A questão reiteradamente colocada aos que se afirmam comunistas, encerra em si, embora não conscientemente, um prévio entendimento de que, pelo menos, não é normal ser comunista nos dias que correm.
E realmente, ser comunista começa por ser isso: recusar a normalidade. Na medida em que esta for incompatível com o que devia ser normal: o respeito pelo ser humano. Ora, sendo "anormais", em que reside então a diferença que impulsiona tantos homens e mulheres que, desinteressadamente e à custa de tantos sacríficios, defendem a rubra bandeira e princípios de que não prescindem?
Na utopia! É verdade, no início deste milénio, apesar de todos os coveiros terem vaticinado o contrário, existem homens movidos a sonho. Crentes na possibilidade de liquidar o capital e a abjecta fonte que o alimenta: a exploração de milhões - tantos milhões! - de seres humanos.
Nesta medida, ser comunista hoje é ser libertador e temerário, é querer viver sem ceder aos poderosos. E não me venham com histórias de países, nem me digam que outros mancharam o que quero. A ideia comunista é a mais justa,e não morre por ter sido maltratada.
Acabo de sair de uma reunião em que um canalha anunciou a trabalhadores de um jornal o respectivo despedimento colectivo. Ilegalmente e sem qualquer indemnização. O sorriso alarve na cara daquele bandido quando lhe referi o facto de a empresa não pagar salários há cerca de quatro meses e a resposta pronta - "Sou advogado, não sou solidário" - ilustram bem o carácter criminoso do capitalismo. E dos escroques que o servem.
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