sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Os muros

"Um dia destes, a propósito dos gastos dos partidos nas campanhas eleitorais, um politólogo especializado na matéria, chamado a opinar, opinou que as campanhas eleitorais partidárias eram desnecessárias, já que, explicava, a intervenção da comunicação social nas campanhas era suficiente para fazer chegar aos eleitores as propostas dos vários partidos concorrentes.

Nessas circunstâncias, acrescentava, os cidadãos, para darem consciente destino ao seu voto, não precisavam de cartazes, nem de panos dependurados nas árvores, nem de comícios, nem de debates, nem de sessões de esclarecimento, nem de nada dessas coisa que tanto dinheiro custam.

Presumindo que o dito politólogo não estava a brincar, só nos resta... levá-lo a sério – sobretudo no que respeita ao conceito de democracia eleitoral implícito na sua opinação. Sabe, certamente, o politólogo – não pode deixar de saber – que a comunicação social dominante que dá guarida às opiniões por ele emitidas não tem igual abertura para opiniões que das suas discordem ou se lhes oponham.


Sabe, igualmente – não pode deixar de saber – como essa comunicação social distribui o seu tempo e o seu espaço pelos partidos políticos nacionais – e não apenas em período de campanha eleitoral, mas todos os dias de todas as semanas, de todos os meses, de todos os anos. Sabe, ainda – não pode deixar de saber – o porquê dessa prática por parte de todos os média propriedade do grande capital – que são a quase totalidade dos existentes.


Ora, sabendo tudo isto e opinando como opina, é óbvio que ao seu conceito de eleições democráticas falta, precisamente, o conteúdo democrático. Bem tramados estávamos, nós, comunistas, se seguíssemos a opinação dele; se não recorrêssemos à militância partidária para fazer chegar as nossas propostas ao eleitorado, procurando ultrapassar e derrubar os muros espessos que a comunicação social dominante ergue entre nós e o eleitorado – muros que são feitos não apenas do silenciamento dessas propostas, mas, pior do que isso, da sua deturpação e falsificação. Muros que, todos os dias, roubam democracia à democracia."

José Casanova, no "Avante!"

4 comentários:

GR disse...

Uma forma camuflada, para mentalizar o eleitorado que não são necessário campanhas!
Mas a quem se refere ele? Ao PCP!
Já não basta todo o boicote que nos fazem!
A censura diária e escandalosa, num país que se diz democrata!
Se não vejamos,
A Conferência Económica, presentes 1165 delegados e centenas de convidados,
o Seminário sobre Africa,
a Reunião sobre Pessoas com Deficiência, onde foram discutidos com grande profundidade assuntos sobre a esta matéria,
a Homenagem a Óscar Lopes,
o Acervo do Partido (nem uma imagem) tantas outras grandes realizações se fizeram e fazem e nunhum os órgãos de comunicação social vai. Na C. Económica deram dois segundos!
Este silêncio mais não é que censura nojenta!
Vem agora um serviçal do neoliberalismo socratiano, dar ideias que já Salazar as ditava!

Os Muros podem ser altos e difíceis.
Para os comunistas e muitos democratas, não há muros que nos façam frente, mesmo que as dificuldades cada vez sejam mais difíceis!
A nossa vontade é maior!

Como diz Ary,
“Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai”

GR

Anónimo disse...

Camaradas!
Nós, militantes Comunistas,já conhecemos de "gingeira"estes politólogos de aviário,sempre tão zelosos da economia,e de outras coisas.
São politólogos, e,candidatos a mais qualquer coisinha.
Os comunistas estão bem preparados para lhes responder"O QUE TU QUERES SEI EU"
José Manangão

Anónimo disse...

Estranho esta afirmação vinda de comunistas. É próprio das democracias representativas, os meios da comunicação serem sujeitos a pressões dos directórios partidários e a fidelidades secretas dentro desses meios de comunicação.
Os comunistas também não se sujeitam a oposição, a história dos países comunistas fala por si, ainda hoje pode-se ver as democracias cubanas, chinesas, norte coreanas, o povo não conta para campeonato nenhum, inclusivé até para os referendos,temos isso em comum, em Portugal o povo também não conta.

Anónimo disse...

A resposta que merece este Português, que, não se identifica(porque será?), foi dada pelo meu camarada Dr.Pedro Namora, ao colocar, aquío seu comentário apezar de, discordante!
Vivam todos os homens e mulheres que têm coragem para serem militantes do PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS!
José Mamamgão