A operação face oculta já era. Nem tempestade, nem abalo. Apenas a tarefa periódica, um leve espernear tendente ao ócio futuro, um faz-de-conta com destino preciso: a presunção de inocência a reforçar o clima propiciador de outras faces tão ocultas quanto esta. O que é preciso é enganar a malta, fingir que se quer combater o que afinal é o cimento do sistema.
Por esta altura, nos labirintos pérfidos da república das bananas, as ratazanas movem-se, traficam influências, ameaçam-se recíprocamente. Invocam-se solidariedades passadas, crimes comuns, cozinhados antigos. Se me tocas, disparo, se investigas, mordo-te. Ai como deve rebolar de riso a fatinha de Felgueiras e quejandos. Os do avental já reuniram e teceram estratégias: a presunção de inocência é tudo, ou quase. Porque o resto, pá, o resto é uma cambada de invejosos.
Esta cambada não nasceu agora, perdeu o umbilical cordão nos idos de 74 e 75, quando para malhar nos comunistas e nos que desejavam um país novo e limpo, se recrutaram bandidos, pides, verdugos.
O Ramiro, por exemplo. Bombista exemplar, amnistiado por Mários Soares, mas que, enquanto perseguido pelo Estado português, chefiava a delegação da, então pública, Galp em Madrid.
Esse bombista, quem o nomeou?, vinha a Portugal as vezes que queria, sem que a polícia o incomodasse, porque os padrinhos velavam. Não sei se Soares o condecorou, como ao Ritto pedófilo, mas que vinha, vinha.
E como ele tantos. Porque a cumplicidade forjada nos anos da traição ao 25 de Abril, pode mais. Por onde anda o autor dos faxes pedindo cinco milhões de contos a Carlucci, para derrubar as resistências débeis, de dois autarcas conhecidos, à voracidade construtora da empresa que mafioso da CIA dirigia?
Portugal é um lodaçal: das inspecções automóveis aos exames de condução, do tráfico de mulheres e armas à violação de crianças; das facturas falsas ao roubo de milhões, tudo passará impune, porque a presunção de inocência dos poderosos vale tudo
Nas próximas semanas não faltarão entendidos a perorar sobre as maldades cometidas contra as almas puras, sucateiros ou banquei ros, com diploma da farinha Amparo, lavrado a preceito pela família.
E ainda há quem os leve a sério. O país está a saque, mas não se pode sequer o elementar gesto de revolta, nem o grito ingénuo: agarra que é ladrão!Esta cambada não nasceu agora, perdeu o umbilical cordão nos idos de 74 e 75, quando para malhar nos comunistas e nos que desejavam um país novo e limpo, se recrutaram bandidos, pides, verdugos.
O Ramiro, por exemplo. Bombista exemplar, amnistiado por Mários Soares, mas que, enquanto perseguido pelo Estado português, chefiava a delegação da, então pública, Galp em Madrid.
Esse bombista, quem o nomeou?, vinha a Portugal as vezes que queria, sem que a polícia o incomodasse, porque os padrinhos velavam. Não sei se Soares o condecorou, como ao Ritto pedófilo, mas que vinha, vinha.
E como ele tantos. Porque a cumplicidade forjada nos anos da traição ao 25 de Abril, pode mais. Por onde anda o autor dos faxes pedindo cinco milhões de contos a Carlucci, para derrubar as resistências débeis, de dois autarcas conhecidos, à voracidade construtora da empresa que mafioso da CIA dirigia?
Portugal é um lodaçal: das inspecções automóveis aos exames de condução, do tráfico de mulheres e armas à violação de crianças; das facturas falsas ao roubo de milhões, tudo passará impune, porque a presunção de inocência dos poderosos vale tudo
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