sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Lágrima de preta



Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.


António Gedeão

1 comentário:

PC disse...

Este poema e muito bonito.Apresentou-me a minha compnaheira pretinha por sinal.Através do tue site aproveito para lhe dar um beijo de amor e de luta por um mundo melhor.

abraço camarada.o teu blog e sempre um prazer.