terça-feira, 24 de maio de 2005

Onde é que já vi este cenário catastrofista?


Tudo está a ser feito para que o povo aceite sem oposição o conjunto de medidas destinadas a resolver o problema do défice orçamental. Apregoa-se o inaceitável discurso dos “sacrifícios para todos”, como se a responsabilidade pela situação em que nos encontramos não fosse sempre dos mesmos e da mesma política neoliberal.
Se os que peroram de bolsos cheios sobre sacrifícios a impor, parassem um minuto para reflectir, constatavam que afinal a crise não é generalizada: a banca e as grandes empresas auferem lucros assombrosos, que contrastam com as dificuldades das pequenas e médias empresas, com as miseráveis reformas e pensões atribuídas a seres humanos que toda a vida trabalharam. E com os baixíssimos salários de milhares de trabalhadores.
A crise é fruto da impreparação dos que permanecem sucessivamente nos governos, ora pela direita assumida, ora em representação da direita travestida de socialista. E ainda têm o despudor de vir falar-nos em sacrifícios...
As designadas elites têm pés e sentimentos de barro. Não prestam. Para lá da prossecução dos seus interesses pessoais e de grupo, só vêem a submissão aos que adoram de cerviz dobrada . E mantém o País refém da estratégia delineada pelos que lhes pagam para fingir que mandam.
Párias. Repetem o discurso catastrofista. Mas engordam as contas pessoais. Desempenham funções no Estado de forma manifestamente incompetente, mas não hesitam em chutar para os outros a responsabilidade, insistindo no conto do vigário de que “a culpa é dos funcionários públicos”. Ou do Serviço Nacional de Saúde, que almejam igual ao dos EUA, onde os pobres morrem como tordos por falta de assistência médica.
Quem, como Sócrates, repetiu durante a campanha eleitoral, até à exaustão, que não aumentava os impostos, pode agora fazê-lo? Pode. Mas, se o fizer, não espere que o consideremos sério. Isso não.


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