sábado, 28 de novembro de 2009

Face oculta revela a verdade



Souto Moura, um dos magistrados portugueses mais prestigiados e competentes, foi afastado de funções pelo putativo engenheiro sócrates e substituído por Pinto Monteiro. Apesar de já conhecer a motivação de tal mudança, o arquivamento das escutas a José Sócrates é bem revelador do pantanal que nos aprisiona.


Em Portugal, o Estado de Direito a que Sócrates e amigos almejam, só triunfará, quando, a  qualquer resquício de liberdade e independência, for dado combate determinado pelos boys que o ps vai sedimentando em lugares fundamentais. Que vergonha!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Telegrama

Revi  "O Padrinho", stop.

Entendi Sócrates, Vara; Gama; Júdice; Pinto Monteiro; Maçonaria; Pedroso; Soares; Jorge Sampaio; Rui Mateus; Fátima Felgueiras; Carlucci; Terrorismo; Camarate; Edite Estrela; Preto; stop.
Portugal necessita: bons actores, melhores sofistas, imaculados a granel,  escutas anuladas, pedófilos e mafiosos perdoados, formalismo castrador, stop.

Siga a marcha, que para mais não dá, stop.

Viva a presunção da inocência decretada pelos aventais. Stop.
Viva o formalismo processual e a verdade que se fere! Stop.

Viva o triunfo do lixo, na secretaria, sobre a substância ! Stop.

Viva o país onde fazer de conta dá milhões! stop.

Viva a fundação Soares e o pai da pátria! Stop.

Viva a face oculta de uma verdade por demais conhecida! Stop.

Vivam os democratas impolutos e os filhos da puta que se cuidem, porque a concorrência grassa! Stop.

Viva o rebanho que sai à rua "a horas certas", para eleger reiteradamente os que fazem do filme de Copolla uma pobre obra de ficção a quilómetros da realidade portuguesa. Stop.

Vivam os espertos que pontuam com frases certeiras a crítica inabalável aos bloguistas ensandecidos! stop.

Viva a marmelada entre o Pinto Monteiro e o Sócrates! Stop.

Vivam os que, bem comportados, determinaram o que significa freeport, licenciatura na farinha amparo; face oculta com o rabo de fora; putativo engenheiro; CGD; BCP; Mota Engil; Galp; Pina Moura;Jorge Coelho; sucateiros; Expo 98. Stop.


E eu cada vez com mais vontade de comprar uma metralhadora. Stop!



sábado, 7 de novembro de 2009

Os do costume

A operação face oculta já era. Nem tempestade, nem abalo. Apenas a tarefa periódica, um leve espernear tendente ao ócio futuro, um faz-de-conta com destino preciso: a presunção de inocência a reforçar o clima propiciador de outras faces tão ocultas quanto esta. O que é preciso é enganar a malta, fingir que se quer combater o que afinal é o cimento do sistema.
Por esta altura, nos labirintos pérfidos da república das bananas, as ratazanas movem-se, traficam influências, ameaçam-se recíprocamente. Invocam-se solidariedades passadas, crimes comuns, cozinhados antigos. Se me tocas, disparo, se investigas, mordo-te. Ai como deve rebolar de riso a fatinha de Felgueiras e quejandos. Os do avental já reuniram e teceram estratégias: a presunção de inocência é tudo, ou quase. Porque o resto, pá, o resto é uma cambada de invejosos.
Nas próximas semanas não faltarão entendidos a perorar sobre as maldades cometidas contra as almas puras, sucateiros ou banquei ros, com diploma da farinha Amparo, lavrado a preceito pela família.
E ainda há quem os leve a sério. O país está a saque, mas não se pode sequer o elementar gesto de revolta, nem o grito ingénuo: agarra que é ladrão!
Esta cambada não nasceu agora, perdeu o umbilical cordão nos idos de 74 e 75, quando para malhar nos comunistas e nos que desejavam um país novo e limpo, se recrutaram bandidos, pides, verdugos.
O Ramiro, por exemplo. Bombista exemplar, amnistiado por Mários Soares, mas que, enquanto perseguido pelo Estado português, chefiava a delegação da, então pública, Galp em Madrid.
Esse bombista, quem o nomeou?, vinha a Portugal as vezes que queria, sem que a polícia o incomodasse, porque os padrinhos velavam. Não sei se Soares o condecorou, como ao Ritto pedófilo, mas que vinha, vinha.
E como ele tantos. Porque a cumplicidade forjada nos anos da traição ao 25 de Abril, pode mais. Por onde anda o autor dos faxes pedindo cinco milhões de contos a Carlucci, para derrubar as resistências débeis, de dois autarcas conhecidos, à voracidade construtora da empresa que mafioso da CIA dirigia?
Portugal é um lodaçal: das inspecções automóveis aos exames de condução, do tráfico de mulheres e armas à violação de crianças; das facturas falsas ao roubo de milhões, tudo passará impune, porque a presunção de inocência dos poderosos vale tudo

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Desabafo

Mordeste o pão duro que deus amassou, mas não choraste a desdita como tantos. Perdeste filhos , pais e o passe social da carris e do metropolitano. Perdeste a novela das onze e um quarto, como ressalvas sempre a salivar.
Mas não esqueceste o telefonema dos “bjinhos” e dos “bigadas”, para os amigos com cédula e certidão de interesses. Lavas a boca com dystron ou com lixívia e comes ovos moles e risos descabidos. És uma farra, amigo e o teu avô jogava ao berlinde no rossio galando actrizes porno na ginjinha, porque a arte de fugir é um desafio que derrete mesmo a alma da madrinha.
Tanta coisa errada - não é meu asno? - tanta miséria e tu, um primor, vestes o paletó, dás dois peidos na escada e vais à vidinha a palitar os dentes de desprezo pelos pobres que afugentas do passeio.
A  tua dama a gastar-te o salário no casino, o teu clube falido, os pombos decrépitos fazem-te chorar - és um coração de manteiga, é o que é - mas esqueces a cara da avó a apodrecer no cadeirão coçado , o lar da ameixoeira grande, deserto de gente como tu, o cheiro a mijo, as fraldas com merda de semanas, coladas à parede como post-it acusadores.
A mesma velha que repele as tuas visitas semestrais, o teu ar de quem chegou com cara de quem não volta mais, o teu nojo colado à camisa em grossas gotas de suor. Ou será medo?
Tu ali, colado a ela, na ânsia da sopa que não chega, dos remédios que apressem a morte, a mesma janela, o mesmo rio parado, o mesmíssimo cheiro e os teus pombos que não dizem, que não grasnam, indiferentes aos latidos que protestas.
Tu ali esquecido, amnésico, com a âncora do cachucho dourado a colar-te ao cadeirão usado a majestade, a pedires para mijar às operárias que te ralham e simulam afazeres.
Não são tuas as lágrimas que te rasgam o focinho contrariado, não é teu o murmurar de sangue arrependido. Não há verniz que esconda o vilão que foste, não há poses que salvem o bandido.
Resta-te o deus que mesura por interesse as almas vis. De forma que ajoelhas, simulas estar ausente de pecado, entoas ladainhas mirando o altar onde também cerejeira e Salazar se prostraram – esses cabrões que tanto recomendas – e guinchas impropérios contra a culpa dos que não te entendem a bondade.
Perdoai-lhe, senhor!