Caro Pedro, Querido Camarada, Cuba tem um cheiro diferente. Cuba tem um som (barulho) diferente. Cuba tem um povo diferente. As crianças de Cuba são diferentes. Há uns anos, depois de muito andar pelas ruas de Habana Vieja, onde se calhar poucos vão, já não tinha água, e entrei numa espécie de garagem (espaço amplo) onde se vendia sumo de laranja natural. Esperei na fila, calmamente, que chegasse a minha vez. Pedi dois sumos (estava com uma amiga), e quis pagar com dólares. O homem detrás do balcão olhou para mim muito sério e disse "não aceito esse dinheiro". Fiquei estupefacta. Tinha sede, muita sede, não tinha pesos. E sempre eram dólares... Um cubano atrás de mim disse ao homem detrás do balcão"dá dois sumos que eu pago". Agradeci. Tentei, já com o copo de sumo na mão, à porta do tal barracão, pagar ao cubano, em dólares, o sumo de laranja. Não aceitou e em conversa ele perguntou donde éramos, eu disse Portugal e ele mencionou, ah, sim, Álvaro Cunhal. E depois de eu insistir em pagar ele disse "se eu estivesse em Portugal e tivesse sede não me pagavas um copo de sumo?" e eu fiquei sem resposta. O que é facto é que eu não sei se pagava. Porque aqui é tudo diferente. Mas foi uma lição de vida para mim. O que eu aprendi lá, e o que eu quero ainda aprender... Obrigada por este espaço.
1 comentário:
Caro Pedro,
Querido Camarada,
Cuba tem um cheiro diferente.
Cuba tem um som (barulho) diferente.
Cuba tem um povo diferente.
As crianças de Cuba são diferentes.
Há uns anos, depois de muito andar pelas ruas de Habana Vieja, onde se calhar poucos vão, já não tinha água, e entrei numa espécie de garagem (espaço amplo) onde se vendia sumo de laranja natural.
Esperei na fila, calmamente, que chegasse a minha vez. Pedi dois sumos (estava com uma amiga), e quis pagar com dólares. O homem detrás do balcão olhou para mim muito sério e disse "não aceito esse dinheiro". Fiquei estupefacta. Tinha sede, muita sede, não tinha pesos. E sempre eram dólares... Um cubano atrás de mim disse ao homem detrás do balcão"dá dois sumos que eu pago". Agradeci. Tentei, já com o copo de sumo na mão, à porta do tal barracão, pagar ao cubano, em dólares, o sumo de laranja. Não aceitou e em conversa ele perguntou donde éramos, eu disse Portugal e ele mencionou, ah, sim, Álvaro Cunhal. E depois de eu insistir em pagar ele disse "se eu estivesse em Portugal e tivesse sede não me pagavas um copo de sumo?" e eu fiquei sem resposta.
O que é facto é que eu não sei se pagava. Porque aqui é tudo diferente. Mas foi uma lição de vida para mim.
O que eu aprendi lá, e o que eu quero ainda aprender...
Obrigada por este espaço.
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