domingo, 21 de dezembro de 2008

Será apenas ficção?

Chegado a secretário-de-Estado, num país pequenino, agendou a desejada viagem ao país africano. Foi recebido como um princípe: o Estado anfitrião não poupou nas especiarias. De ego inchado, julgou-se omnipotente e exigiu crianças. Que prontamente foram levadas ao hotel, para que sua excelência se não zangasse.
Só que, malandros, os que prontamente acorreram ao pedido providenciaram as filmagens, tão adequadas quanto clandestinas. E o secretário detestou saber-se protagonista num filme que queria só dele.
Que esse Estado esteja agora a comprar Portugal, será apenas infeliz coincidência. Mas há quem garanta que a tal não será alheia a opulência do ex-secretário.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Temos todos muito orgulho em vós, Manel


"CHOREI COMO UMA MULHER…

O Manel é um jovem que nasceu do lado errado da vida. Tem os olhos muito verdes e um ar de menino, que disfarça com uma linguagem agreste, quase a atingir o intolerável.

Intolerável como a forma como nasceu e cresceu.

O espermatozóide que fecundou o óvulo da sua mãe, jovem, bonita e sonhadora, pertencia a um polícia corrupto, que a foi tornando dependente de drogas para posteriormente a utilizar como dealer junto das redes que controlava. Há já um quarto de século. “Pode enganar-se algumas pessoas durante algum tempo, mas não se podem enganar todas as pessoas durante todo o tempo”, disse alguém cujo nome não recordo. O esquema de corrupção foi descoberto e o seu autor suicidou-se.

Ela, repudiada por uma família conservadora, “agarrada” à sua dependência, arrastava-se pelas tabernas de Lisboa sempre que podia levando o Manel.

Até ontem, esse tinha sido, apesar de tudo, e segundo ele, o tempo mais feliz da sua vida. Os donos das tascas davam-lhe comida, amendoins e tremoços e deixavam-no dormir nos bancos compridos, enquanto a mãe ia trabalhar. Nesse tempo ela voltava sempre, depois do trabalho e levava-o para casa. A mãe gostava muito dele e ele adorava-a.

Mas como sempre havia pessoas sensatas, e aquele estilo de vida não era próprio para um rapaz a chegar à idade escolar. A ama, figura positiva nas suas memórias, movimentou empenhos para que ele tivesse um futuro diferente.

Entrou numa Instituição, onde estudaria e se faria um homem.

A beleza, que arrastara a mãe para a vida que a sociedade não queria para ele, foi a sua perdição. Uma história de abusos igual a tantas outras.

Cresceu com a maior revolta que já me foi manifestada. Vi-o chorar de impotência e ódio.

Ontem, gritava ao telefone para o homem grande que encontrou tarde de mais na vida e que, não disfarça, gostaria que tivesse sido o seu pai: “Já nasceu, correu tudo bem, é um rapaz, assisti ao parto, chorei como uma mulher...”

Manel deita fora a tua raiva, com as primeiras fraldas usadas do teu filho. Vinga-te, ajudando-o a crescer com a segurança que um pai de verdade dá a qualquer filho; não se pode escolher o pai que se teve, mas pode escolher-se o pai que podemos ser. Se puderes ama a mãe dele como a amaste no dia em que o conceberam.

Chora mais vezes como as mulheres, porque só os homens “bué da estúpidos” é que não sabem como chorar liberta a dor, os sentimentos ruins, e exprime as alegrias para as quais não temos palavras. Quando, durante a noite, o vosso filho chorar, canta-lhe baixinho “o meu menino é d’oiro, é d’oiro o meu menino”. Com ele e por ele terás a coragem de perdoar, um dia."
Catalina Pestana, artigo publicado no semanário SOL

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A luta continua

A propósito do XVIII Congresso do PCP, os órgãos de comunicação social convocaram o habitual coro anticomunista para comentar não o que viram, mas o que às suas deformadas cabeçorras se afigura mais conveniente.
Inevitável, o coro de disparates faria fugir de vergonha os autores de tais patranhas se acaso dispusessem da mais pequena réstea de dignidade. Mas como são flibusteiros encartados - e nessa medida endinheirados - bolsaram tranquilos as enormidades do costume.
E a nossa democracia não pemite aos comunistas o contraditório, o esclarecimento, a desmontagem das mentiras. Como pode assim existir competição eleitoral séria? Vivemos numa ditadura neoliberal. E aos Belmiros e quejandos que a controlam não é necessário proferir palavra. Porque para isso sobram consciências de aluguer, smpre prontas a reproduzir a voz dos donos.
Carlos Magno, o pequenote anticomunista de trazer no bolso, chegou ao ponto de afirmar que o slogan do PCP "Sim, é possível", foi copiado da campanha do Obama. Alertado pela colega de rádio para o facto de o Partido muito antes de Barack usar essa expressão, manteve a afirmação. Porque sim.
Foi quanto bastou para que uma série de parvinhos glosassem a mentira, sem cuidarem de saber do logro em que cairam. Analfabetos e boçais.
O que eles não entendem, porque não os deixam e não querem, é que por mais que nos decretem acabados, ultrapassados, isolados, eu sei lá, hão-de ter-nos aqui, de pé sempre, reafirmando os ideais de Marx, Lénine e Álvaro Cunhal.
Não por teimosia, mas porque para nós não faz sentido viver a vida de outra forma. Onde existir uma injustiça, lutaremos. Onde nascer o sonho, caminharemos. Uns e outros de mãos dadas e unidos. Porque a coesão é fonte e condição da nossa força. Por mais que os coveiros habituais decretem o fim da história, desiludam-se: no PCP, com o PCP, resistiremos! E o queremos é muito claro: acabar com o capitalismo e construir uma sociedade socialista.