Entre os ladrões encartados, avultam em Portugal os bancos e as seguradoras. Actualmente, agem concertados em inúmeros negócios, com o intuito de aprisionar, nas suas malhas grossas e apertadas, a generalidade dos que recorrem aos seus serviços.
No âmbito do crédito à habitação, provocam desgraças irremediáveis, como a expulsão criminosa de cerca de 200 000 famílias dos lares cujas prestações foram incapazes de suportar.
Se Sócrates não fosse o reconhecido vigarista político que nos habituámos a desprezar, há muito teria determinado a imposição de limites ao apetite voraz de tais gatunos, estabelecendo - em obediência ao preceito constitucional de que o Estado deve proporcionar a cada cidadão uma habitação condigna - a fixação de taxas de juro suportáveis e eliminando os spreads.
Por outro lado, decretaria uma moratória no pagamento das prestações bancárias de todos quantos se vissem na situação de desemprego involuntário, ou atingidos por doenças incapacitantes. E determinaria que as verbas que as famílias gastam na saúde, na educação dos filhos, na alimentação, nos transportes, na água, luz, telefone e internet, entre outras, seriam dedutíveis, na íntegra, no rendimento colectável para efeitos de IRS.
Acontece, porém, que Sócrates só é socialista de nome. Aquilo que valoriza são números, sobretudo e na medida em que estes traduzam a melhoria da política neoliberal que pratica.
Estamos, assim, à mercê de um Estado ladrão: além de nos furtar quantias elevadíssimas para coisas de que nunca disfrutamos, impõe-nos impostos que servem apenas para financiar as actividades especulativas e pagar os salários milionários dos vigaristas que, à vez, partilham as mordomias do poder.
Ora, perante um Estado ladrão, o que apetece é ter direito a 100 anos de perdão!
Sem comentários:
Enviar um comentário