segunda-feira, 18 de abril de 2005

GUEVARA

Não choro, que não quero
Manchar de pranto
Um sudário de força combativa.
Reteso a dor, e canto
A tua morte viva.
A tua morte morta
Pelo próprio terror em que ficaram
À sua frente
Aqueles que te mataram
Sem poderem matar o combatente.
O combatente eterno que ficaste,
Ressuscitado
Na voluntária crucificação.
Herói a conquistar o inconquistado,
Já sem armas na mão.
Quem te abateu, perdeu a guerra santa
Da liberdade.
Fez brilhar na manhã do mundo inteiro
Um sol de redentora claridade:
O teu rosto de Cristo guerrilheiro.

Coimbra, 11 de outubro de 1967
Miguel Torga, Antologia Poética

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem vindo à blogosfera, vizinho Pedro.
Tomei conhecimento deste seu espaço através do amigo António, do Portugal Profundo, e confesso que me surpreendeu tanto pelo grafismo como pelos conteúdos.
Muito bom.

Um abraço do
Vizinho