terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A defesa assente em álibis

Carlos Cruz respondeu ontem à réplica do magistrado João Aibéo: E decidiu fazê-lo, por intermédio do seu advogado, de forma paradigmática: usou exactamente os argumentos que os acusados por crimes similares empregam em todo o mundo.
O traço distintivo foi o tom arrogante e malcriado do causídico que, antes de defender cruz, garantia, a quem o escutava, que o desaparecimento do menor Rui Pedro, cuja mãe patrocinava, se devia à existência da máfia pedófila internacional.
Cruz repetiu pela voz de Sá Fernandes as mesmíssimas ofensas com que ao longo do processo foi anatemizando as vítimas. Da sua imensa pobreza e infelicidade retirou conclusões aviltantes, referiu-lhes perturbações emocionais, decretou-as mentirosas.
À dor que revelaram ao país , resultante das violações reiteradas que sofreram, contrapôs Cruz recibos de portagem , facturas de telemóveis e modo de vida habitual.
Contudo, reconheceu - afinal de contas o Instituto de Medicina Legal foi peremptório - que todas as vítimas foram violadas. Só que os álibis que forjaram dizem que não o foram pelos arguidos presentes em tribunal... Portanto, no douto entendimento de Cruz, as vítimas mentem.
Na verdade, não existe um único violador de crianças que não seja um mentiroso experiente. E todos usam a técnica do logro: uma simpatia inexcedível e uma vida dupla perfeita.
Ora, contra esta verdade, contra o sofrimento das vítimas, não há empresa de álibis que resista.

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