quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Pela democracia cultural




Não temos nada a ensinar; não há certezas a ter, apenas uma maneira de viver que consiste em desembaraçarmo-nos das certezas e do consenso que trazem. A partir do momento em que se acredita saber alguma coisa, começa-se a petrificar a vida, a vê-la através de clichés
Bernard Sobel, encenador e membro do PCF


Se partirmos da noção de Cultura como o conjunto ou sistema de actividades e práticas, meios e instrumentos, artefactos, obras ou produtos, entenderemos melhor que a actividade cultural abarca, igualmente, os processos de produção, intermediação e consumo que implicam infra-estruturas materiais e sociais, bem como, meios e instrumentos, tecnologias, instituições, aparelhos e mecanismos de comunicação e determinam ou modelam determinadas formas de vida.

Na cultura encontramos uma reflexão ou um fazer que se pensa a si próprio, ao mesmo tempo que pensa o mundo e a vida. Daqui decorre que o combate pela democracia cultural é um combate pela participação, pelo acesso aos bens produzidos, mas também e de forma indissociável, pelo acesso aos meios e instrumentos de produção cultural e à própria criação cultural.

A cultura é memória e renovação. Como militante do PCP não posso deixar de assinalar que sempre apostámos na intervenção cultural como factor de transformação do mundo e da vida, sem esquecer a necessidade de preservação da memória ou tradição, factores de que dependem a identidade comunitária e individual. Para nós, comunistas portugueses, são campos fundamentais de intervenção, por um lado, o Património, e por outro, a criação contemporânea, e, interagindo entre eles de forma central, a educação, o ensino e a investigação.

A distinção entre os três planos sociais da cultura (erudita, de massas e popular) implica, em termos políticos, uma intervenção cultural exigente e diversificada. Por isso é fundamental democratizar a cultura como elemento essencial de progresso social e emancipação individual

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