segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

DO PORTUGAL PROFUNDO

A primeira vez que estive com o António, já lá vão cerca de quatro anos, não podia prever o que seria o seu labor em prol das vítimas. Ser humano extraordinário, nem por um momento faltou quando a dor das crianças abusadas solicitou a sua presença solidária. Muitos vieram, sobretudo quando e durante o estrito tempo em que os holofotes mediáticos estiveram ligados. Mas depressa partiram, seguramente ocupados por afazeres inadiáveis.

Com o António foi bem diferente. Ele é um daqueles homens de que Brecht falou: se necessário lutará toda a vida por imperativo de consciência. E o sistema tem medo de quem luta assim. O António não está à venda e não desiste. Em bom rigor, rapidamente percebi que ele era diferente para melhor. A 13 de Abril de 2005 escrevi neste blogue:

“Obrigado, um destes dias o teu empenho será conhecido pelo povo comum. Por enquanto somos poucos a saber como sofres por teres recusado o silêncio. Por persistires na luta ao lado dos que nada têm, além da dignidade dos que não se vendem. Eles, por mais iniquidades que cometam, nada podem contra a marcha inexorável da verdade. Que te roubem o produto do teu trabalho: continuarás a produzir. Que te invadam a casa a horas impróprias: continuarás a residir ao nosso lado. Obrigado António, pelo exemplo solidário que os gansos jamais esquecerão.”

Actualmente, este agradecimento tem que ser reforçado. O senhor Paulo Pedroso decidiu processar criminalmente o António. Porquê? Por ter um blogue e assinar de forma responsável e coerente as opiniões que possui. Sempre ao lado das crianças maltratadas. Ou seja, por delito de opinião. Paulo Pedroso lida mal com isso. Prefere as entrevistas à medida, como aquela que concedeu à SIC quando foi libertado da prisão. E os cronistas sabujos, bajuladores.

António, a luta continua. Por mais que desagrade aos pedrosos cá do burgo. E nós estaremos contigo. E não permitiremos que reescrevam a história a seu contento.

1 comentário:

António Balbino Caldeira disse...

O meu Amigo Pedro exagera. Sou um português normal. Admito que se nota um pouco mais o carácter porque essa normalidade antiga não abunda.

Nada mais nos resta, em tempos de retrocesso moral, do que servir a conscîência. Por aí, caminhamos, meu Amigo.