quinta-feira, 21 de abril de 2005

O cancro também pode morrer

No meio de tanta adversidade, surgiu a pior das notícias. Faz hoje um ano que foste internado, sem saber como nos doía a existência. Foi tão grande o medo de te perdermos, que até conseguiu superar o imenso amor que nutrimos por ti.
Que fazer? Depois do diagnóstico, sentimos que era preciso reagir e lutar. Recusar a inevitabilidade do desfecho anunciado, que alguns julgam sempre consumar-se. Porque precisamos tanto de ti, - nós, os teus netos; os teus amigos; e até o País -, não podíamos cruzar os braços. Por isso fomos à luta. Ajudaram-nos os médicos, as enfermeiras e, sobretudo, a tua recusa em baixar os braços. Depois do primeiro momento de desalento (sei lá descrever como se reage a uma sentença de morte anunciada), mal anteviste a ínfima possibilidade de cura decidiste lutar. Como sempre fizeste ao longo da tua difícil mas honrada vida. E essa determinação ajudou muito a combater a doença. A suportar os tratamentos. E a fazer de conta, sobretudo para os teus netos, que tudo continuava na mesma: que podias correr, jogar à bola ou pegar-lhes ao colo sem esforço aparente.
A nós, que buscámos ansiosos quem não se resignasse, ajudou-nos muito um livro maravilhoso: O CANCRO TAMBÉM PODE MORRER, do Dr. Luís Costa, ed. Ambar.
Diz o autor:
"O cancro é, entre todas as doenças crónicas que afectam o ser humano, uma das mais curáveis. Infelizmente, porque é tão frequente, é também uma causa de mortalidade importante, a segunda no mundo ocidental. Mesmo nos casos incuráveis, a doença pode ser controlada e a vida humana prolongada por um período de tempo bastante variável, de acordo com o tipo de cancro e de doente".
"A Maria José, aos 42 anos, foi internada no Serviço de Medicina II com um quadro catastrófico: uma massa enorme invadia toda a região pélvica, subia até ao diafragma do lado esquerdo e tinha já metástases na pleura (o líquido da pleura teve que ser aspirado para aliviar a doente da falta de ar). A biópsia revelava um carcinoma indiferenciado, isto é, um cancro cujas características são tão diferentes das células normais que não permite sugerir o ponto de partida da doença. A doente foi "revirada" à procura da dita origem, mas, a certa altura, foi necessário intervir terapeuticamente com carácter urgente. A resposta ao tratamento foi fantástica e completa: desapareceram todas as massas tumorais. Dez anos após, quando falo com a doente, ela não imagina por aquilo que passou, mas comenta: "Estava muito doente e até penso que andaram a fazer experiências comigo!...".
Sabemos que a luta vai continuar, porque os teus netos precisam de ti avô Cácá! E agora com mais vigor e alento: o tratamento resultou e contamos com a preciosa ajuda dos heróis que labutam diariamente no Hospital Garcia da Horta e a quem agradecemos do fundo das nossas almas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vale sempre a pena lutar!
Perante esta luta de vida, que muitos acham impossível terminar com a vitória, que o "Avô Cáca" seja um vencedor.
Desejo-lhe tudo de bom. Obrigada pela coragem e que a sua luta pela vida sirva de exemplo a outros a quem a doença bateu à porta. É com essa força de viver que "nos" consegue transmitir que realmente "o cancro também pode morrer"...
Um beijo

Unknown disse...

A minha sogra tb tinha um cancro nos intestinos.
Foi operada por uma equipe excelente no Hospital de Elvas,e,como por milagre,salvou-se