sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Contra a segregação

O Ricardo iniciou hoje uma etapa diferente no seu percurso escolar: foi à nova escola, onde vai frequentar o 5.º ano, conhecer os colegas e assistir à recepção magnífica que os professores e alunos mais velhos prepararam para os caloiros. Canto e guitarra, flauta e piano, voz e entusiasmo, incentivo e paixão e muita, muita confiança contribuíram para que nos sentíssemos felizes. Os nossos professores são tão bons como os melhores do mundo. E apesar de mal pagos e tão maltratados, constroem futuro como ninguém.

O Francisco é um dos colegas com que o Ricardo vai partilhar a aventura da aprendizagem. Infelizmente, por ser portador de uma deficiência auditiva não pôde fruir o momento musical que referi. Mas, muito pior do que isso, quando as aulas começarem a sério na próxima segunda-feira, o Francisco, apesar de presente na sala, não vai poder receber nada do muito que os professores têm para ofertar. Tudo porque o governo não colocou como devia se respeitasse a lei, um professor para o acompanhar convenientemente.

Este cenário de segregação dos alunos portadores de deficiência está generalizado a todo o país e desmascara a insensata demagogia governamental, que propaga vivermos no melhor dos mundos. Pode um país assim dizer-se livre? Democrático? Respeitador dos mais elementares Direitos Humanos?

1 comentário:

@Memorex disse...

Nunca deve temer o desconhecido, neste caso a Surdez não é um bicho de sete cabeças.

Basta encarar com naturalidade esta diferença, afinal se não temos esta capacidade auditiva existem outros atributos que geralmente preenchem lacunas irrevisíveis.

A visão e o tacto, é o bem mais valioso! Que o encanto da diferença te sorri e as asas de borboletas vão-se desabrochando colorindo as nuanches de piruetas de vitalidade, coragem e força sobrenatural na luta pela integridade.

Um beijo imaculado no céu tão acizentado!