sábado, 9 de maio de 2009

O Caminho das Aves


Quando li “O Caminho das Aves”, que será sempre o meu livro referência, a par de “As vinhas da Ira”, de “Levantado do Chão”, de “A Cabana do Pai Tomás”, de “Assim foi temperado o Aço”, entre outros, senti a felicidade imensa dos que se sabem rodeados de amigos que o livro retrata de forma genial.

Homens e mulheres capazes de atravessar Lisboa, em pleno fascismo, para dizer ao amigo que não acreditam na injúria da imputada colaboração com a pide. Ou para doarem a alegria de um poema. Um gesto simples, um abraço. Uma palavra de frontal discordância, mas acompanhada da reafirmação dos laços indissolúveis, unindo-os, muito acima do trivial, numa comunhão feita também, claro, de partilhas ideológicas.
Quando li e reli “O Caminho das Aves”, senti-me melhor, porque mais protegido. Se os amigos estão presentes, o percurso por muito pedregoso será sempre trilhado em companhia e as quedas e percalços enfrentados com apoio, que inevitavelmente levará a que se tropece menos.

Quando li e difundi esse livro maravilhoso, esse porto seguro da amizade, esse exemplo do humanismo profundo que caracteriza os comunistas em todo o mundo, cresci imenso, aprendi muito, reforcei o meu profundo amor e dedicação à gloriosa luta dos homens e mulheres contra a barbárie do capitalismo.

Recuso a ideia de que se trate de uma obra de ficção. É que nessas páginas vivas, quentes, calorosas, por vezes tristes mas sempre confiantes, conheci-te Francisco. E sei-te vivo, amigo e solidário como o sangue que me corre nas veias e me mantém vivo.

Quero por isso dizer-te que te sei aqui, a meu lado em cada instante, por mais desiludido, ou ferido, que possas estar. E se a amizade também é não enjeitarmos o essencial, se persiste mesmo quando na opinião dos amigos enveredamos por caminhos antes impensados sem contudo matarmos a pessoa que somos, eu quero dizer-te que estou, também, presente.

De corpo e alma, o que vale por dizer, com a minha consciência e a mesma tranquilidade de me olhar ao espelho sem nojo do que vejo. Porque aprendi contigo e com muitos amigos como tu, a não trair.

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