Prometi que não escrevia sobre isto. Prometi, mas apesar de fazer um esforço para me conter, não consigo cumprir. O assassinato de Castro – que em vida sempre considerei um ser desprezível - forneceu à seita pedófila a oportunidade para, de forma repugnante, esgrimir os mesmos argumentos que usara contra as vítimas do designado Processo Casa Pia.
Ratazanas abjectas, guinchando impropérios contra o homicida, cada um deles exigindo a punição mais severa do que o antecedente e esforçando-se por demonstrar que o jovem é o único responsável pelo que sucedeu.
Assim se entende a posição que durante anos assumiram em defesa dos arguidos condenados por abuso sexual de crianças. No fundo, nem se suportam, mas estão amarrados, uns aos outros, pelo conhecimento recíproco dos abusos que cometeram e continuam a perpetrar e pela detenção de meios de prova que usam como elemento de obtenção de preeminências e mordomias.
E muitos deles estarão certamente aliviados: afinal, vivências idênticas, muitas consubstanciando crimes de abuso sexual de crianças, poderiam ter tido o mesmo desfecho. Talvez os portugueses percebam que o mundo cor-de-rosa que lhes é servido se funda em excrementos perfumados, bem vestidos e idolatrados, mas sem pinga de dignidade ou princípios.
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