terça-feira, 4 de outubro de 2005

Aquela Noite de Natal


Hoje sonhei contigo

Querias falar dos livros que saíram e já leste. Quando o sonho começou, tu eras pouco mais do que um sorriso radioso. Mas nos olhos tinhas o brilho dos que respeitam ideais. Soube logo que eras tu que me interpelavas. Depois, estranhamente, do riso nada mais vi. A não ser quando os teus dedos fizeram na porta da rua o sinal habitual e eu corri por te saber ali, fortaleza de ternura e amizade.
Olá camarada, o tempo é nosso. Quero falar-te da Eurídice e do Joel, do Miguel e da Joana, invenção de amor numa noite de Natal. Abril existiu mesmo. Já sabíamos, mas agora é tão diferente. Eles, os que sofreram e resistiram, estão a contar. Não deixam que a mentira domine e possa mais.
Sabes camarada, quando absorvo as histórias que os heróis nos oferecem, fico feliz porque os nossos filhos vão ter memória. Saber onde crescemos e o que fizemos para os criar. Abril foi mesmo, camarada, e não esta pasmaceira de gente castrada. Abril foi mesmo, e não este tempo frio em que nos querem calados, derrotados, sem do sol termos o desejo e o alento.
E porque agora sei do Álvaro; do Dias Lourenço; da Margarida Tengarrinha; do Zé Casanova; do Pires Jorge; do José Magro, do Modesto Navarro; do Sérgio Ribeiro; do Manuel Pedro; do Joaquim Gomes; do Militão Ribeiro e tantos , tantos outros, não há porra nenhuma que me faça calar a alegria.
Porque me corre nas veias esta agitação, este orgulho de partilhar com eles a mesma heróica bandeira. De ter herdado deles, de tantos como eles, o mesmo gosto à luta, o mesmo lema.
Sabes camarada, Abril foi mesmo e o que me falta é saber o nome destes heróis todos, para aprender mais sinónimos de Coragem, Honra, Dignidade, Dedicação, Coerência, Ternura, Dor, Resistência, Confiança, Futuro, Convicção e Amizade,
Obrigado camaradas, por nos terem legado Futuro!

1 comentário:

Sérgio Ribeiro disse...

Que belo texto, Pedro.
E que comoção ver o meu nome no meio daqueles nomes. Vale a pena lutar porque vale a pena lutar e para ter alegrias destas.
Mas os nomes próprios, pessoais, são, sempre, o menos importante porque há um nome que a todos se sobrepõe: camarada!
Obrigado, camarada. Obrigado, camaradas!