“Muitos adultos vítimas de abuso sexual na infância, não conseguem sequer, muitos anos após o abuso, pronunciar o nome do abusador. Têm um cemitério dentro de si, no qual se sentem incapazes de tocar”
Prof. Maria Clara Sottomayor
Acabo de receber a informação de que, por deliberação do tribunal, as vítimas vão ser sujeitas a novos exames médicos. Isto, como facilmente explicará quem conhecer minimamente o profundo sofrimento das crianças abusadas sexualmente, é inaceitável. Obrigar as crianças a reviver, uma vez mais, o tormento por que passaram é, além de desumano, desnecessário.
Com efeito, no decurso do processo, as vítimas foram submetidas, no Instituto Nacional de Medicina Legal, a dois tipos diferentes de exames periciais: perícias médico-legais de natureza sexual, realizadas por médicos, e perícias sobre a personalidade, a cargo de psicólogos.
Enquanto a avaliação médica teve uma duração média de 4 horas, os exames sobre a personalidade duraram, em média, dez horas. Constata-se assim que cada uma das vítimas foi observada, por profissionais que trabalharam separadamente, durante cerca de 15 horas, tempo superior ao que é usual empregar-se na generalidade dos países onde estes crimes ocorrem.
Os peritos, altamente conceituados, competentes e isentos, nortearam-se na avaliação psicológica, pelas orientações emanadas da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry e da Fédération Française de Psychiatrie.
Os exames de natureza sexual, que visaram constatar a existência de marcas físicas decorrentes das violações narradas, foram realizados pelo Prof. Dr. Jorge Costa Santos, especialista em Medicina Legal e professor de Medicina Legal, Ética, Direito e Deontologia Médica, da Faculdade de Medicina de Lisboa, cientista que realizou já mais de 2.500 exames periciais de natureza sexual. O perito não teve dúvida em afirmar que: “o relato fornecido pelos menores que examinou era, pela sua coerência, congruência e ressonância afectiva compatível com os abusos sexuais que relataram, sendo a ocorrência de tais práticas e as circunstâncias relatadas altamente prováveis”.
Ao contrário do que escreveram os avençados de serviço, entre os quais alguns que se reclamam especialistas, os exames médico-legais não se reduzem à “mera observação dos genitais externos ou da região perineal da alegada vítima”, como salientou o Ministério Público no recurso contra a não pronúncia dos então arguidos Paulo Pedroso e Herman José. Essa concepção está ultrapassada pelos “conhecimentos e a experiência da moderna medicina psicossomática, para a qual o corpo e a mente, o soma e a psique, o físico e o psíquico, representam não duas realidades distintas, mas duas faces ou vertentes de uma mesma realidade – a pessoa.”
A verdade é que os peritos foram unânimes no reconhecimento de que as descrições efectuadas pelas vítimas eram consistentes e coerentes e sem lapsos relevantes. O que permitiu concluir pela credibilidade dos depoimentos que prestaram, apesar de constantemente intimidados para que nada revelassem.
Crianças que ainda hoje não se conhecem, referiram ter sido abusadas sexualmente pelos mesmos arguidos, em tempos diferentes e em locais que descreveram minuciosamente. Quando os investigadores foram a essas instalações, verificaram que tudo batia certo. Perante tal evidência, logo surgiu o recurso às teorias sobre a fragilidade da memória e as correspondentes acusações de que a polícia, os magistrados e os médicos induziriam, de formas diversas, nas mentes imaturas, o nome dos arguidos indiciados.
Contudo, o Ministério Público considerou as declarações das vítimas absolutamente credíveis e repudiou a teoria da cabala, “por ser de todo inconcebível a possibilidade de alguém ou alguma organização seviciar crianças, delas abusando sexualmente; convencer essas crianças a mentir e lograr que as mesmas imputassem”, aos arguidos, “a prática dos factos de que foram vítimas”.
Enquanto a avaliação médica teve uma duração média de 4 horas, os exames sobre a personalidade duraram, em média, dez horas. Constata-se assim que cada uma das vítimas foi observada, por profissionais que trabalharam separadamente, durante cerca de 15 horas, tempo superior ao que é usual empregar-se na generalidade dos países onde estes crimes ocorrem.
Os peritos, altamente conceituados, competentes e isentos, nortearam-se na avaliação psicológica, pelas orientações emanadas da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry e da Fédération Française de Psychiatrie.
Os exames de natureza sexual, que visaram constatar a existência de marcas físicas decorrentes das violações narradas, foram realizados pelo Prof. Dr. Jorge Costa Santos, especialista em Medicina Legal e professor de Medicina Legal, Ética, Direito e Deontologia Médica, da Faculdade de Medicina de Lisboa, cientista que realizou já mais de 2.500 exames periciais de natureza sexual. O perito não teve dúvida em afirmar que: “o relato fornecido pelos menores que examinou era, pela sua coerência, congruência e ressonância afectiva compatível com os abusos sexuais que relataram, sendo a ocorrência de tais práticas e as circunstâncias relatadas altamente prováveis”.
Ao contrário do que escreveram os avençados de serviço, entre os quais alguns que se reclamam especialistas, os exames médico-legais não se reduzem à “mera observação dos genitais externos ou da região perineal da alegada vítima”, como salientou o Ministério Público no recurso contra a não pronúncia dos então arguidos Paulo Pedroso e Herman José. Essa concepção está ultrapassada pelos “conhecimentos e a experiência da moderna medicina psicossomática, para a qual o corpo e a mente, o soma e a psique, o físico e o psíquico, representam não duas realidades distintas, mas duas faces ou vertentes de uma mesma realidade – a pessoa.”
A verdade é que os peritos foram unânimes no reconhecimento de que as descrições efectuadas pelas vítimas eram consistentes e coerentes e sem lapsos relevantes. O que permitiu concluir pela credibilidade dos depoimentos que prestaram, apesar de constantemente intimidados para que nada revelassem.
Crianças que ainda hoje não se conhecem, referiram ter sido abusadas sexualmente pelos mesmos arguidos, em tempos diferentes e em locais que descreveram minuciosamente. Quando os investigadores foram a essas instalações, verificaram que tudo batia certo. Perante tal evidência, logo surgiu o recurso às teorias sobre a fragilidade da memória e as correspondentes acusações de que a polícia, os magistrados e os médicos induziriam, de formas diversas, nas mentes imaturas, o nome dos arguidos indiciados.
Contudo, o Ministério Público considerou as declarações das vítimas absolutamente credíveis e repudiou a teoria da cabala, “por ser de todo inconcebível a possibilidade de alguém ou alguma organização seviciar crianças, delas abusando sexualmente; convencer essas crianças a mentir e lograr que as mesmas imputassem”, aos arguidos, “a prática dos factos de que foram vítimas”.
17 comentários:
Mais uma reles tentativa de enrolar o processo e desacreditar as vítimas, torturando-as com perícias na esperança que desistam por sucumbência ao trauma e ao enxovalho.
É pena que tenham afastado o Juiz Rui Teixeira, pois caso não o tivesse sido, creio profudamente, que este caso já teria desfecho.
A minha empatia é com as vítimas, a minha revolta é com o Estado e Órgãos de Soberania, o meu nojo é com os abusadores e mais quem os encobre.
Força.
É como lhe disse já, Dr.Pedro Namora...
um dia destes ainda vamos ver as crianças abusadas a irem dentro...e os carrascos, a virem cá para fora serem aplaudidos(como já o foram alguns), e receberem grandes quantias,pagas pelos nossos impostos, por calunias...vai ver!!!
Nesta terra acho que já tudo é possivel...
Quando se viu a recepção feita a Paulo Pedroso na assambleia da republica...nada mais me espantará!
Um abraço
Pedro Namora,
Felicito-o pela sua honradez e coragem. Tem e terá sempre o apoio de todos os portugueses que se respeitam a si mesmos. As vítimas da Casa Pia não devem ter vergonha de nada: quem se deve envergonhar é esta sociedade de energúmenos em que cada vez mais este país se vai transformando. Transmita-lhes que não estão sós. Os pedófilos pagarão pelos seus crimes, por mais poderosos e odiosos que sejam. Não será só o Bibi a ser condenado, disso podem ter a certeza!
Isto é inaceitável. É uma vergonha. E ler o que o dr. não sei quê fernandes, advogado do senhor não sei quê cruz, dizem nos jornais, causa náuseas.
É preciso ter muita coragem... e o estomago muito forte!
Um grande abraço, Pedro. Força!
Foi dado um passo em frente, com os corajosos depoimentos da Dr.ª Catalina Pestana e de Pedro Namora.
Assistimos novamente a mais um retrocesso, através da provocação e humilhação! Não só da parte dos tribunais, como de alguma comunicação social.
O Polvo mexe, comanda. O poder da Rede é forte.
Nada que não estivéssemos à espera!
Contudo, haverá maior atraso no processo, mais um tormento para as vítimas!
Até quando?
Haverá também um reforço por parte da população, confirmando que os pedófilos estão preocupados, desorientados! Sabem que estão desacreditados!
A onda de solidariedade para com os jovens e todas as vítimas vai crescendo!
Um forte abraço muito solidário,
GR
Pedro Namora,
A população está do seu lado e do lado das vítimas.
Os Tribunais estão a provocar a vitimização secundária das crianças. É como se as violassem outra vez. Agravam o seu sofrimento e impedem a sua recuperação psicológica. Isto é monstruoso. E são os orgãos de soberania, que deviam administrar a justiça em nome do povo, que estão a ser os autores desta barbárie. Este caso vai ser a vergonha da justiça portuguesa para sempre. Uma justiça que não cumpre os compromissos do Estado Português quando ratificou a convenção dos direitos das crianças e as recomendações e directivas da UE sobre os direitos das vítimas de crimes sexuais. Uma justiça ignorante e desumana.
Os mafiosos usarão de todos os expedientes para fugir à justiça. apesar desta andar tão mal tratada confiemos. Só perde quem desiste. Para o pedro um abraço do tamanho do Mundo
Não existem adjectivos para estes PULHAS cada um mais que o outro.
É caso para nos interrogar-mos, que juízes iremos ter se:este caso chegar á barra do tribunal????
Será que, o CP ainda irá ter mais alterações até lá?
Olhando o passado, todas as dúvidas são legítimas!
josé manangão
Nos últimos anos sinto-me triste quando verbalizo a frase,infelizmente,já banalizada: "sinto vergonha de ser portuguesa". Eu sei que a globalização da ausência de valores está aí para durar, mas gostaria de ver o nosso país "dar novos mundos ao Mundo".
Brotam alguns laivos de esperança no meu íntimo, quando verifico que ainda há Portugueses Dignos do País que herdaram!
Bem haja, por isso, em nome das crianças!!!
Já alguém aqui pensou em iniciar uma petição?
Eu assinarei imediatamente e, tenho a certeza, outros milhares também!!!
Salomé Vargas
Olá Pedro,
Vai correr tudo bem!
Um abraço
Anónimo
é uma falta de vergonha. nem é pouca vergonha, é ausência total de vergonha.
fico sem palavras.
um abraço forte, Pedro.
... e vale a pena lutar, sim!
Realmente este é o país que temos! Que uma grande maioria escolheu ter e todos nós temos que gramar! Que uma grande maioria escolheu ter e que agora todos temos que gramar,mesmo que essa grande maioria que votou nestes governantes, agora se indigne, se exalte e assobie para o lado, como se não tivesse nada a ver com os mandos e desmandos desta corja! Mas este não é o país que eu escolhi, estes não são os governantes que eu escolhi para o meu futuro, para o futuro da minha filha, para o futuro do meu país! Apetece gritar, como o Poeta:
"Esta é a ditosa pátria, minha amada. Não!
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.
(...)
Terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe,
terra de pedras esbrougadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ò terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço.
És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor no coração,
Eu te pertenço, mas seres minha,
não!"
A Portugal
Jorge de Sena
Como tua amiga, sei que não vergas nem desistes!!
Um beijo, meu camarada e amigo
Beta
Força Pedro, estas crianças precisam de quem se lembre delas.
Meu caro Pedro Namora
lutar , lutar sempre com a coragem que tens é exemplar ! Lutar contra os que andam a fazer pela vida, no seu pior sentido, sem escrúpulos!!! Esta iniciativa é inacreditável, está ao nível daquele ou daqueles psicólogos , ou lá o que eram, que vieram convidados pelos defensores do Carlos Cruz "provar cientificamente" que a autoestima dos abusados beneficiava por os abusadores serem pessoas socialmente conhecidas.Mais pericias ? Têm a esperança de finalmente aparecerem uns peritos desse jaez ou então somam pericias sobre pericias até promoverem a confusão total! mete nojo aos cães estas manobras dos mais fortes que querem demonstrar que são eles os que têm o direito à liberdade.
Um forte abraço
Manuel Augusto Araújo
Força Dr. Pedro Namora não desista, muita gente está do seu lado, isto agora não pode andar para trás. estes canalhas pensam que o povo português anda a dormir, pode ser que se enganem.
Este processo está a descer abaixo de nojento.
Ainda vamos pagar mais impostos para indemnizar os abusadores. Nem Kafka se lembraria de uma coisa assim.
Abraço
Nijenta revitimação das vítimas.
deixei de trabalhar numa área em que tinha de encarar estes nojentos todos.
Tal o meu nojo que preferi mudar de trabalho.
Enviar um comentário