Nasce a 17 de Dezembro de 1906, em Tomar, no seio de uma família da pequena burguesia. Cedo o pequeno Fernando, tem contacto com um velho piano com que gostava de brincar, no hotel do pai. É através de um hóspede, o tenente Aboim, que Fernando irá estudar piano. Tendo escrito mais tarde com o seu humor tão peculiar, sobre este episódio: «Eu até entrei na música pelas mãos da tropa, e não pelas da Igreja ou da Nobreza, como nos belos tempos em que o músico era ungido do Senhor ou de Sais!».
Aos 14 anos é pianista no Cine-Teatro de Tomar, toca Debussy. Tendo-o ouvido pela primeira vez “O Mar”, dirigido por Toscanini, através de um rádio-receptor num café de Tomar.
Em 1923 ingressa no Curso Superior do Conservatório de Lisboa. Um ano após, matricula-se na Faculdade de Letras de Lisboa em Ciências Históricas e Filosóficas, tendo abandonado em 1931, como protesto contra as medidas coercivas que, durante uma greve académica, o Conselho Escolar adoptou.
Termina nesse ano o Curso Superior de Composição, obtendo a 1ª classificação para o lugar de professor de piano e solfejo do Conservatório. Não tomando posse, por motivos políticos. Algum tempo depois é preso e desterrado para Alpiarça. Sobre esta situação escreve: «Revolução e Liberdade são sinónimos, são equivalentes. São leis imutáveis gravadas na face do Cosmo, eternas e divinas como ele.»
Em 1937 ganha uma bolsa para estudar em Paris, sendo-lhe recusada, em virtude da sua acção politica. Pagando do seu próprio bolso vai para Paris, estuda Composição e Orquestração com o famoso compositor Koechlin. Ao fim de três anos regressa a Portugal, iniciando a sua actividade, como compositor, na Academia de Amadores de Música.
Na década de 40, dedica-se a pesquisas folclóricas, começando a trabalhar com o etnólogo Michel Jacometti, de quem se tornou grande amigo. Editando mais tarde vários livros. Forma o Coro da Academia de Amadores de Música, tendo sido o porta-voz de um grande reportório de canções tradicionais portuguesas, harmonizadas para várias vozes por Lopes Graça. Escreve música para piano, guitarra e violino, música sinfónica e de câmara. Escreve para a “Seara Nova” critica musical. Foi ensaísta, jornalista e tradutor.
MILITANTE COMUNISTA. Tendo começado por participar nas lutas da Oposição Democrática –MUD. Cruelmente prejudicado pelas suas actividades políticas; prisão, expulsão do ensino oficial, impossibilitado de saída para o estrangeiro.
Após a Revolução de Abril, assume a presidência da Comissão para a Reforma do Ensino Musical. Fernando Lopes Graça, deixou-nos um enorme legado, 18 volumes “Obras Literárias” entre outros livros, sinfónicas, melodias populares, corais, “Canções Heróicas”, “Requiem à Memória das Vitimas do Fascismo”.
27 de Novembro de 1994, durante a noite, só como sempre vivera, morre na sua casa da AV. da República na Parede, um dos maiores génios da música portuguesa. Lopes Graça, usava uma frase do seu muito amigo e também militante, Zé Gomes Ferreira: «Eu não tenho saudade do passado, tenho saudade do futuro»
(Obrigado Guida Rodrigues, pelo texto que assinala a efeméride)
5 comentários:
Nós, é que estamos imensamente gratos a Fernando Lopes-Graça.
Um bj
GR
O Graça!
Era assim: o Graça.
Nem Fernando, nem Lopes Graça.
Ele era, para nós, o Graça. Ele é, para nós, o Graça.
Assim o lembremos. O Graça.
De quem tanta razão temos para nos orgulhar.
Músico, escritor, português.
Nosso camarada! Sempre.
Parabéns!
Agora que descobri, virei aqui mais vezes.
Já te adicionei.
Um abraço.
Graça, da música.
Graça, o militante.
GRAÇA SEMPRE.
Grande musico, grande escritor e grande comunista por muito que se esqueçam sempre dessa grande qualidade que têm os nossos camaradas que se evidenciam das mais diversas formas.
Enquanto vivos um pouco esquecidos depois de mortos passam ter todas as qualidades e querem fazer-nos esquecer tudo aquilo que defenderam.
Ate sempre camarada.
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