quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

ATOARDAS

"Um disparate nunca vem só. E o dirigente do CDS-PP, Ribeiro e Castro, voltou à carga. Primeiro, afirmou que «o Século XX foi dominado pelo socialismo e muitos dos males actuais do mundo e da nossa sociedade são a pesada factura desses tempos; o último dos filhos desse tempo é o terrorismo(» (Lusa, 18.12.05). Depois acrescentou que «o terrorismo contemporâneo tem origem numa deriva totalitária do pensamento marxista-leninista» e que Che Guevara foi «um dos grandes assassinos do final do Século XX» (Diário de Notícias, 22.12.05).
O delírio é grande, e o espaço desta coluna curto. A oposição frontal ao terrorismo pelo PCP é, desde a sua fundação, indiscutível. O mesmo não se pode dizer do Partido de Ribeiro e Castro, como se viu nomeadamente no verão quente de 75. Deixemos a «fontes insuspeitas» os esclarecimentos sobre «a origem do terrorismo contemporâneo»:
«O conceito de jihad, ou guerra santa, quase que tinha deixado de existir no mundo muçulmano após o Século X, até que foi reavivado, com o apoio da América, para alimentar um movimento pan-islâmico internacional contra a invasão soviética do Afeganistão, em 1979. Nos dez anos seguintes, a CIA e os serviços secretos sauditas canalizaram milhares de milhões de dólares em armas e munições [...] aos muitos grupos mujahedines que combatiam no Afeganistão» (The Economist, 15.9.01). Uma das «tácticas favoritas» desses grupos mujahedines consistia em «torturar as vítimas [...] começando por lhes cortar o nariz, as orelhas e os genitais e depois removendo, uma após outra, sucessivas camadas de pele» (Washington Post, 11.5.79, citado no livro Killing Hope the William Blum).

Como todos os «democratas ocidentais», o CDS estava do lado do terrorismo contemporâneo dos grandes criminosos do final do Século XX.

O Afeganistão não foi caso isolado. Em Itália nos anos 60 e 70, em África e na América Central nos anos 80, na Jugoslávia nos anos 90 (entre outros) o terrorismo financiado e armado pelo imperialismo foi uma das principais armas de subversão e de combate contra o socialismo e os povos. É eloquente o apoio do CDS ao terrorista Jonas Savimbi: ainda o mês passado manifestou «o seu protesto e indignação» pelas declarações de Cravinho [...] ao Jornal Expresso, em que descreve Jonas Savimbi, líder histórico da [...] UNITA como «um monstro» e um «Hitler africano» (notícia Lusa, no site do CDS-PP na Internet, 10.11.05). O que acharão deste protesto os familiares das milhares de vítimas de Savimbi – incluíndo as dos massacres terroristas no Norte de Angola, em Março de 1961, cometidos pela UPA/FNLA na qual Savimbi era então militante responsável?

Ribeiro e Castro não é ignorante, nem tolo. É apenas reaccionário. Segue o exemplo das classes dominantes de todos os tempos e todas as latitudes. Que sempre absolvem os seus próprios crimes, por maiores que sejam, e vêem «terrorismo» na resistência dos povos, dos explorados e oprimidos. Se a palavra já existia no tempo do Império Romano, terá seguramente sido usada para descrever a revolta dos escravos de Espártaco ou os primeiros cristãos.
A Ribeiro e Castro o que é de César. Mas a atoarda do dirigente CDS-PP é sinal dos tempos. O verniz imposto às classes dominantes pela luta dos povos durante o Século XX está cada vez mais estalado. E por debaixo do verniz estalado é visível a verdadeira essência do capitalismo do nosso tempo: a guerra e o desmantelamento das conquistas sociais; a tortura e o aumento desenfreado da exploração e da miséria; os raptos e prisões arbitrárias e as multas de um milhão de dólares por dia aos trabalhadores em greve no Metro de Nova Iorque; o napalm e o fósforo branco e a tentativa de criminalizar quem defende os interesses dos povos. No Século passado, o capitalismo em profunda crise gerou o monstro fascista para afirmar o seu poder de classe. Foi a maior tragédia da Humanidade no Século XX, e ceifou milhões de vidas. O capitalismo agressivo e parasitário do Século XXI vai por rumos análogos. É deste pântano pútrido que brotam os Ribeiro e Castro deste mundo."

Jorge Cadima, in Avante

3 comentários:

ja disse...

Com a devida vénia, transcrito do erotricidades.blogspot.com

O Dr. Ribeiro e Castro não pensa
Caga… Sentenças, idiotices, parvoíces
O Dr. Ribeiro e Castro abre a boca e sai asneira
Sofre de caganeira, diarreia
Incontinência verbal
Por favor alguém o amordace
Lhe dê um clister cerebral
Profilático, preventivo
De mais disparates, tolices e aberrações.
A esquerda é, para esta abécula acéfala
Causa e consequência de todos os males
Passados, presentes e por vir
Ainda o ouviremos dizer
Que foi a esquerda que crucificou Jesus
Que o gajo que pregou os pregos na cruz
Era comunista e martelando
Entoava a internacional.
Mas agora exagerou
Ultrapassou todos os limites do bom senso
Da coerência, da inteligência
Dizer que o Che foi um assassino
É um disparate sem tamanho
Próprio do cérebro limitado e tacanho
Do Dr. Ribeiro e Castro
Aconselho-o a fazer terapia
Voluntario-me para lhe efectuar uma lobotomia
Uma dissecação radical da parte do cérebro
Que lhe liga a boca ao intestino
E que faz dele o maior cretino
No triste panorama politico nacional.

a.castro disse...

Pois é, Pedro. Estes reaccionários persistem em repetir mentiras eternamente, ignorando mesmo, conscientemente, as mudanças históricas verificadas. E lembro que Bin Laden foi em tempos um terrorista ao serviço dos USA e até o "socialista" João Soares apoiou o terrorista Jonas Savimbi!

Orlando Braga disse...

Não existem "virgens puras" nisto tudo. Mao Tse Tung "matou" mais gente do que Hitler. Pol-pot andou lá perto. A esquerda conhece os podres da direita; mas ambas não reconhecem a existência de "podres" nas suas próprias ideologias.

O terrorismo tal qual o concebemos hoje só é possível em sociedades abertas. Na China, por exemplo, não há terrorismo, nem pode haver. Pelo contrário, Tiananmen em 1989 foi um exemplo de terrorismo de Estado.

Tratando-se de terrorismo religioso, as dimensões a que podemos chegar são imprevisíveis. A ETA assassina políticos ou polícias; a Al-Qaeda mata indiscriminadamente.

Ribeiro e Castro disse uma patacoada.