sábado, 30 de abril de 2005

Fala do Homem Nascido


Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.

..............
António Gedeão

2 comentários:

Anónimo disse...

É um Poema lindissimo, já ontem o tinha visto, venho aqui muitas vezes, mas sou pouco falador.
Obrigado, nós pelo seu livro, e por tudo quanto tem feito, pela verdade, e pela defesa dos inocentes, pela dignidade e honra que tem demonstrado.
"A Dor das Crianças Não Mente"

António Balbino Caldeira disse...

O desprendimento facilita a luta.