segunda-feira, 23 de abril de 2007

Soneto

Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?

Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.

Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.

Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.


José Carlos Ary dos Santos

1 comentário:

GR disse...

Que mais podemos fazer se não lutar?
Como é difícil este combate diário.
Tantas contradições, retrocessos e por vezes até, desânimos!
Como diz o nosso querido poeta de Abril,
“Antes viver do que morrer no pasmo, … “
Só Lutando, Resistindo e acreditando, prosseguiremos os ideias de Abril!

Pedro,
Um beijo e 33 Cravos Vermelhos, porque tu és também, Abril.

GR