segunda-feira, 28 de maio de 2007

Os Costas do costume


O lançamento da candidatura de António Costa à presidência da Câmara de Lisboa é bem elucidativo do estado de putrefacção em que se encontra a nossa democracia: apresentado como uma solução providencial a rasar o divino, Costa tem merecido o desvelo dos patrões da comunicação social com tanta intensidade que chega a parecer natural o que fabricado foi até ao mais ínfimo pormenor.

Absolutamente irrelevante – para o efeito da promoção e branqueamento do que foi o seu péssimo desempenho como ministro – é o total inexistência de obra ou sequer experiência no trabalho autárquico, além da que lhe adveio de se andar a pavonear com um burro e um Ferrari.

O que releva, na verdade, é que Costa interessa ao sistema e este avança-lhe em géneros o que no futuro há-de solicitar-lhe de volta, com os respectivos juros. A compor o ramalhete surgem as marquetestes e afins, sondagens tão credíveis quanto previsíveis na sequência do martelar constante “O Costa é que está a dar!”. À fraude presta assessoria também a disparidade de meios com que conta cada candidato.

A verdade, simples, é que não existem eleições livres em Portugal. Embuste após embuste, fraude eleitoral após fraude eleitoral, vamos elegendo sucessiva e irresponsavelmente, os sócrates, fátimas e costas do burgo, conduzidos ao sufrágio viciado pela canga da comunicação social e dos grandes grupos económicos .

Tivesse o povo memória e em Lisboa votaria na CDU, única força que combateu as negociatas e esquemas em que se enredaram todos os restantes partidos.

1 comentário:

GR disse...

Depois do respectivo susto ao ver estes assombros, lembrei-me de um caso caricato, que foi notícia de jornais.

Um senhora de 76 anos foi apanhada num supermercado a colocar um creme no bolso. Creme de 3 € e 99 cêntimos!
Restituiu o creme, humilhada pediu desculpa. Contudo, o caso seguiu para a justiça; Roubo de 3€!
Uma senhora de 76 anos, cuja reforma deve ser de miséria, tentou ter algo que talvez há muito não usava, creme! Disfarçaria as rugas, da mesma forma que disfarça a fome, por algum tempo acariciava o rosto, talvez tão esquecido por todos, por longos minutos revia-se num espelho gasto, disfarçava a solidão acompanhada com a tristeza, fingiria por alguns minutos que era feliz!
Um roubo de 3€! Despesas com a justiça largas centenas de euros!

Leio os Costas do Costume!

Desvios, nunca roubos! Sacos azuis! Carros topo de gama, empreiteiros, vivendas, pagamentos para campanhas, viagens, trafulhices, vigarices, de milhões, muitos milhões de euros.
A maioria das câmaras deve, dezenas de milhões.
Os telejornais noticiam várias vezes o Costa! 700 apoiantes, nada de gentalha, tudo pessoas de bem, Mário Soares, Ferro Rodrigues, João Soares, Catarina Portas, João Proença, Maldonado Gonelha e tantos outros. Apadrinham o Costa, para o favor de amanhã. Tudo tem juros, altíssimos!
O descaramento é total, sai de ministro, entra como candidato à Câmara. Agora entendo António Costa quando disse «o político que não assuma desafios, deve mudar de emprego».
E assim vai o Poder Local, um dos bens que Abril nos deu!

Hoje quem tira cêntimos é ladrão e, vai preso!
Quem exturque, desvia, subtrai milhões é um respeitável senhor, digno apoiante, um notável presidente!

Lisboa pode ainda ter uma câmara que todos os lisboetas se possam orgulhar.
Com o voto na CDU, claro!

GR