segunda-feira, 16 de maio de 2005

Os «coordenadores»

«No Bloco de Esquerda», asseverou Francisco Louçã no encerramento da IV Convenção que o entronizou como «coordenador» da nova «comissão política», «não existe consensos autoritários» como ocorre no PCP. A ilustrar tão retumbante novidade, garantiu de seguida que o BE «é o único partido da democracia do século XXI».Para quem não pratica «consensos autoritários», não está mal esta autoproclamação do BE dono exclusivo da democracia. O que, aliás, só confirma a irreprimível tendência de Louçã para soterrar adversários sob o aluvião das suas singularidades, como ainda há poucos meses o fez com Paulo Portas, quando procurou retirar-lhe o direito à opinião sobre o aborto porque ele, Portas, nunca fizera um filho – prodígio de que Louçã, pelos vistos, se acha peculiar autor.Embalados pela recente subida eleitoral das legislativas de 20 de Fevereiro último, os «bloquistas» lançaram-se a mãos ambas ao projecto político de «crescer». Para isso, deliberaram em moção disputar futuramente o eleitorado... do PS e do PCP.Quanto ao «outro» eleitorado, o que geralmente dá as vitórias à direita, o esquerdíssimo Bloco de Esquerda despreza-o simplesmente, embora Louçã se haja entretanto gabado, algo enigmaticamente, de que a subida do Bloco nas últimas legislativas foi o resultado «da luta contra a direita» reconhecida nas urnas pelos «», suspeitando-se na decorrência de que, para Louçã, quem não vota «Bloco» será mais ou menos aristocrático. Seja como for, o crescimento eleitoral foi a grande obsessão do ajuntamento bloquista, resumido na «conquista da maioria social através de uma profunda modernização e recomposição no campo popular da esquerda», ou seja, que toda a gente deve passar a votar «Bloco», não porque este traga algo de novo ao País, mas porque constitui a «modernização» e a «recomposição» no «campo popular da esquerda».Mais «popular» que isto só a música pimba, na sua insondável popularidade.Mas o Bloco de Esquerda também tomou decisões internas, adequadas à sua repentina «crise de crescimento»: instituiu sanções disciplinares, que podem chegar à expulsão, e criou um novo órgão partidário – a tal comissão política «coordenada» por Francisco Louçã. Como são muito democráticos, as futuras sanções – com ou sem expulsões – não podem castigar «delitos de opinião».Devia ser por isso – para defender, já nesta Convenção, o tal «direito à opinião» – que dirigentes de vulto do BE disseram que os opositores à lista liderada por Louçã «não eram sérios nas suas acusações de falta de transparência da direcção» (Fernando Rosas), que «as críticas de que no BE há os influentes e os que colam cartazes» são «as mesmas críticas que Santana Lopes atirava ao BE» (Miguel Portas) ou que havia quem tivesse «a mania terrível de catalogar pessoas e ideias» (Miguel Portas).A sorte de quem cometeu tais críticas é que as ditas sanções disciplinares ainda não estavam em vigor, o que não impediu, obviamente, que a nova «comissão política», de coordenador à frente, não brindasse com uma severa sisudez os protestos da lista derrotada contra «o divórcio crescente entre a direcção executiva e o resto da organização», a falta de voto secreto na eleição de Louçã, etc. etc.Para rematar, apresentaram como «novidade» a candidatura pelo «Bloco» do advogado José Sá Fernandes à Câmara Municipal de Lisboa, um «independente» que, segundo o Público, andava a «negociar» há um ano com o BE esta candidatura, ao mesmo tempo que se insinuava ser o PCP que se «opunha» a uma coligação por Lisboa com o BE, quando afinal andavam era todos a «marcar terreno» com as ««providências cautelares» contra a gestão Santana Lopes.Enfim, uns verdadeiros «coordenadores»...

1 comentário:

Anónimo disse...

A ESQUERDA BURGUESA!
Pois é, o BE através do seu líder histórico, esqueci-me...do seu nome! está a mostrar-se ao eleitorado! porque militantes ainda não os tem. Mas com um pouco de demagogia, ele vai conseguir!Andam por aí a saldo ums "esquerda" que se não os apanham a tempo, está toda no PS ou PSD. Abispem-se!
Não, não é provocação, mas sim exaustão de tantos “verdadeira esquerda”!
Descobriram de repente que existe um eleitorado urbano; estudantes, médicos, professores, advogados. E os outros? agricultores, operários, pescadores, reformados, funcionários públicos e tantos outros! A este eleitorado (pé descalço) não querem nada com eles? A política do BE, não chega até lá!
Com um discurso irreverente (já foi mais), utilizam um bom markting, sem dúvida. Mas quem paga? Contratam animadores, cantores...colocam Mupi’s caríssimos, na pré-campanha, depois na campanha, sempre renovados. Conferências de imprensa, em boas salas.
Quem consegue fazer uma campanha tão cara? De onde vem o dinheiro?
Pois é, é um assunto que não nos diz respeito! Muito boas falas, mas para trabalharem!!! Querem eleições, referendos, mas não põem ninguém nas mesas de voto. Dá trabalho!
Mas o Dr. Louçã, com a sua candura de menino seminarista, ultra democrata, partiu o verniz neste seu democrático congresso.
Com que então Francisco Louçã, proclama-se “coordenador”. Não, nada de secretário-geral, isso é para os comunas. Sim, porque agora com o BE não se brinca! E quem discordar com a “linha oficial do partido”, está previsto: expulsão de militantes. Já agora a moção foi aceite por unanimidade...”não vá o diabo tecelãs”.
“Coordenador”, até foi eleito, por voto de braço no ar!
Mas para o BE, não há a Lei dos Partidos!
Sim, os PC’s (como eles dizem), são antidemocráticos, sempre fizeram uma votação de braço no ar, mas não teriam coragem de a fazer em voto secreto! E lá teve que ser, o PCP no último Congresso, fez a sua votação, com um simples clic, o indicador no mouse, e foi vê-los votar! mas para tristeza de muitos “democratas de esquerda”, a votação foi, uma Vitória! É assim, quem com esforço e verdade, vive a vida política, sem interesses pessoais, sem vaidades, sem demagogia. Os congressos correm bem!
Mas para o BE, não há a Lei dos Partidos??? Já agora quem inventou a Lei do Financiamento dos Partidos??? Eu sei!
E depois não nos podemos esquecer dos órgãos de comunicação social, sempre atrás do BE. Pouco importa se estão a falar para 5 ou 10 pessoas, os jornais e TV’s lá estão!
O PCP, faz realizações com 100, 500 ou 1000, mas, essa mesma “média”, não aparece!
Não, não é por mal! Eles, até são isentos e democratas. Aí...estes órgãos de comunicação!
E para terminar temos o Sá Fernandes que o BE qual carraça, estão há mais de um ano agarrá-lo. Mas o PCP, é que é individualista e não quer coligações.
Moral da história: quanto mais conheço o BE, mais orgulho tenho do PCP.
GR