quinta-feira, 5 de maio de 2005
Saudade
O BURGUÊS
A gravata de fibra como corda
amarrada à camisa mal suada
um estômago senil que só engorda
arrotando riqueza acumulada.
Uma espécie de polvo com açorda
de comida cem vezes mastigada
cadeira de braços baixa e gorda
de cómoda com perna torneada.
Um baú de tolice. Uma chatice
com sorriso passado a purpurina
e olhos de pargo olhanando de revés.
Para dizer quem é basta o que disse
é uma besta humana que rumina
é um filho da puta é um burguês.
Ary dos Santos
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2 comentários:
Desculpa a minha ironia interclassista, mas não sei por que paradoxo, a foto do Ary ilustra bem o poema...
Olha que não, olha que não...Eu acho que o grande Ary retratou à perfeição o Rodrigo Santiago. Ainda sabes quem é?
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