
Queridos irmãos,
Se, como espero, persistirem na infâmia de não escutarem a dor que vos inferniza a existência, todos os segundos de todos os dias;
Se recusarem o que aceitaram para outros, só porque estes podem mais e têm dos cordéis que tudo determinam melhor conhecimento;
Se como espero, vierem apressados clamar que agora tudo acabou e no andor colocarem os bandalhos;
Se as trombetas ecoarem triunfantes calcinando-vos com a desonra da mentira;
Se os que tudo vendem ou alugam, fingirem agora ter consciência;
Quero dizer-vos, queridos irmãos de condição, que nem por um segundo duvidei dos vossos testemunhos. Sei dos que cometeram o massacre. E acima de tudo vi os vossos olhos pejados de sofrimento, de revolta, de abandono.
Nós sabemos que a verdade é outra: eles são compadres de outros como eles. E de outros ainda piores. Têm muito poder, tesouros e mundos para ofertar.
Nós somos apenas os filhos da desdita mil vezes humilhados.
Mas, se como espero, decidirem fingir que afinal não foi como sabem ter sido, nem por isso vamos desistir. A desonra é deles! Será deles a vergonha!
Nós continuaremos convictos de que valeu e vale a pena lutar!
Podem encomendar decisões, mas a vossa dignidade não compraram.
Eles são os carrascos. Vocês os heróis que o povo admira e respeita profundamente.
4 comentários:
Caro Dr. Pedro Namora,
adorei o seu post e trouxe-me à memória algo que li há pouco noutro blogue e que transcrevo:
"Bautizó de nuevo sus tierras
como «Repúblicas Bananas»,
Y sobre los muertos dormidos,
Sobre los héroes inquietos
Que conquistaron la grandeza,
La libertad y las banderas,
Estableció la ópera bufa"
...............................................Pablo Neruda, Canto General, 1950
"Os testemunhos das vítimas de pedofilia da Casa Pia que implicam o ex-ministro e actual deputado socialista com mandato suspenso Paulo Pedroso sucedem-se. Agora foi "André", considerado o braço-direito de Bibi, que, conforme o Correio da Manhã, terá dito no tribunal da Boa-Hora, em 15/9, que era o preferido de Pedroso.
As bocas mútuas dos arguidos do processo de pedofilia e respectivas defesas têm sido raríssimas. Duas excepções foram: uma referência de Raquel Cruz a uma família veneranda e o recado de Carlos Cruz, que sua mulher transmitiu em 25 de Agosto de 2003 no 24Horas - "(G)osto de saber que este ano há Verão de São Martinho em Novembro. Alguém irá à prova da água-pé fazer novos amigos".
De modo que a crítica de António Serra Lopes revela a insatisfação dos demais arguidos. Aparentemente, o seu desconforto leva a verbalizar publicamente a desigualdade. Não tem sido feito o suficiente na área da justiça... Excepcionalmente, cite-se aqui o ex-discretíssimo advogado de negócios em declarações, no dia 16/9, ao Correio da Manhã:
"A tendência da Justiça é uniformizar. É tratar da mesma maneira as mesmas coisas. Agora se para um Tribunal, como foi a Relação, o testemunho de dois os três miúdos não vale nada, e para este Tribunal é extremamente importante, há qualquer coisa que não está bem."
Continua o CM dizendo que,
"(C)onfrontado com o facto de a testemunha principal ter reiterado as acusações a Pedroso, apesar da juíza de instrução Ana Teixeira e Silva não ter pronunciado o deputado e ter levado a julgamento arguidos denunciados pelo mesmo jovem, o defensor de Carlos Cruz disse: «Do ponto de vista do meu constituinte é uma situação exótica. Mas não me afecta nada que seja feita referência ao dr. Paulo Pedroso e aos outros. Acho que pura e simplesmente é um mau funcionamento da Justiça. (...) O MP tem um recurso pendente há um ano e meio na Relação. Não há nenhuma razão válida para não ser julgado»”. (a colocação da letra a grosso é minha)
A defesa de Pedroso contesta a interpretação do advogado de Carlos Cruz. Contudo, Serra Lopes que a decisão final sobre a não-pronúncia do arguido Paulo Pedroso (tomada pela inesquecível juíza Ana de Barros Queiroz Teixeira e Silva) está pendente no Tribunal da Relação de Lisboa há "19 meses"... O relator nomeado para decidir sobre o recurso é o inesquecível juiz António Rodrigues Simão, que já interveio no processo de pedofilia e participou do colectivo que, com o desembargador Carlos Sousa, mandou libertar Jorge Ritto da prisão preventiva em Abril de 2004. O despacho de não pronúncia tem sido objecto de vários incidentes processuais."
Publicado por Antonio Balbino Caldeira em 9/18/2005 02:04:00 AM
Quando a realidade nos entra “ecran” dentro, a dor é tão grande o desânimo é tão forte que erguemos os braços, não num gesto de luta, mas para escondermos as lágrimas com a vergonha, deste (des) governo, deste Estado (sem) Direito, do Direito de Justiça, injusto! Dói mais que qualquer dor física, este depoimento!
“Nós somos apenas os filhos da desdita mil vezes humilhados”
Como é possível ficarmos indiferentes, a estas palavras, de uma profundidade que nos corta lentamente! Cada palavra é um golpe!
Já não é a Justiça a julgar, é o “polvo” que mexe!
São os senhores do Governo! Da Justiça! Da Economia! Da igreja!
Todos juntos, não vão deixar que os intocáveis, sejam punidos!
Rodrigo Simão, o mesmo juiz que libertou duas vezes Jorge Ritto, como procederá hoje, com Paulo Pedroso?
Como é possível, o silêncio da comunicação social, perante o violento sequestro dias antes de uma vítima do processo Casa Pia, começar a depor?
Como é possível, jovens estarem a descrever factos tão marcantes e traumáticos da sua juventude e Carlos Cruz negar peremptoriamente!
Esse mesmo senhor que com a sua mulher, choraram lágrimas frente a milhões de portugueses, para além de outras falsidades fizeram crer que estavam numa situação económica difícil, que a mulher estava a fazer textos para o 24 horas (para mim este jornal é um Embuste!) para ganhar alguma coisa! Sem que tivesse sido desmentido. Este Verão, órgãos de comunicação social, falavam da nova casa de campo de Carlos Cruz, de 500 mil euros! Do grandioso casamento que fez à filha! Para além da dívida que durante o Euro se ouviu falar e que me conste, não foram pagos!
Para quem estava numa situação economicamente precária, rapidamente enriqueceu!
De onde vem tanto dinheiro???
C.C. MENTE! Todos sabem nos Tribunais que ele mente!
As vítimas sofrem! Escondem-se! Temem!
Os arguidos, passeiam, divertem-se!
Tanta coisa fica por dizer!
Tantas outras coisas “nós” (cidadão comum), não sabemos!
Mas as vítimas sabem!
Os CULPADOS, sabem!
Os Juízes sabem!
TODOS SABEM QUE OS CULPADOS MENTEM!
Há grande movimento de solidariedade, para com as vítimas deste processo! Muita gente preocupada com o desenrolar do julgamento, o blog “doportugalprofundo”, tem sido uma das “vozes” mais combativas e criticas em todo este processo, para além de muitas outras!
Por vezes, a solidariedade vinda do coração, não chega!
Que poderemos fazer, para que esta situação mude?
Porque mesmo sabendo que é difícil,
VALE A PENA LUTAR!
Um forte abraço de solidariedade, para todas as Vitimas do processo Casa Pia. Que são,
OS VERDADEIROS MENINOS QUE NUNCA FORAM CRIANÇAS
GR
Grande abraço, Pedro!
Caro Dr. Pedro Namora,
Vale a pena lutar.
Vale a pena lutar com palavras mas talvez fosse necessário ATITUDES E GESTOS, o gesto, a acção dói mais que a palavra dita, murmurada tantas vezes com medo.
Mais do que se possa imaginar, há tantos "filhos da desdita", As palavras desvanecem-se, diluem-se com o tempo que passa, porque esse passa sempre e apaga do imaginário das pessoas todas as palavras ditas e gritadas em desespero, em ferida.
~
Ossos carne e sangue, é preciso mostrar, muitas vezes nem isso tem conserto, quanto mais as marcas da alma, essa coitada com que ninguém se importa nem liga nem ouve, essa deve gritar mais alto, deve lavantar-se e impor-se.
Somos poucos, somos imensos, cada um com o seu grito, a sua marca, temos a obrigação e o carácter que são precisos para nos levantar-mos e gritarmos todos ao mesmo tempo, mexer todos ao mesmo tempo, sem receio, sem pensar em consequencias ou se a circunstancia é ou não favorável.
É na acção que as penas e as cicatrizes se esquecem (por momentos).
É preciso AGIR. Agora. Todos os dias.
É preciso não esquecer e incomodar, aborrecer cansá-los, estamos todos aqui à espera e as cicatrizes são cada vez mais dolorosas.
O tempo RUGE.
"Já não bastam as palavras meu amor..........."
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