Lídice, pequena vila da antiga Checoslováquia, foi totalmente destruída, em 1942, pelos nazis como represália pela morte de Reinhard Heydrich seu comandante.
Heydrich, então designado como protector do Reich na Boémia e Morávia, área ocupada pelas tropas nazis há mais de três anos, dirigia-se da casa onde morava para seu escritório no centro de Praga. Numa esquina perto de seu local de destino, o carro em que viajava foi emboscado a tiros pela Resistência.
Atingido, o oficial das SS, protegido de Himmler e Hitler e um dos mais cruéis nazis, um dos mentores da solução final, morreria uma semana depois. Hitler ordenou então ao substituto de Heydrich que retaliasse de forma brutal. Em 10 de junho, Lidice, perto de Praga, a capital, foi cercada por tropas nazis que impediram a saída dos seus residentes.
Todos os homens com mais de quinze anos foram separados de mulheres e crianças, colocados num celeiro e fuzilados em pequenos grupos no dia seguinte. As mulheres e crianças da cidade foram enviadas para o campo de concentração feminino de Ravensbruck onde a maioria viria a morrer de tifo e exaustão pelos trabalhos forçados.
Após o assassinato e o desterro da população restante, a vila foi demolida. Cerca de 340 habitantes de Lídice morreram no massacre alemão, 173 homens, 60 mulheres e provavelmente 88 crianças.
Ao contrário do que fazia habitualmente, a propaganda nazi fez questão de publicitar o horror de Lídice, como uma ameaça e um aviso aos povos da Europa ocupada. filmaram tudo, inclusivamente o jogo de futebol que sobre os escombros organizaram, utilizando como bolas bébés recém-nascidos.
Estive em Lidice em 1985, integrado num grupo de jovens e foi das experiências mais marcantes da minha vida. O local onde se situava a vila foi transformado num imenso prado e considerado um memorial nacional. Mesmo tendo sido totalmente apagada do mapa, Lídice foi novamente reconstruída e ampliada em 1949, a setecentos metros da área onde tinha sido destruída.
Juntámo-nos em torno de uma resistente, das poucas que sobreviveram e escutámos o seu relato dorido com a ajuda de uma intérprete. No rosto das dezenas de jovens que ali se encontravam as lágrimas marcavam a determinação de lutar para que no futuro nunca mais seja possível tamanha monstruosidade.
Sou militante do PCP há 25 anos. Cada vez com mais orgulho e honra. No meu Partido, com os meus camaradas, com a sua História inigualável, aprendi o respeito pela memória. Sou contra qualquer utilização de Peniche para fins diversos dos museológicos. E acho isto tão natural que explicá-lo me parece redundante. Se a Cãmara de Peniche não tem dinheiro, tem que ser o Estado central a custear a recuperação e manutenção do forte. Da mesma forma que faz com o Mosteiro dos Jerónimos ou a torre de Belém.
Se os comunistas se empenharem nisto, reduzem o campo de manobra oportunista dos que, à segunda-feira, escrevem obras laudatórias de fascistas e nos feriados simulam preocupar-se com a preservação da memória.
1 comentário:
Assino por baixo
ergo a voz contigo
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