sexta-feira, 26 de agosto de 2005

CUBA: dignidade e resistência


"Até 1 de Janeiro de 1959, Cuba era um protetorado norte-americano, lugar para cassinos e bordéis freqüentados e financiados pela máfia e pelos fuzileiros dos EUA, que chegaram à audácia de profanar nossos símbolos pátrios e a estátua do herói nacional. Antes do triunfo da Revolução Cubana, a imensa maioria da população do país viveu afundada na pobreza, dezenas de milhares de crianças morriam todos os anos de doenças curáveis, os camponeses não tinham terras, os professores não tinham escolas, e havia milhares de desempregados e analfabetos. A atenção de qualidade para a saúde, a educação e a cultura era privilégio de alguns poucos.
O triunfo da Revolução Cubana em 1º de janeiro de 1959 significou para o nosso povo tornar realidade o ideário do escritor e herói José Martí, de viver numa pátria onde a primeira lei fosse o culto à dignidade plena do homem. Pela primeira vez, o povo teve a oportunidade de gozar de todos os seus direitos, por meio da construção de um sistema de justiça social, que escolheu de forma livre e soberana, e que tem sabido defender por mais de 40 anos, apesar do criminoso embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelo governo dos EUA, e que é condenado de maneira sistemática pela Assembléia Geral da ONU, a última vez pela esmagadora maioria de 179 votos.
Acusar Cuba de violar os direitos humanos é uma enorme infâmia. Cem por cento da população tem acesso gratuito aos serviços de saúde. Há um médico para cada 160 habitantes, e o melhor per capita mundial de enfermeiros, professores e medalhas de ouro olímpicas. A taxa de mortalidade infantil em Cuba é de 5,8 para cada mil nascidos vivos. Se a América Latina tivesse essa taxa de mortalidade infantil, a cada ano seriam salvas 800 mil crianças.

Em Cuba, o acesso à educação em todos os níveis é gratuito e não há analfabetismo. As universidades cubanas são freqüentadas por centenas de milhares de pessoas.

No mundo, dormem nas ruas 200 milhões de crianças. Nenhuma delas é cubana. Cem milhões de crianças de menos de 13 anos são obrigadas a trabalhar para viver. Nenhuma delas é cubana. Mais de um milhão de crianças são levadas à prostituição infantil e dezenas de milhares têm sido vítimas do comércio de órgãos. Nenhuma delas é cubana.

Trinta mil crianças morrem diariamente no mundo de doenças como sarampo, malária, difteria e pneumonia, assim como de desnutrição. Nenhuma delas é cubana. Dezenas de milhares de médicos cubanos têm levado saúde e esperança aos mais longínquos recantos do mundo; milhares de professores cubanos levaram seu saber e a luz do conhecimento a outras terras; dezenas de milhares de jovens de mais de cem países se formaram em universidades cubanas, e outros tantos estudam hoje como bolsistas em nosso país.
As eleições em Cuba são transparentes, os candidatos são propostos pelo povo, as urnas são protegidas por crianças, a contagem dos votos é pública, e não há nem sombra de fraude. Temos um só partido, mas esse partido não propõe candidatos nem os elege, porque em Cuba, da própria base, é o povo que propõe e elege os que o representam. O partido em Cuba não é um partido eleitoral, é o partido de defesa da unidade, da soberania, da dignidade e da independência; é o partido contra a anexação.
Que ninguém se engane. O que os EUA pretendem condenar com a resolução contra Cuba na Comissão de Direitos Humanos da ONU não é a violação dos direitos humanos, é o sistema político, econômico e social que o povo cubano escolheu de maneira livre, independente e soberana, e que não é do agrado dos EUA. Precisamente por isso, o governo desse país autorizou recentemente a liberação de US$ 59 milhões para financiar uma campanha contra Cuba, principalmente na América Latina e na Europa. Isso pode explicar o recente aparecimento, em alguns meios de comunicação, de certos artigos difamatórios contra o meu país."

Pedro Núñez Mosquera
(embaixador de Cuba no Brasil)

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