O cigano Nim é meu amigo. Vive do que consegue arranjar dia após dia. Por vezes, como aconteceu na última terça-feira, traz-me livros que vende barato. Desta vez, ofertou-me um tesouro: Cancioneiro da esperança, antologia organizada por Maria Tereza Horta e José Carlos Ary dos Santos e publicada pela Seara Nova em 1971.
Dessa antologia, deixo-vos o poema Manhã, de Luis Veiga Leitão.
Manhã
- Bom dia. Diz-me um guarda.
Eu não ouço... apenas olho
das chaves o grande molho
parindo um riso na farda.
Vómito insuportável de ironia
Bom dia, porquê bom dia?
Olhe, senhor guarda
(no fundo a minha boca rugia)
aqui é noite, ninguém mora,
deite esse bom dia lá fora
porque lá fora é que é dia!
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