Celebrou-se no passado dia 8 de Maio o 61º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Como habitualmente, os que pretendem reescrever a História, adaptando-a aos seus propósitos ideológicos, praticamente apagaram o papel que, no triunfo sobre os nazis, desempenhou a União Soviética. Porque sem memória não há futuro, aqui vos deixo a passagem de um prefácio que Álvaro Cunhal escreveu para a obra “O IV Congresso do PCP visto 50 anos depois”:
“O fascismo pretendera conquistar o mundo. Com a cumplicidade da Inglaterra e da França, esmagara militarmente a República Espanhola e anexara a Áustria. Assinado o Acordo de Munich – com o qual as democracias ocidentais incitaram Hitler à guerra contra a URSS -, os exércitos alemães ocuparam a Checoslováquia, invadiram a Polónia e, desiludindo os que os haviam incitado para Leste, voltaram-se contra eles e , prosseguindo a “guerra relâmpago” (Blitzkrieg), ocuparam a Noruega, a Holanda, a Bélgica e a França.
Então, com as mais poderosas forças militares até então conhecidas na história – e estabilizada de momento a situação militar a Leste com o pacto germano-soviético -, lançaram-se na invasão e na conquista, que parecia imparável, do país dos sovietes e chegaram às portas de Moscovo, de Leninegrado e de Stalinegrado. O fascismo foi porém derrotado na guerra. Para essa derrota, a União Soviética, que defrontou durante três anos sozinha os exércitos hitlerianos, e que perdeu na guerra 20 milhões de vidas, representou papel determinante.
É de lembrar que, só depois de os exércitos soviéticos terem nas batalhas de Stalinegrado cercado e aniquilado, de Novembro de 1942 a Fevereiro de 1943, 20 divisões alemãs com mais de 330 000 homens; só depois da batalha de Kursk, em Julho de 1943, “a maior batalha da história”, em que foram aniquiladas 50 divisões, a maior parte das quais Hitler deslocara das regiões ocupadas do Ocidente da Europa; só depois destas e de outras grandes vitórias do Exército Vermelho que significavam a inversão radical da situação militar e o começo da derrota da Alemanha hitleriana e seus aliados; só depois da Conferência de Teerão de Stáline com Churchill e Roosevelt em fins de 1943, na qual se discutiu a falta de cumprimento pelos Aliados do compromisso de abrirem em 1942 a chamada Segunda Frente; só depois do desembarque e da acção militar norte-americana no sul da Itália que praticamente não aliviou as frentes do Leste; só quando se tornou evidente, com o avanço das tropas soviéticas, que a União Soviética estava em condições e a caminho de libertar toda a Europa com as suas próprias forças – só então as tropas britânicas e norte-americanas desembarcaram na Normandia (6 de Junho de 1944).
Em 2 de Maio de 1945 os exércitos soviéticos tomaram Berlin, “esmagaram a fera no seu próprio covil”, içaram a bandeira vermelha da vitória no alto do Reichstag. Em 8 de Maio, a Alemanha hitleriana assinava a rendição incondicional. Seguiu-se no Extremo Oriente a derrota do militarismo japonês.
Embora dando justo valor à luta dos Aliados, A URSS aparecia para os povos de todo o mundo como a grande força de libertação, com uma vitória militar que era também a vitória do povo soviético e a vitória do socialismo.”
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