Estando a decorrer o julgamento em que sou arguido e queixoso Luís Martins Rebelo, ex-provedor da Casa Pia de Lisboa, tenho recebido inúmeras mensagens de apoio e também de preocupação. Aos meus amigos e a todos quantos me têm manifestado solidariedade, quero, em primeiro lugar, transmitir o meu profundo agradecimento. Sem a vossa solidariedade, ter-me-ia sido bem mais difícil resistir.
Neste julgamento, com a solidária e qualificada ajuda do meu querido amigo e advogado Eduardo Allen, adoptei a única estratégia possível: passei de arguido a acusador. O ex-provedor da Casa Pia de Lisboa esteve na instituição 34 anos, desde 1968 até Novembro de 2002, quando foi demitido pelo ministro Bagão Félix. Em 24 de Novembro desse mesmo ano, na televisão, depois de escutar atónito e revoltado os disparates de Luís Rebelo, que considerou sinal de segurança a existência na instituição de apenas um pedófilo, pronunciei-me pela sua exoneração.
No dia seguinte, tendo escutado as mesmíssimas alarvidades, Bagão Félix demitiu-o, fazendo cessar um reinado que durava desde 1986. Apelei então ao ministro que afastasse também da Casa Pia de Lisboa os que, fazendo parte da equipa de Luís Rebelo, nada tinham feito para deter o predador sexual de menores. Apesar de conhecerem os crimes do pedófilo desde, pelo menos, a década de 70 do séc. passado.
O senhor decidiu processar-me por se considerar atingido na sua honra e consideração. Tivesse usado contra os pedófilos uma ínfima parte do zelo persecutório que me destinou, ao mestre Américo e a Catalina Pestana, e centenas de meninos viveriam hoje sem o imenso sofrimento que os atormenta.
Com uma única e honrosa excepção, as testemunhas de acusação têm mentido sem vergonha ao tribunal. Sentado no banco dos arguidos – nunca imaginei sentir-me tão honrado com tal estatuto – tenho assistido ao desmontar das suas intrujices. Dir-se-ia terem lido todas as mesmíssimas instruções mas, padecendo da mesma fragilidade que a mentira confere, capitulam fácil e vergonhosamente ante a interpelação acutilante do meu defensor.
Falta ainda ouvir testemunhas de defesa, mas estou profundamente confiante. Aliás, suceda o que suceder, nada apagará a alegria que senti ao constatar que com Catalina Pestana a Casa Pia de Lisboa foi reconduzida ao seu papel na sociedade portuguesa e os milhares de alunos tornaram a poder sentir-se protegidos.
A luta continuará sem desfalecimentos. Obrigado pelo vosso apoio.
No dia seguinte, tendo escutado as mesmíssimas alarvidades, Bagão Félix demitiu-o, fazendo cessar um reinado que durava desde 1986. Apelei então ao ministro que afastasse também da Casa Pia de Lisboa os que, fazendo parte da equipa de Luís Rebelo, nada tinham feito para deter o predador sexual de menores. Apesar de conhecerem os crimes do pedófilo desde, pelo menos, a década de 70 do séc. passado.
O senhor decidiu processar-me por se considerar atingido na sua honra e consideração. Tivesse usado contra os pedófilos uma ínfima parte do zelo persecutório que me destinou, ao mestre Américo e a Catalina Pestana, e centenas de meninos viveriam hoje sem o imenso sofrimento que os atormenta.
Com uma única e honrosa excepção, as testemunhas de acusação têm mentido sem vergonha ao tribunal. Sentado no banco dos arguidos – nunca imaginei sentir-me tão honrado com tal estatuto – tenho assistido ao desmontar das suas intrujices. Dir-se-ia terem lido todas as mesmíssimas instruções mas, padecendo da mesma fragilidade que a mentira confere, capitulam fácil e vergonhosamente ante a interpelação acutilante do meu defensor.
Falta ainda ouvir testemunhas de defesa, mas estou profundamente confiante. Aliás, suceda o que suceder, nada apagará a alegria que senti ao constatar que com Catalina Pestana a Casa Pia de Lisboa foi reconduzida ao seu papel na sociedade portuguesa e os milhares de alunos tornaram a poder sentir-se protegidos.
A luta continuará sem desfalecimentos. Obrigado pelo vosso apoio.
6 comentários:
Pedro,
SOLIDARIEDADE!
Não tem cor, nem raça, nem credo.
Há por ti, pela luta que corajosamente encetas-te, muita solidariedade.
Pela nossa parte a inquietação, o nervosismo é tanto!
Desfolhamos diários, ouvimos os últimos noticiários e sobre este julgamento, Nada! Silêncio, emudecimento, cegueira completa! A nossa preocupação faz-nos esquecer que este regime de direita reprime a notícia, censura a informação, escurece os dias.
Porém, chegados aqui lemos-te.
É com essa confiança, com essa coragem que nos dás ânimo. Deveria ser ao contrário, mas és tu que nos dás alento. Tens ao teu lado a Verdade, a Honestidade, a Vontade para que se faça Justiça, a favor dos “meninos que nunca foram crianças”!
Para que de uma vez por todas a mentira, a protecção ao pedófilo, o esconder a dura realidade, pelo que as Vitimas desprotegidas passaram, sejam severamente punidos todos os implicados(os arguidos).
Só assim, não nos voltaremos a envergonhar com conotação reconhecida na comunicação social internacional “Portugal, o paraíso dos pedófilos!”
Só assim, teremos as nossas crianças livres deste tipo de crime nojento e desumano.
Só assim, haverá um sorriso despreocupado em cada rosto de criança.
Para ti e para o Dr. Allen, também com toda a coragem tem lutado a teu lado, um forte abraço muito solidário.
A LUTA CONTINUA!
VALE A PENA LUTAR!
GR
Pedro,
Sou, como lhe disse, assídua frequentadora do blog Do Portugal Profundo, com o qual me identifico muito e depois de ter descoberto seu, gosto também de o visitar, já que acho que a sua causa se conjuga com a do António: denunciar este tipo de situações, cujo papel competiria à comunicação social. O que verifico é que a mesma resolveu remeter o assunto ao esquecimento.
Compete-nos a nós cidadãos não o deixar esquecer... vamos à luta!!!
Caso queira comunicar comigo, entre em contacto com o António, que é a forma mais segura de obter o meu mail. Ele sabe qual é e eu vou autorizá-lo a fornecer-lho, está bem?
Gostaria muito de trocar algumas impressões consigo.
Admiro-o muito pela sua luta e pela sua coragem.
Ao seu dispôr.
Um abraço.
Alberta Manso
Um grande abraço, Pedro!
"Coração do Dia" (Eugénio de Andrade)
Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
UM GRANDE ABRAÇO PARA TI... PEDRO.
ACREDITO QUE VAI ACABAR TUDO BEM. É HORA. SE NÃO ACABAR... QUE MORAL É ESTA POR CONTA DA LEI?
RC
Um abraço do tamanho da tua coragem, Pedro.
Existem coisas que nunca esquecemos...
Eu não me esqueço da tua terna intervenção durante a secção reservada da AORL no Pavilhão Atlântico!
Força Companheiro!
M
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