sexta-feira, 27 de abril de 2007

Fascismo nunca mais!


Segundo me contaram diversos participantes no magnífico desfile pela Liberdade, a PSP fez um cordão de segurança no Marquês de Pombal para proteger um cartaz fascista que há dias suja Lisboa.Com receio de que os manifestantes fizessem cumprir o que determina a Constituição e banissem o escarro contra Abril, os que mandam na polícia ordenaram-lhe que se posicionasse do lado da ignomínia.

Convém não esquecer que o cidadão que primeiro isentou de responsabilidades a súcia que pariu o cartaz foi o novel Procurador-geral da república, que não encontrou qualquer inconstitucionalidade no mesmo. Não admira assim, que as mesmíssimas fardas que antes cumpriram com zelo a protecção da caca, agredissem violentamente um grupo de jovens por ter cometido o capital pecado de gritar: "Santa Comba Dão é a terra do cabrão!" , ou - o que é ainda mais perigoso - "Fascismo nunca mais!"

Este episódio tem que ser analisado no âmbito do que vem sucedendo em Portugal desde que Sócrates conseguiu a maioria absoluta. Desde a identificação de sindicalistas por terem exercido os direitos que a lei lhes atribui, até às conhecidas repreensões a jornalistas por ousarem escrever sobre a alegada licenciatura, tudo tem valido. Portugal é hoje um país refém dos absolutamente maioritários boys do PS. Quem controla o SIS, a PJ, a Procuradoria-geral da república, as polícias, a comunicação social; o tribunal de contas; o Banco de Portugal, etc, etc, etc? Quem distribui os milhões dos fundos comunitários? Quem determina o rumo dos concursos?

Ainda não é o fascismo? Talvez não, pelo menos com as características do que vigorou até Abril de 1974. Mas este sistema de democrático tem o nome e pouco mais. O que exige o reforço da luta. Porque a canalha que prende quem grita por Abril, tem que saber que há muito povo para prender se nos quiserem silenciar.
Viva a Liberdade!

terça-feira, 24 de abril de 2007

Na véspera do 33º aniversário do 25 de Abril



Por concordar com o seu conteúdo, execepto na parte em que o autor recusa a evidência de ser um herói - a exemplo do João Honrado, com quem partilha a foto - reproduzo, mesmo sem ter pedido prévia licença, o texto que retirei do anónimo séc. xxi.


"Para nós, comunistas, o 25 de Abril de cada ano é, sempre, uma Festa de Unidade. Para os comunistas, para o seu Partido, o 25 de Abril não é uma data partidária. Porque sabemos que ninguém tem o monopólio desse momento histórico da conquista da liberdade e da democracia para o nosso Povo. Pelo nosso Povo.

Terá havido, nalguns episódios destes 33 anos, militantes nossos – ou quem então o era precariamente, em percursos das suas carreiras políticas pessoais – que, em nome do Partido Comunista, tenha tomado posições não coincidentes, ou não coerentes, com o que é a posição dos comunistas sobre o 25 de Abril.Mas, sendo uma Festa de Unidade, não deixamos que dela nos excluam em quaisquer comemorações que se apresentem, ao Povo, como sendo do 25 de Abril de todos.

O 25 de Abril é o culminar de uma resistência de 48 anos. Ao fascismo e ao colonialismo. Que fizemos como mais ninguém a fez. Porque quando outros deixavam de ser o que eram, nós continuámos a ser o que sempre fomos, na luta que clandestina teve de passar a ser. Duríssima. Durante 48 anos! Resistência em que, sabemos!, nunca estivemos sozinhos! Por isso, não deixamos que nos excluam dos 25 dos sucessivos Abris. Por isso, não nos oferecemos nem aceitamos convites para participar em comemorações que, dizendo-se do 25 de Abril, não o são porque ou nos excluem ou nos subalternizam. Queremos apagar-nos em unidade mas não consentimos que nos apaguem como meros figurantes em comemorações de figurões e protagonistas contumazes.

Recusarem-se, sistematicamente, em comissões de unidade que integramos, as nossas propostas e quererem impor propostas que não têm o nosso acordo, acusando-nos sempre de ser nossa a responsabilidade da falta de consensualidades, é fazer o mal e a caramunha. Que denunciamos. Pessoalmente, em Ourém, lembro a linda festa que foram as comemorações dos 10 anos do 25 de Abril, nos Bombeiros, em que trabalhámos mais do que ninguém mas que não foi uma festa (só) nossa, e tenho pena que não se tivesse repetido porque se privilegiam comemorações partidárias e “oficiais”, onde talvez nos concedessem participação enquanto tolerados ou convidados, eventualmente de honra, se a tal nos propuséssemos ou estivéssemos disponíveis.

Pessoalmente, sei que não fui um herói do 25 de Abril. Aliás, de nada fui ou serei herói. Mas não deixo que se esqueça que, com comunistas e com não comunistas, fui libertado das masmorras da PIDE, de Caxias, quando o Povo Português foi libertado e se libertou. Para mim, o 25 de Abril é, e sempre será, uma Festa de encontros e de abertura de caminhos de unidade. Porque só assim a Liberdade e a Democracia serão – ou poderão vir a ser – plenas. Do Povo que somos todos."

Sérgio Ribeiro
anónimo séc.xxi

Chico Louçã apanhado em falso

De visita ao Brasil na sequência das últimas eleições legislativas, Francisco Louçã concedeu uma entrevista ao Democracia Socialista, jornal que pertence a uma facção do Partido dos Trabalhadores. E o que disse é verdadeiramente espantoso. À pergunta do jornalista,Em Portugal, o Bloco de Esquerda conseguiu ocupar um espaço importante a partir das últimas eleições, com cerca de 6,5% dos votos, chegando a 10% nas grandes cidades. Em que contexto se deu esse crescimento?”


Chico Louçã, como por lá é conhecido respondeu, entre outras coisas:

“A esquerda em Portugal tem três grandes correntes: o velho Partido Comunista, que representa a história do movimento popular em Portugal, o Bloco de Esquerda, hoje segunda força na esquerda, e o Partido Socialista, que é o partido do governo. Esse é um partido que tem uma política liberal do ponto de vista econômico, algumas políticas sociais em relação à pobreza e à exclusão e que, nas questões políticas, alterna posições com mais convergência à direita ou à esquerda. "


Das duas uma: ou o Chico considera que o Partido Socialista não é de esquerda, o que sendo verdade é coisa pouco provável de ser dita na sua boca, ou mentiu descaradamente ao povo brasileiro. Porque como toda a gente sabe, o BE ficou sempre muito atrás do PCP em expressão eleitoral e num planeta muito distante se analisarmos a influência social.

Ora, mentir é feio. Mas ser-se be, à moda do Chico Louçã, do DO e do Nando Rosas é trocar, as vezes que forem necessárias, a verdade pelos holofotes mediáticos. E todos os pretextos são bons.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Soneto

Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?

Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.

Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.

Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.


José Carlos Ary dos Santos

sábado, 21 de abril de 2007

Contra o embuste!

Conhece o DO do BE? Não? Imperdoável! O DO do BE circula por aí e é justamente conhecido por padecer horrores sempre que avista a mais ténue presença de vermelho. Este tipo de complexo taurino – muito frequente entre os queques rosa – foi-lhe diagnosticado logo que o DO se fez do BE. E ainda bem, porque na ausência dessa sintomatologia, ao DO seria barrada a entrada no redil. Desde então o DO tem-se esmerado e o complexo tornou-se maleita incurável: Se alguém o quer ver transtornado, babando, incontinente, a raiva que o alimenta e dá prazer, basta ciciar-lhe: PCP!

Ai o que ele estrebucha e decreta, o que ele acusa e difama, o que ele mente e conspira. Como é do conhecimento geral, os do BE fazem revoluções à mesa dos cafés e investem, sempre com ar enjoado e definitivo, contra os que fazem da luta uma forma consequente e desinteressada de estar na vida. A última do DO que se fez do BE por não suportar o vermelho, é de rir. O menino estava cansado de ver o alegado licenciado enterrar-se no atoleiro de contradições sucessivas e, malandro, decidiu inventar um facto capaz de distrair o Zé povinho. Para o que contou com a colaboração de um avençado do DN.

Impostor, o DO atribuiu aos comunistas intenções censórias que só os da sua laia desenvolvem. O DO é um be e um be vive da frustração de não entender o que é a honra, dignidade e coerência. Um bom be tem que mentir para tirar proveito e o DO sabe-a toda: decretou, imperial, que o 25 de Abril não é exclusivo dos comunistas, só para dar a entender aos bes seus sequazes que o PCP teria manifestado tais propósitos. Na verdade, o DO está para a comunicação social do sistema como os bufos estavam, antes de Abril, para a PIDE. O lixo que produz não valeria o esforço de uma linha, mas em nome da verdade, aqui deixo o comunicado dos comunistas portugueses.

Quinta, 19 Abril 2007

A propósito da notícia do DN hoje publicada sob o título «PCP veta "Gato"» o PCP entende esclarecer que só por absoluta inexactidão, ou declarada má fé, se pode atribuir ao PCP, como é intenção da peça, a atitude de veto de Ricardo Araújo Pereira a propósito da intervenção de um jovem em representação de organizações juvenis na iniciativa de comemoração do 25 de Abril. A propósito da noticia do DN hoje publicada sob o título «PCP veta “Gato”» o PCP entende esclarecer o seguinte:

Em rigor o que se pode afirmar é que esta questão, a exemplo do que sucedeu com a inviabilização do acordo sobre o “Apelo” dos promotores, é expressão da atitude dos que, no quadro da comissão promotora, agiram para impedir nas comemorações quaisquer referências ou juízos críticos à acção do governo do PS.

Na actual situação – de agravamento dos problemas dos jovens e em particular dos jovens trabalhadores, que a recente lei sobre trabalho temporário veio acentuar, e deque a acção de luta de jovens trabalhadores de 28 de Março foi expressivo testemunho – a JCP apresentou e defendeu, desde o primeiro momento, por razões de actualidade política, a proposta (que chegou a ser consensualizada embora com a ausência da JS) de um jovem dirigente sindical (Pedro Frias) para a referida representação. É na sequência do desacordo manifestado já em momento posterior pelo representante da Juventude Socialista a esta proposta que o nome de Ricardo Araújo Pereira é apresentado e defendido (três reuniões mais tarde) pela JS e o BE. Perante o desacordo destas organizações àquela proposta foi ainda adiantado em alternativa, por iniciativa da Interjovem o nome de Joana Bastos para eventual consideração.

● Foi a falta de consenso entre as várias organizações juvenis – indispensável no processo de construção de decisões da comissão promotora das comemorações do 25 de Abril – que inviabilizou o acordo necessário para a referida escolha.

● O sentido que o título do DN e a peça que o acompanha pretende atingir é assim manifestamente tendencioso. Com igual «rigor» o DN poderia ter titulado “PS(ou BE) veta jovem sindicalista”.

É assim absolutamente falso que o PCP tenha “vetado” o nome de Ricardo Araújo Pereira. Para o PCP, a presença de todos quantos, como Ricardo Araújo Pereira, e tantos outros designadamente dos meios artísticos e culturais, se queiram associar às comemorações de Abril é sinal de uma desejável manifestação de vontade democrática de participação e de afirmação dos valores de Abril.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Cuidado que ele possui um cartão em que se diz socialista



Além de uma investigação independente ao atoleiro que gerou a licenciatura de Sócrates, é urgente investigar que outros dirigentes socialistas se licenciaram pela produtora independente. E em que condições.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Mário Quintana


Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!

O TEMPO DAS GIESTAS


“Chove, agora, uma chuva miudinha, embora contínua. O vento, depois do temporal que durante a noite assolou o Tejo, amainou e sopra fraco. As gaivotas serenaram, pairam sobre o rio, soltam os seus gritos de tempo de bonança, fazem voos picados como se fossem mergulhar e elevam-se, roçando as águas, amiúde com peixes presos nos bicos. Simão espera-a junto à Torre, abrigado no seu guarda-chuva grande, acompanhando os movimentos das gaivotas, agora voltando-se, vendo-a, dirigindo-se-lhe em passo acelerado, quase a correr, a correr, no rosto um sorriso feliz. Pega-lhe nas mãos, segurando o guarda-chuva com o pescoço e o ombro: Ainda bem que vieste — murmura. Depois tira-lhe a sombrinha, devolve-lha fechada, ficam os dois sob o guarda-chuva, repete: Ainda bem que vieste.”

No próximo dia 19, às 18h30, todos os caminhos vão dar à Casa do Alentejo, em Lisboa: chegou, finalmente, O Tempo das Giestas, romance belíssimo, comovente, de José Casanova.

sábado, 7 de abril de 2007

Memórias do Cárcere

"Quem dormiu no chão deve lembrar-se disto, impor-se disciplina, sentar-se em cadeiras duras, escrever em tábuas estreitas. Escreverá talvez asperezas, mas é delas que a vida é feita: inútil negá-las, contorná-las, envolvê-las em gaze. "

Graciliano Ramos - Memórias do Cárcere

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Graciliano Ramos


Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

(Graciliano Ramos, em entrevista concedida em 1948. Descobri Graciliano através da releitura do fabuloso livro de José Casanova, O Caminho das Aves. Se eu pudesse, oferecia a cada português um exemplar desse tesouro inesgotável.)

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Pela Verdade

No tratamento dado à matéria alusiva à alegada licenciatura de José Sócrates, os jornalistas têm omitido, com raríssimas excepções, um dado cada vez mais elementar: quem levantou a questão, quem a estudou e corajosamente publicou foi o Prof. António Balbino Caldeira, no seu blogue Do Portugal Profundo

Ora o Prof. há mais de dois anos que escreve sobre este assunto pelo que é de uma profunda desonestidade alegar, como tem feito o governo e hoje o barão socialista Jorge coelho reiterou, na Quadratura do Círculo, que tudo não passa de uma guerrilha entre gente que quer tomar o poder na alegada Universidade Independente. Guerra que como se sabe começou recentemente.

Com argumentos desse tipo pretendem atirar areia para os olhos do povo e adiar, quem sabe ad eternum, como noutros assuntos conseguiram, o conhecimento da realidade. Por que não fala José Sócrates? Algum licenciado admitiria, por uma hora que fosse, que questionassem o fruto do seu trabalho de pelo menos cinco anos?

A título de mera curiosidade, não posso deixar de assinalar um facto: Armando Vara, ex-governante socialista, surge agora também licenciado pela Independente, parece que em Relações Internacionais. Como foi meu colega em Direito na Universidade Lusíada, no já longínquo 1.º ano, hão-de ter sido as dificuldades sentidas a motivar a mudança de curso e de faculdade