segunda-feira, 21 de abril de 2008

Obrigado Mação e Oliveira do Douro

Em Mação e Oliveira do Douro, com o intervalo de uma semana, duas magníficas noites e outras tantas oportunidades de falar com centenas de pessoas sobre abusos sexuais e prevenção. É impressionante a adesão das populações aos debates que se promovem sobre estes temas. E marcante a solidariedade para com as vítimas da barbárie.
Tivéssemos nós um governo preocupado com estas questões e Portugal deixaria de ser um paraíso para pedófilos, cuja actividade predatória só pode ser desenvolvida onde as pessoas não conhecem a forma como agem e dissimulam os crimes que cometem.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

As preocupações do senhor Procurador

O senhor Procurador-geral diz-se muito preocupado com a violência juvenil nas escolas. Não podia, pois, ter melhor álibi do que a cretinice em torno de um telemóvel publicitada na net por um filho do sistema miserável em que vivemos. Falta agora nomear Emídio Rangel para chefiar as polícias - de choque preferencialmente - que hão-de aplacar, de bastão em riste, as fúrias e birras estudantis.
O senhor Procurador tem demonstrado ser um óptimo ministro de Sócrates. Por isso, em vez de centrar a atenção dos portugueses no que urge combater - os homicídios, os roubos, as agressões sexuais; os crimes laborais e as crescentes falências fraudulentas; os crimes de colarinho branco e por aí fora - quer que a intervenção prioritária das forças repressivas se dirija a uma área onde a comunidade escolar (professores, restantes funcionários, pais e encarregados de educação, autarquias) pode e deve actuar de forma eficiente.
Como ministro de Sócrates, ao senhor procurador interessa iludir a questão central: as escolas estão neste estado caótico porque o governo, além do blá-blá costumeiro nada fez em quase 4 anos. Por isso falta quase tudo: funcionários, material escolar, ginásios, cantinas, tempo, estabilidade e formação para os professores darem as matérias e, quantas vezes, pais que não se dissociem dos filhos, que não se limitem a despejá-los à porta da escola.
Na verdade, quem usou de violência na escola do Porto, não foi a estudante. Foram os que a ensinaram a viver neste país dirigido por gente rasca na convicção de que o telemóvel é tudo. E o livro, nada.
Se o senhor Procurador quiser um conselho que evite a desmotivação dos alunos e outros fenómenos negativos, aqui fica: visite a Escola Voz do Operário. Constate como crescem felizes as crianças que por lá aprendem, o respeito recíproco entre professores e alunos, o amor à escola diariamente fortalecido. Depois, se quiser ser coerente, exija ao governo que pague à Voz do Operário os milhares de euros que lhe deve por não comparticipar nas despesas com as crianças de menores recursos.