Deve ser muito triste mudar de partido vezes sem conta sem que mude a ideologia ou sequer a respectiva prática política. Tão triste como vir depois, cego pela desilusão, vergastar os partidos, como se fossem todos iguais, generalizando abusivamente o descontentamento pessoal.
Desde que fiz 18 anos sempre votei no PCP, na APU e na CDU. E permaneço feliz, porque o meu voto foi bem empregue. Tenho orgulho nas pessoas que ajudei a eleger, mas sobretudo nas políticas que ajudei a construir, também com o meu voto. Bem sei que não ganhei grande parte dos actos eleitorais e depois?
Basta-me o saber que o voto que confio é bem empregue e que os comunistas o que prometem cumprem. E claro que a mais das vezes não podem fazer obra porque estão em minoria. Mas lutam honrada e coerentemente por aquilo que prometeram.
Por isso, acho imensa piada aos que decretam morto o PCP, confundindo o desejo mórbido com a realidade. E têm sido tantos os coveiros, tantos os insultos... Mas, na verdade, poucos inovam a prática salazarista. E esta é uma das características dos democratas a partir de 1974: reproduzem a mesmíssima lengalenga anticomunista que a pide lhes inoculou, sem se aperceberem de que o fazem, tão rotinados estão no disparate.
A generalidade deles, antes de Abril, mamou na teta do conformismo e do conluio com o fascismo, da mesma forma que agora recebe as prebendas da democracia formal em que vegetamos.
E o discurso pretensamente inovador é velho de séculos: a culpa é dos partidos, pá! Isto agora só lá vai com movimentos. Os tais que passado pouco tempo se degladiam em guerrilhas intestinas até desaguarem no esgoto das ideias repisadas e vendidas como novas.
E o cenário permanece: o PCP, morreu. E isto dizem sem perceberem que morrerão séculos antes do Partido que, por ser emanação e obra prodigiosa do povo português, é imortal.
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