terça-feira, 30 de outubro de 2007

A luta continua!



Em Setembro de 2005 escrevi neste blogue o que, por ser cada vez mais actual, reproduzo agora:

"Queridos irmãos casapianos,
Se, como espero, persistirem na infâmia de não escutarem a dor que vos inferniza a existência, todos os segundos de todos os dias;
Se recusarem o que aceitaram para outros, só porque estes podem mais e têm dos cordéis que tudo determinam melhor conhecimento;
Se como espero, vierem apressados clamar que agora tudo acabou e no andor colocarem os bandalhos;
Se as trombetas ecoarem triunfantes calcinando-vos com a desonra da mentira;
Se os que tudo vendem ou alugam, fingirem agora ter consciência;
Quero dizer-vos, queridos irmãos de condição, que nem por um segundo duvidei dos vossos testemunhos. Sei dos que cometeram o massacre. E acima de tudo vi os vossos olhos pejados de sofrimento, de revolta, de abandono.
Nós sabemos que a verdade é outra: eles são compadres de outros como eles. E de outros ainda piores. Têm muito poder, tesouros e mundos para ofertar.
Nós somos apenas os filhos da desdita mil vezes humilhados.
Mas, se como espero, decidirem fingir que afinal não foi como sabem ter sido, nem por isso vamos desistir. A desonra é deles! Será deles a vergonha!
Nós continuaremos convictos de que valeu e vale a pena lutar!
Podem encomendar decisões, mas a vossa dignidade não compraram.
Eles são os carrascos. Vocês os heróis que o povo admira e respeita profundamente."

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Os cobardes não brincam

Segundo a jornalista Patrícia Pires, do PortugalDiário, Catalina Pestana está a ser perseguida. E uma das vítimas foi cruelmente sovada.

"Desde que falou sobre «mais abusos» a alunos da instituição, a ex-provedora reparou «num homem estranho» com quem já se cruzou «em locais diversos». Demasiado «distintos» para ser coincidência. Testemunha do processo também foi violentamente agredida há cerca de três meses"

Catalina Pestana, ex-provedora da Casa Pia, contou ao PortugalDiário que tem sido «seguida», porque já se cruzou, «várias vezes em locais muitos distintos», com «o mesmo homem». Desde quando? «Não posso dar a certeza absoluta, mas tenho ideia que foi após dar a entrevista ao semanário Sol», afirma.

Apresentar queixa ou pedir protecção especial não está nos planos de Catalina Pestana. «Não tenho medo. Nunca tive protecção e não é agora que vou pedir», garante. A ex-provedora sabe que não é a primeira vez que a «seguem» e exemplifica, com outra situação. Recentemente, soube que esteve «um carro parado muito tempo num largo perto da minha casa, para ver quem entrava e quem saia de minha casa». Com alguma ironia exclama, «nunca viram nada de especial, não tenho nada a esconder».

Catalina Pestana garante que não vai mudar a sua vida por causa deste «homem» mas reconhece que os seus amigos «estão preocupados» com esta nova «perseguição». Os seus olhos cruzaram-se com «ele» em locais tão diversos que é impossível «ser coincidência».

O último «encontro» aconteceu num jardim de Lisboa e Catalina Pestana estava acompanhada. Os presentes repararam no «ar de gozo» e «no olhar» que o homem lançou à ex-provedora.

Testemunha foi «sovada»

Mas o que a mais preocupa a ex-provedora da Casa Pia são os jovens que acompanhou nos últimos anos e que foram vítimas de abuso sexual. Há cerca de três meses uma das testemunhas do processo «foi agredida» violentamente. «Eu vi com os meus próprios olhos como ele ficou, sei que não foi tanga», conta.

De alguma forma, o facto de os jovens terem deixado de ter protecção, por parte do corpo de segurança pessoal da PSP, é motivo de preocupação. Actualmente, os seguranças apenas são chamados para irem com os jovens a tribunal. «O local onde provavelmente estão mais seguros», desabafa Catalina Pestana. Apesar da presença «da sombra» mantém as declarações que fez ao semanário Sol e espera que a denúncia seja investigada."

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

8 meses de tanta saudade

A caminho da praia deu a mão ao neto e recuou ao seu tempo de menino.
Não se recordava de ter sido criança. Nem um afago, nem uma brincadeira. Apenas a dureza do ofício de padeiro.

Apertou a mão do neto.

Antes da padaria, as planícies alentejanas marcaram-lhe o carácter com a dureza da jorna e a míngua de pão. Depois foi a guerra, os ferimentos e o campo de concentração. Já em liberdade e regressado ao País, a dura labuta para criar dois filhos.

Pegou no neto ao colo.

Lembrou Soeiro, Redol e Manuel da Fonseca. Depois de Abril aderiu ao Partido e fez tanta vida nova brotar das mãos calejadas que a felicidade lhe estampou o rosto solidário para sempre. Abençoado tempo novo!

Beijou o neto.

Quando este lhe perguntou por que chorava, deu-lhe outro beijo e exclamou: É tão bonita a praia, meu amor!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Uma espécie de ditador

Sócrates mentiu sem vergonha aos portugueses para ser eleito. Mentiu sem vergonha quando se disse engenheiro. Mentiu sem vergonha quando afirmou preocupar-se com o desemprego, fatalidade que não se cansa, insensível, de alimentar. Mentiu na propaganda que fez com a atribuição de computadores descontinuados, a preços elevados.

Mentir sempre foi, para esta gentalha, uma forma de vida. A diferença que Sócrates instituiu, a coberto da maioria absoluta, reside no garrote que agrilhoa todos quantos discordam do seu exercício antidemocrático.

Sócrates domina tudo, sem qualquer espécie de controlo: as polícias, o SIS, a Procuradoria-Geral da República, o Tribunal Constitucional, o Tribunal de Contas; o Banco de Portugal; os media; os chamados “fazedores de opinião” – espécie de lambe-cús invertebrada e solícita, que abana a cauda e repete à exaustão o que o dono grasna – e, é claro, milhares de boys e girls que vivem do aparelho de Estado e dos fundos comunitários roubados ao desenvolvimento do País.

Se em Portugal fosse crime mentir para conquistar o poder, Sócrates e socratinos estariam engavetados. Ou talvez não. Afinal, se eles até alteraram o código penal para proteger os pedófilos…


terça-feira, 23 de outubro de 2007

Prós quase sem contras

Acabou há pouco o “Prós e Contras”. Fátima Campos Ferreira bem se esforçou. Ela e os seus acólitos de parvoíces. Mas em vão: Alfredo Bruto da Costa demonstrou e reiterou, perante as investidas dos comissários do governo, que Marx tinha e mantém toda a razão.

A pobreza não é uma inevitabilidade. É sim uma consequência necessária do capitalismo. Que não se resolve com a caridadezinha, nem com instituições que, em nome dos pobres, alimentam personagens lúgubres e oportunistas.

Agora, a miséria, segundo alguns, é fruto não da exploração capitalista e da desproporcional distribuição da riqueza, que penaliza quem trabalha, mas das catástrofes climatéricas. E Fátima sempre a ajudar o governo, pois se até na evoluída suécia "há miséria", o que poderia fazer o senhor Sócrates...

Para combater a pobreza é necessário destruir o sistema em que, como alertou o Professor Bruto da Costa, 500 larápios – vulgo milionários – possuem mais riqueza do que 500 milhões de seres humanos. Milhões de crianças morrem por não possuírem, como referiu Fidel Castro, 50 cêntimos de dólar para uma mísera vacina. Outras definham até à morte por ausência de água potável e alimentos. E o analfabetismo?...

E perante este cenário dantesco, fruto do capitalismo, alguns peroram com volúpia, sobre democracia e blá, blá. Cambada de escroques, invertebrados.


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Caminho das Aves

Dizer-se, da vida, que pode ser vivida de formas diversas, não passa de uma banalidade. O que é difícil, é vivê-la coerentemente, de acordo com o que se diz defender. O nosso povo, aliás, caustica de forma demolidora os que, em palavras, vagueiam entre o que dizem ser e o que efectivamente fazem. "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço", ou, "Isso não passa de trinta e um de boca", são tiros certeiros nos que da palavra fazem tudo e ainda arranjam lata para acrescentar que no "início era o verbo"...
Ocorreu-me isto pensando num amigo e num livro - o livro da minha e de tantas outras vidas - que se chama "O Caminho das Aves". Aqui, na ficção de José Casanova, tudo faz sentido por ser profundamente real. As personagens são tão naturais que se nos colam, como se efectivamente vivessem connosco e nos interpelassem ou fossem procuradas, por nós, a cada instante.
Sucede que uma dessas personagens, o carteirista, tem tudo a ver com um amigo que admiro profundamente. Esteve preso, cerca de doze anos, e hoje é um ser humano novo, admirável, solidário, combatente, coerente e amigo. Ofereci-lhe O Caminho das Aves porque sei que vai julgar que o Zé se inspirou nele para escrever sobre o carteirista. E nisso reside também a riqueza do livro.
Daqui a cem anos haverá gente a ver-se retratada pelo autor e a sentir-se motivada a lutar pela mudança. Gente que aprenderá que, se quisermos, nenhum estigma nos roubará o futuro. Gente que, apesar de ter sido conduzida, forçada, à marginalidade por um sistema anacrónico, conseguiu - e se isso é difícil... - retomar o caminho da luta, centrando sobre o capitalismo a justa revolta contra a iniquidade.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Ana Gomes reincide

Já se sabe que o PS tudo fez, ainda na oposição e recorrendo aos boys que instalou em locais fundamentais do Estado, para destruir a investigação ao designado Processo Casa Pia. Mário Soares, Ferro Rodrigues e amigos, na linha da estratégia delineada por Carlucci há já muitos anos, não descansaram: importava difundir que a investigação era uma cabala. Por isso afastaram Souto Moura, destruiram a brigada que investigou os crimes sexuais e substituiram Catalina Pestana.
A par disso promoveram alterações legislativas, nos códigos processual penal e penal para proteger os pedófilos, como bem assinala, sem papas na língua, o juiz Rangel. Basta aliás atentar no artigo 30.º do Código Penal.
Agora que Catalina Pestana corajosa e frontalmente veio denunciar o perigo real de na Casa Pia de Lisboa tudo voltar a acontecer, o PS destacou Ana Gomes para a atacar. De forma ordinária, malcriada e serventual, a deputada - a tanto chegámos... - que nada conhece do processo, vem injuriar uma mulher séria e digna.
Ora a verdade é que se quisesse ser honesta, Ana Gomes teria que dirigir os impropérios de que parece ser feita aos seus correlegionários que, por acçao ou omissão, são responsáveis pela violação de centenas de crianças. E aos que, como ela, sem nada saberem, conspiraram, por formas diversas, contra a verdade.
Mas prefere a prestativa tarefa de ofender Catalina Pestana. Porque não lhe perdoa a resistência às pressões do PS, nem a opção de permanecer corajosamente ao lado das vítimas. Afinal, tivesse Catalina Pestana cedido e agora poderia ser ministra de qualquer coisa. Mas o que efectivamente motiva o desnorte da deputada malcriada é o poder mostrar o lixo que produziu aos companheiros de bancada. Porque assim se arranjam os lugares e o actual governo é disso exemplo elucidativo

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A não perder

Fascismo nunca mais!

Hoje adquiri um código civil do tempo do fascismo e lá esta, inelutável, a realidade: os fascistas odiavam as mulheres, consideravam-nas seres inferiores, sem direitos e apenas com um fim útil: servir os machos seus maridos. Claro que já o sabia, mas vê-lo em forma de lei tem outra força. Se neste País, em Abril renascido, existisse ainda réstea de pedagogia democrática, estas coisas haveriam de ser ensinadas ao povo, nas fábricas, nas empresas, nas escolas e universidades.
Mas como quem manda agora descende em linha recta do fascismo, a opção é branquear a ditadura, designada Estado Novo, e apagar criminosamente 50 anos de história trágica.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O novo Código de Processo Penal

Cada vez mais os governos são associações de malfeitores. A democracia permite-lhes manipular os povos e delimitar, nos boletins de votos, a cada quatro anos, o éden em que vivem e procriam como nababos. A "liberdade" que nos querem deixar é apenas a de escolher entre pensamentos iguais mesmo quando com fórmulas diferentes. Para isso existe a comunicação social dominante. E os belmiros e companhia têm denotado estar vigilantes.

Contudo, até há pouco ainda alguns dos nababos podiam correr o risco de ser incomodados, se algo corresse mal. O que, convenhamos, é intolerável para suas senhorias. Por isso, como noutras esferas, os associados também no Código de Processo Penal introduziram modificações.

A matriz que os guiou e lhes deu alento foi, como bem recentemente reconheceu o agora "socialista" José Miguel Júdice, o Processo Casa Pia. Melhor dizendo: o que alterar, nas leis processuais penais, para que nunca mais um dos associados possa ser incomodado se decidir prevaricar.

Melhor do que este texto pobre, para quem quiser saber como actuam os associados, é a leitura das escutas a distintas personagens publicadas no semanário Sol de sábado passado. Que asco!