quinta-feira, 2 de junho de 2005

CARNE VIVA


Aconchego-me nos andrajos. Procuro
(inútil) não tiritar de frio.
A vida é longa e fria. Um longo e frio muro
a marginar, ao longo, um longo e frio rio.
Aconchego-me nos andrajos. Puxo. Repuxo.
Estendo os olhos, implorativos, à caridade.
Perto, em incontáveis silogismos de luxo,
capitalistas da Verdade.

António Gedeão

2 comentários:

Anónimo disse...

Velhos, Pobres, Doentes e muito Sós!

Um dos maiores flagelos de Portugal, no que diz respeito à velhice é a SOLIDÃO!
Quantos idosos existem em Portugal, mesmo tendo recursos económicos, padecem desse mal, a Solidão? É um problema económico e social. Os filhos ou familiares, com horários flexíveis, casas pequenas, sem um quarto para eles (idosos), poderem estar/dormir. Ninguém tem paciência para quem necessita de tão pouco, uma palavra, um sorriso e um pouco de atenção!
Os idosos, quando deveriam ter, uma vida despreocupada, calma e mimada, deparam-se com uma dura realidade!
De IDOSO passa a ESTORVO!
Segundo as estatísticas (ano 2000) perto de 40% de idosos viviam sozinhos! Não esquecer que muitos recebem de reforma 230€ por mês!
Este cenário, torna-se ainda mais sombrio se juntarmos as condições precárias em que vivem:
2,8% - não têm cozinha
15 % - não tem electricidade
18 % - não tem instalações sanitárias

Todos conhecem esta triste realidade! Todos, menos o Governo do Engº Sócrates. As novas medidas deste Governo, irá atingir tudo e todos, mas os idosos, esses, terão uma morte “precoce” e dolorosa, pois nem dinheiro tem, para os medicamentos. Uma Vergonha!

A Idade Maior! Senhores de uma sabedoria, donos de histórias de vida; espirituosas, dramáticas e muito saudosas. Enriquecem-nos, tem a superioridade de muitos anos. Por isso eu lhe chamar, com todo o respeito e carinho: a Idade Maior!

Lutemos por uma vida melhor!

GR

Anónimo disse...

Quando um Homem quiser

Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

" Ary dos Santos"

Um forte abraço
Carlos Silva