António Costa escolhia Paulo Pedroso para seu número dois.

Espertalhices

O Paulo Varela Gomes publicou no Público um texto muito curioso sobre Lisboa que acaba, mas não arranca, de um pressuposto correcto: a urgência de existir uma ideia para Lisboa. Ideia que consubstancie um projecto que a recupere de décadas de gestão desastrada em que convergem duas linhas principais. Uma, a gestão corrente da realidade que mediocremente vai alimentando o crescimento canceroso do tecido urbano. A outra, travestir essa gestão com rasgos voluntaristas sobrepondo camadas de laca do populismo mais desbragado género chinela no pé ou fragrâncias raras como o foram Portugal típico servido nos relvados de Belém por Nuno Abecassis ou encomendas a arquitectos do star-system contratado Piano/ João Soares ou Gehry/Santana Lopes.

A cidade continua ausente nessas intervenções, conceptualmente muito próximas. Vai-se normalizando. Aplainando a sua luz até ficar calibrada pelo crivo de um suposto bom gosto universal. Lisboa, em toda a sua vida, só teve dois autarcas que a souberam pensar enquanto cidade. O Marquês de Pombal, que não o sendo foi um dos mais decisivos interventores, e Duarte Pacheco. Os outros foram-se sucedendo no cadeirão do poder deixando Lisboa afundar-se numa vil tristeza que um certo diletantismo e cosmopolitismo, por vezes frenético, não disfarçam.

Curiosas são as ilações que o Paulo Varela Gomes extrai para concluir pela deslumbrante bondade de uma candidatura independente, desenhando-se uma lá esperamos encontrar o PVG, riscando o projecto de cidade mundial. Ao ler isto assalta-nos a memória os inúmeros escritos sobre arquitectura lisboeta produzidos por PVG, pós-modernos provincianamente deslumbrados com as galerias técnicas do Valssassina, a imagem coloridamente simbólica dos edifícios do Taveira, ainda não existia o estádio do Sporting, etc., etc. Dedicando-se afincadamente ao acessório e com o acessório construindo uma Lisboa que pouco tem com uma ideia consistente de cidade. Não temos, de momento, acesso a esses textos e estamos a arriscar uma injustiça, mas no meio de tanto arrazoado julgamos lembrar que até se descobriam virtualidades no caos suburbano, satélite da capital. Em resumo, o desenho da cidade era-lhe estranho. Não o comovia nem motivava. Encadeava-se era com os brilhos formais as superficialidades tecnológicas. Estamos de acordo com a miséria conceptual produzida pelos aparelhos políticos do PS e do PSD. Até estamos de acordo em condenar as transigências excessivas, em nossa opinião, do PCP tanto com Jorge Sampaio como com João Soares.

Quanto às sinecuras, nessa época, o PVG se escavar seriamente, encontra-as e muitas é no Bloco de Esquerda, que sem estar formalmente no poder, enxameava os corredores, ocupava gabinetes, direcções, mesmo em pelouros atribuídos ao PCP. Anda distraído o PVG, como só por distracção ele pode considerar, sabe-se lá porquê, que o Bloco de Esquerda deveria ser eco da elite lisboeta. Uma ideia que só pode passar pela cabeça de alguém que não ultrapassa o plástico com que desveladamente a comunicação social embrulha o BE colando-lhe uma imagem arejada, jovem, que a de ter ideias novas tem-se embaciado com o tempo apesar dos esforços e do espaço concedido a esses “pensadores” nos mais variados media.

É uma ideia espantosa, artificial que vende, enquanto não se perceber que é de estanho o papel de prata que embrulha esses vigésimos premiados. Não será o PVG o cavaleiro andante do pensamento que irá libertar o BE de um vereador e cabeça de lista com a mentalidade de polícia de trânsito, nem impedir que se subscreva um programa que, segundo essa luminária, poderia ser apoiado por um conservador inglês, um socialista francês, um liberal alemão e.... pelo Bloco Esquerda. O que mostra urbi et orbi como a “elite” é dada ao oportunismo mais rasca. Provavelmente o PVG está convencido que o BE é um albergue de promissora juventude e aí vai ele, em disparada correria, com medo de envelhecer. Daí à asneira, o passo é curto.

Texto de Manuel Augusto Araújo

terça-feira, 15 de maio de 2007

Viva o PCP!



Aderi ao PCP em 1983, com 19 anos. Ainda hoje recordo a emoção do momento. Nesse ano o Partido contabilizou mais de 200 000 militantes e só a soma dos que tinham menos de 35 anos era superior ao total de militantes do ps. Fazendo a retrospectiva destes 24 anos o que ressalta, intenso e fundamentado, é um profundo orgulho na minha condição de militante comunista. Sinto-me cada vez mais honrado por pertencer a este imenso colectivo partidário. Homens e mulheres construíram, construímos, das mais belas páginas da história portuguesa.

Desde a sua fundação, em 1921, o PCP tem sido um referencial de honra, dignidade, resistência, coragem, estudo, firmeza, coerência, dedicação, ternura, festa, solidariedade, verdade, ideais, amor, futuro. E eu sinto-me feliz por me saber parte desta obra colectiva. Por se me aplicar a mais bela expressão do mundo: camarada!

Digo-o de forma convicta e sem qualquer espécie de fanatismo ou convicção de superioridade. Digo-o por amar profundamente o PCP. Digo-o por serem meus, também, os heróis que tudo deram desinteressadamente para que Portugal pudesse ser livre. Se disser Álvaro, Lourenço, Miguel, Tereso e tantos nomes – tantos -, o que vejo é uma fortaleza inexpugnável de convicções e luta. Gente honrada, gente minha.

Costumo pensar nos meus camaradas, de norte a sul do país, resistindo sozinhos ao que aparentemente seria invencível. Quarenta e oito longos anos seguraram nas mãos corajosas a digna bandeira rubra. A nada soçobraram. A nada capitularam. Tiveram medo, venceram-no. E quando chegou o tempo novo souberam recompensado tanto esforço, tanta abnegação.

Hoje uma amiga perguntou-me se perante determinados acontecimentos, não questiono as minhas convicções. Se perante a conduta miserável de alguns que afirmam partilhar comigo ideais, não me apetece desistir de lutar. Não! Era só o que faltava…

Aprendi no PCP que devemos estar sempre do lado dos que trabalham e são explorados. Ao lado dos que são maltratados, perseguidos, humilhados. Somos revolucionários e não há ilusionismo que se sobreponha a essa condição. Se nos calássemos perante canalhas de cravo vermelho ao peito, não teríamos legitimidade para combater os que sempre odiaram Abril.

Ruben de Carvalho é o cabeça de lista da CDU a Lisboa

A CDU – Coligação Democrática Unitária, realiza na próxima quarta-feira, dia 16, às 17h30, no Hotel Altis, um acto público de apresentação e formalização da sua candidatura e do candidato à Presidência Câmara Municipal de Lisboa, Ruben de Carvalho.
O Mandatário da CDU será José Barata Moura, filósofo e Professor Catedrático da Universidade de Lisboa. A candidatura da CDU surge num quadro em que a política de direita, que desde 2001 governa Lisboa, conduziu a cidade à crise mais grave desde o 25 de Abril.
É, neste quadro de resistência e intervenção durante cerca de seis anos – pelo combate, pela denúncia e pela proposta – aos desmandos da governação camarária cessante, que é permitido à CDU apresentar-se nestas eleições como a força política que transporta o projecto alternativo de que a cidade necessita.

Contra a censura

José Manuel Paquete de Oliveira, provedor do telespectador da RTP, veio agora reconhecer que "relativamente ao programa “PRÓS E CONTRAS” do passado dia 7 de Maio, não pode deixar de concordar que a não presença de uma personalidade ligada ao PCP é justificativa das queixas apresentadas e entende que, naquelas circunstâncias, o critério de escolha deveria ter sido outro."
Muito bem, senhor provedor, dizemos nós. Apesar do seu texto parecer um pedido de desculpas por ter tido a ousadia de assinalar o óbvio. Mas o que verdadeiramente interessa é sabermos que consequências extrai vossa excelência dessa execrável violação do direito ao pluralismo informativo. Porque foram causados à terceira força política nacional prejuízos incalculáveis. Ficamos por aqui? Não deveria a RTP proporcionar agora ao PCP o tempo de antena que lhe foi ilegalmente surripiado por uma jornalista de capoeira e por um boy sem princípios?
Ou ser-se provedor só serve para "inglês ver"? Este programa "Prós e Contras" é um monumental embuste, cozinhado por seres desprezíveis e servido por uma prestativa e serviçal dondoca. Ontem mesmo se percebeu o que orienta as personagens. E ainda há quem não entenda que estas coisas andam todas ligadas. Discutia-se o desaparecimento da menina inglesa e a RTP sentou com intervenientes no debate, dois senhores que aquando da investigação do Processo Casa Pia se destacaram no ataque que desferiram às vítimas: Moita Flores e Júdice.
Dessa forma impedindo que os portugueses soubessem efectivamente dos perigos que representam pedófilos em liberdade. Dessa forma omitindo que existe e está activa, a rede pedófila nacional. Que tem ligações internacionais poderosíssimas, milhões de euros para gastar, por exemplo, em financiamentos a cronistas prestáveis, que escrevem tratados sobre branqueamento de bandalhos em épocas de crise.
A pornografia, sobretudo a infantil, é dos negócios mais rentáveis na actualidade. E em Portugal os canalhas vivem disso. E silenciam todas as vozes incómodas.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Poema de Amílcar Cabral


Mamãe velha venha ouvir comigo
O bater da chuva lá no seu portão
É um bater de amigo que
vibra dentro do meu coração


A chuva amiga mamãe velha a chuva
Que há tanto tempo não batia assim
Ouvi dizer que a cidade velha a ilha toda
Em poucos dias já virou jardim


Dizem que o campo se cobriu de verde
Da cor mais bela porque é a cor da esperança
E a terra agora é mesmo cabo verde
É a tempestade que virou bonança


Mamãe velha venha ouvir comigo
O bater da chuva lá no seu portão
É um bater de amigo que
vibra dentro do meu coração


A chuva amiga mamãe velha a chuva
Que há tanto tempo não batia assim
Ouvi dizer que a cidade velha a ilha toda
Em poucos dias já virou jardim


Venha comigo mamãe velha, venha
Recobre a força e chegue-se ao portão
A chuva amiga já falou, mantenha
e bate dentro do meu coração


Mamãe velha venha ouvir comigo
O bater da chuva lá no seu portão
É um bater de amigo que
vibra dentro do meu coração


A chuva amiga mamãe velha a chuva
Que há tanto tempo não batia assim
Ouvi dizer que a cidade velha a ilha toda
Em poucos dias já virou jardim


Com um imenso agradecimento, por esta pérola, ao meu querido amigo Ricardo Cardoso

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Obrigado URSS


Foi com profunda emoção que retirei esta foto belíssima da edição online do semanário SOL. Retrata um veterano soviético celebrando o fim da II Guerra Mundial, que como se sabe, ocorreu no dia 8 de Maio de 1945.
Recordei idêntica data do ano de 1987. Moscovo: na praça situada em frente ao Teatro Bolshoi, dezenas de veteranos, de ambos os sexos, deambulam em círculos, empunhando cartazes com inscrições. Procuram familiares ou amigos desaparecidos desde a guerra. Ano após ano, com a mesma perseverança com que derrotaram a besta nazi e nos libertaram da barbárie, comparecem no local. Por vezes reencontram-se e tive a felicidade de presenciar um desses momentos.
O nosso povo diz que a conversa é como as cerejas. E eu acrescento que as imagens também. Porque ao ver o herói da foto, recordei-me de Simão, comunista português, asassinado pelo fascismo no campo de concentração do Tarrafal. E da sua Teresa, amada companheira, que incapaz de aceitar o desaparecimento súbito de Simão, descobriu, 50 anos depois as razões por que não valeria a pena continuar a empunhar a esperança de o encontrar com vida.
Esta história, real, pode ser lida no mais recente livro de José Casanova, "O Tempo das Giestas".

Contra os pedófilos!

Segundo o Correio da Manhã de hoje, “A Polícia Judiciária não tem uma base de dados actualizada com informações sobre redes pedófilas internacionais. Essa base de dados está para ser criada vai para três anos. Os investigadores estão agora a trabalhar com informações fornecidas pelas autoridades de Londres sobre pedófilos com ligações a Portugal – sobretudo ao Algarve onde reside uma vasta comunidade britânica.”

Não tenho dúvidas de que agora a referida base vai ser criada. Em Portugal actua-se sempre por reacção. Entretanto, é preciso dizer que a PJ também não possui o registo dos pedófilos portugueses, que circulam por aí à vontade, constituindo uma ameaça terrível para as nossas crianças.Noutros países, sabendo-se que os pedófilos são predadores incansáveis e, na generalidade, incuráveis, existe um controlo rigoroso das suas movimentações. Mas por cá, como se sabe, nada se fez nesse sentido. Na sequência do Processo Casa Pia, e como represália, desmantelou-se mesmo a equipa que realizou um trabalho notável na investigação dos abusos sexuais, não fosse dar-se o caso de reencontrar os que a imprensa domesticada apelida de “alegados” abusadores.

A verdade é que a nossa população não sabe como proteger as crianças dos pedófilos. E este governo - onde marcam presença ministros que no âmbito do Processo Casa Pia se destacaram pelos ataques que desferiram às vítimas de abusos sexuais e pela defesa de um arguido - nada fez para as proteger. Onde estão as palestras, os folhetos informativos, os apoios e esclarecimentos às famílias, o investimento na protecção?

Nada! Mas preocupado em evitar que no futuro algum cavalheiro seja incomodado pela Justiça, Sócrates apadrinhou alterações ao código de processo penal que, protegendo os poderosos, são uma vergonha. Portugal está a ser transformado num paraíso para os criminosos e respectivas organizações mafiosas. É evidente que nenhuma medida poderia ter evitado o rapto de Madeleine, que tanto nos dói.

Mas a inexistência de uma política governamental, efectiva, de protecção das crianças torna ainda mais insuportável a insegurança que sofremos. Porque a verdade, é que, como sucedeu na Bélgica com a menina Sabinne Dardenne, qualquer criança pode ser raptada a caminho da escola, por exemplo. Quando se lida com pedófilos, a única arma eficaz é a constante vigilância dos pais. Em Portugal as crianças passam cada vez mais tempo sozinhas. Inexistem escolas ou outras instituições, em número suficiente, onde as crianças possam estar protegidas durante o tempo em que os progenitores estão a trabalhar. Como não podem pagar os prolongamentos de horários, os pais deixam os filhos entregues a si próprios e os canalhas sabem disso.

O que é inadmissível, sobretudo depois do conhecimento de casos análogos – uma criança portuguesa desapareceu durante os breves minutos em que os pais escolhiam um gelado – é a completa ausência de divulgação dos cuidados básicos a adoptar pelas famílias. Que deve ser feita de forma séria, adequada e pedagógica.

domingo, 6 de maio de 2007

CONTRA A CENSURA!

Não calam a voz do PCP!

Domingo, 06 Maio 2007


A RTP vai emitir na próxima segunda-feira mais uma edição do programa “Prós e Contras” sob o tema “Choque de valores”, onde anuncia a discussão de um conjunto de elementos de grande actualidade política e ideológica, nomeadamente as eleições presidências em França e as regionais na Madeira, a situação na Câmara Municipal de Lisboa e as eleições que em breve ocorrerão, o que distingue a Esquerda da Direita, entre outros.
Para o painel de convidados está anunciada a presença do último candidato presidencial do PS (Mário Soares), de um ex-presidente do CDS-PP (Adriano Moreira), de um deputado do PSD (Paulo Rangel) e de um dirigente e eurodeputado do BE (Miguel Portas), excluindo de forma inqualificável a presença do PCP, partido que, registe-se, é a terceira força política nacional com representação na Assembleia da República, isto para além das posições e responsabilidades que assume no Concelho de Lisboa e na Região Autónoma da Madeira.

Registe-se também que, após a divulgação pela RTP do conteúdo e do formato do programa, o PCP procurou junto da produção do “Prós e Contras” e da Direcção de Programas da RTP, sugerir a participação de um membro do PCP, hipótese esta que foi cabalmente rejeitada. O Painel de convidados que foi anunciado, não suscita qualquer dúvida quanto à relação entre os presentes e o partido político a que pertencem, pelo que a exclusão do PCP por parte da RTP só pode ser entendida como forma de silenciar e apagar o papel, a reflexão e intervenção dos Comunistas, numa atitude que viola o pluralismo, o rigor, o respeito pelos telespectadores a que qualquer operador de televisão está vinculado, ainda mais no caso da RTP como prestador de serviço público.

O PCP não aceita esta discriminação e amanhã dia 7, irá fazer deslocar para junto das instalações da Casa do Artista, pelas 21 horas, local de onde o programa Prós e Contras será emitido, uma numerosa delegação com o objectivo de participar no programa e expressar o seu veemente protesto perante esta inaceitável exclusão. O PCP desenvolverá ainda um outro conjunto de iniciativas com vista a repor o pluralismo na televisão pública.

O Gabinete de Imprensa do PCP

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O TEMPO DAS GIESTAS

A propósito do mais recente romance de José Casanova, editado pela Caminho:

“Es que, cuando los hombres llevan en la mente un mismo ideal, nada puede incomunicarlos, ni las paredes de una cárcel, ni la tierra de los cementerios, porque un mismo recuerdo, una misma alma, una misma idea, una misma conciencia y dignidad los alienta a todos.”

Fidel, “A História me Absolverá”